Bueno, para quem não sabe, eu sou gaúcho. Tomo chimarrão todos os dias, torço pelo Colorado e defendo o vinho brasileiro de faca na bota!
Na verdade, mais defendo do que bebo! Mas não é por hipocrisia, não. O problema é que muitas das boas vinícolas gaúchas têm dificuldade de distribuição nacional e encontrar os bons exemplares de lá é muito complicado!
Portanto, é de se louvar a iniciativa da Importadora Vinci de distribuir os vinhos da Angheben Vinhos Finos, de Bento Gonçalves. É claro que, com o separatismo que a gente cultiva por lá, algum gaúcho mais exaltado poderá alardear: "Tu tá vendo só, tchê, prá nossos vinho chegarem ao Brasil, só mesmo com uma Importadora!"
A família Angheben está instalada na Serra Gaúcha deusde os tempos do ariri-pistola, tendo sua origem na região do Trentino, no norte da Itália. O patriarca, Idalêncio Angheben, trabalhou como enólogo na Chandon por 28 anos, tendo a oportunidade de aprender muito e viajar pelas regiões vinícolas do mundo. Ele foi o primeiro enólogo gaúcho a trabalhar nas videiras, pois acreditava que sem boas uvas era impossível fazer vinhos bons.
Quando seu filho, Eduardo Angheben, elaborou seu trabalho de graduação em enologia, apontando a região de Encruzilhada do Sul como um dos melhores terroirs do Rio Grande, Idalêncio foi incumbido pela Chandon de procurar uma propriedade por lá. De quebra, comprou uma para a família, também. E foi no ano 2000 que os Angheben iniciaram a plantação de uvas, tendo colhido a primeira safra em 2004. Claro, juntando-se os anos de calçadão do Idalêncio com os estudos do Eduardo, atual enólogo da vinícola, não poderia dar em outra coisa se não os excelentes vinhos que provamos durante o almoço no Restaurante Le Vin, em Ipanema.
Fomos recebidos com o Espumante Angheben Brut, elaborado pelo método tradicional, com um amarelo palha e reflexos róseos, com um nariz ao mesmo tempo frutado e floral e muita cremosidade na boca. Excelente começo.
A seguir veio o Angheben Barbera 2007, um vinho que transformou Mestre Schiffini no homem de um vinho só: frutado, leve, com boa acidez e agradáveis aromas de cereja e violeta, ganhou seu coração a ponto de ele não parar de elogiar o vinho. E de beber, também, é claro!
O Angheben Cabernet Sauvignon 2004 não fez muito a minha cabeça. Já com boa evolução, apresentava marcantes aromas de pimentão.
Mas nada como um vinho depois do outro! E o Angheben Touriga Nacional 2004 chegou com aromas deslumbrantes de frutas maduras, violeta e chocolate. Um belo vinho! Como disse o Eduardo: "a Touriga é Nacional, mas o vinho é brasileiro!"
Quando eu fui ao Trentino, há cerca de 2 anos, fiquei vivamente impressionado com o Teroldego Rotaliano, o típico vinho tinto da região: com uma cor carmim profunda, exuberante, com grande estrutura, carnudo, com muitas especiarias e tabaco, era um vinho inesquecível! Pois não é que estava tudo isso presente também no Angheben Teroldego 2005: a mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores e o mesmo jardim...
Agora já tenho como matar as saudades do Teroldego Rotaliano com um vinho brasileiro de muita categoria! É só ligar para Vinci e fazer o rancho (*)!
Oscar Daudt
(*) nota do tradutor: fazer o rancho, em gauchês, significa fazer as compras do mês, comprar em grande quantidade!
Os vinhos
Espumante Angheben Brut R$46,25
Angheben Barbera 2007 R$33,75
Angheben Cabernet Sauvignon 2004 R$22,50
Angheben Touriga Nacional 2004 R$36,25
O espetacular Angheben Teroldego 2005 R$59,90
O enólogo
Eduardo Angheben
Francisco Barroso, do restaurante Le Vin, mostrando a Eduardo o que achou do Teroldego
Eduardo e eu: dois gaúchos reunidos, é quase uma Revolução Farroupilha...
O restaurante Le Vin
A fachada
Ostras na calçada, igualzinho a Paris...
Brás, ex-Terzetto, agora é o sommelier do Le Vin
Uma respeitável adega: nova opção para os enófilos cariocas
Lilian, da Vinci, e Francisco Barroso, proprietário do restaurante
Os participantes
A colunista Danusia Barbara
José Paulo Schiffini
Reinaldo Paes Barreto, diretor e colunista do Jornal do Brasil
Lilian Seldin, representante da Vinci no Rio de Janeiro