Quando eu fui convidado para a degustação dos vinhos da Vinícola Ducos, do Vale de São Francisco, com direito a uma vertical de Petit Verdot 2005, 2006 e 2007, a primeira coisa que eu me perguntei foi: - Como essa vinícola pode estar na terceira safra e ninguém nunca ter ouvido falar nela?
Mas é isso aí mesmo! Conforme explicado por seu proprietário, Lorenzo Ramolini, essa degustação era a primeira vez em que a Ducos estava saindo da toca e apresentando seus produtos aos enófilos brasileiros.
A Ducos é um empreendimento de produtores de vinho da Toscana que conta com a participação do enólogo francês Hubert Pommier que se apaixonou pelo desafio de iniciar uma produção em uma região em que tudo é novidade e não existe manual para se consultar: tudo é aprendido na base da própria experiência, da tentativa e erro! E na região do São Francisco dá para se tentar à vontade, já que se podem extrair até 3 safras por ano!
Os vinhos foram, verdadeiramente, uma agradável surpresa! Eu já havia degustado vinhos do Vale do São Francisco e confesso que não fiquei muito entusiasmado com eles. Mas os vinhos da Ducos eram bem interessantes. Vejam só!
Cabernet Sauvignon 2007: depois do susto da primeira garrafa bouchonné, a segunda garrafa veio correta, com aromas de framboesa, com boa acidez mas muito tânico. Nada de se tirar o chapéu!
Syrah 2007: melhor do que o Cabernet Sauvignon, o nariz apresentava aromas frutados e de lavanda, com uma acidez surpreendente para um vinho que vem do nordeste e fácil de beber
Petit Verdot 2005: nariz com cereja, framboesa, violeta e na boca com excelente acidez, taninos maduros, com especiarias, equilibrado e elegante
Petit Verdot 2006: era outro vinho, com o nariz floral e com muito morango; na boca taninos aveludados, corpo médio e boa persistência
Petit Verdot 2007: esse vinho ainda não foi engarrafado, mas para mim, disparado, o melhor dos 3; nariz floral, bálsamo, morango e cereja; na boca, um vinho mais quente, revelando seus 14% de álcool em uma certa doçura, com taninos ainda pronunciados, mas com muita fruta para equilibrar tudo isso.
A conclusão que se chega é que a Petit Verdot será o grande trunfo da nova vinícola. Como essa casta bordalesa apresenta muita acidez e grande dificuldade de amadurecimento em sua terra natal, foi a aposta do enólogo para enfrentar os intermináveis dias de sol do São Francisco. Pelo que se viu, uma aposta vencedora!