Paulista da gema ou paulistona, ela é uma verdadeira carioca da clara e leva consigo uma boa risada a flor da pele. Franca, direta, apaixonada por vinhos e pela profissão que abraçou, a sommelier do Ristorante Quadrifoglio do Jardim Botânico, mostra que tem muito a dizer no universo regido pelo deus Baco.
Com vocês, Marlene Alves, sommelier...
Mike Taylor
Mike Taylor
Marlene Alves
Como chegou ao Rio? Por quais motivos?
Quando tinha 18, me apaixonei por um carioca, me casei e viemos morar no Rio de Janeiro.
Você tem o mesmo amor pelo Rio do que pelo vinho?
O vinho já me era familiar, pois desde criança, junto aos meus avós espanhóis e argentinos, o vinho sempre esteve presente nas nossas mesas. Meu segundo casamento foi com um italiano, onde bebíamos sempre vinhos... e falo daqueles tempos quando era difícil comprar vinhos. Me lembro daqueles vinhos brancos amarelados na loja Lidador... (risos)
Maître e sommelier, por quê?
Eu tive um pequeno restaurante em Parati, que não deu certo. Mas como eu sou teimosa, refleti muito sobre como gerenciar um restaurante, vi que não bastava só vontade de ter um restaurante. Tinha muito que aprender.
Saí do mato e do mar e fui para São Paulo trabalhar no extinto L'Arnaque, que ficava na rua Oscar Freire. Fui estudar e aprender. Trabalhei com Quentin Geenen de Saint Maur, que foi um grande professor pra mim. Fiz um curso de barmaid/barman e me inspirei em Deise (Novakovski), que trabalhava no Quadrifoglio como bartender.
Eu queria ser gerente, aprender a gerenciar um restaurante. E para ser um bom gerente você deve saber de tudo, até de limpeza.
E o turismo? Quantas línguas você fala?
Estudei turismo na Faculdade Hélio Alonso e me especializei em hotelaria. Falo espanhol, inglês e francês.
E depois?
Ah... depois, depois fiquei viúva, fui trabalhar no Quadrifoglio e tive o prazer de trabalhar com Juarezita Santos, que me colocou na linha de frente.
Você é formada pela ABS-RJ?
Sim, fiz todos os cursos da ABS, mas na época que ainda não tinha cursos especializantes.
Então, você é uma sommelier idônea?
Sim!
Qual é a sua opinião com relação à ABS-RJ hoje?
Ah, que pergunta! Eu não faço parte da turma da ABS. (risos) Mas já sofri avaliações muito severas... acho que está um pouco cara. Mas isso não impede de eu ter uma avaliação positiva. Por exemplo, eu exijo que todos os novos garçons do nosso restaurante tenham feito pelo menos o curso de iniciação da ABS.
Como mulher, você teve mais facilidades ou mais empecilhos no mundo dos vinhos?
Com certeza mais empecilhos. Neste mundo de homens, eles às vezes não querem uma mulher... e eu já não tenho 20 anos... apenas uns poucos a mais (risos). Mas esse é o meu "must": a minha sensibilidade é meu potencial e diferencial.
Como vê as suas colegas sommeliers?
Eu as vejo como leoas!
Poderia mencionar pelo menos três nomes?
Sim, lógico! Jackie Barroso, Jeanne Marioton e Deise Novakovski. Mas tem outras mulheres de garra, que promovem o vinho como Ana Lúcia Carvalho, Ana Maria Gazzola e Yoná Adler. Todas elas divulgam e ensinam com uma grandeza que me faz pensar sobre o tesouro que o Rio tem. Poucas cidades no Brasil têm esse privilégio.
Mulheres do mundo do vinho que admira e por quê?
Muitas...
Poderia mencionar pelo menos um nome?
Sim, Yoná Adler, da Importadora Mistral, pelo exemplo de simpatia e garra.
Homens do mundo do vinho que admira e por quê?
Michel Chapoutier, Luis Pato, Michel Deiss, Telmo Rodriguez e todos aqueles que imprimem suor e alma nos seus vinhos.