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Os vinhos de Marco Danielle Degustação realizada no Sótão da Importadora Porto Leblon, em 08/05/2008 |
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Brasil Porto Leblon |
 | A grande polêmica
Em janeiro passado, quando o jovem enólogo Jucélio Kulmann de Medeiros postou, em um dos foruns de vinho, uma demolidora análise do Minimus Anima, não deixando tanino sobre tanino, a discussão que se seguiu, entre ele e o autor do vinho, Marco Danielle, foi longa e acalorada. Ambos bastante prolixos e com quase todos os enófilos brasileiros dando um pitaco na guerra, minha caixa postal quase foi pro brejo com a torrente de palavras.
Falou-se tanto sobre o Minimus Anima e sobre o Marco Danielle, que ao final um gaiato definiu: o Jucélio só podia estar a serviço do Marco! A gente perde o vinho, mas não perde a piada...
E para quem não conhecia os vinhos do Marco, ficou aquela curiosidade latente. Portanto, foi com grande senso de oportunidade que a Porto Leblon resolveu promover uma degustação com os vinhos do Marco e convidou o professor Jandir Passos para organizá-la e comandar a apresentação, no aconchegante Sótão da Importadora.
Para evitar as paixões acumuladas e as opiniões pré-concebidas, Jandir decidiu sabiamente fazer uma prova às cegas! Sabíamos quais os vinhos do polêmico enólogo iríamos beber, sem saber a ordem, e que haveria mais dois vinhos importados entremeados para cafundir os miolos. Sabíamos, também, que como os vinhos da Vinícola Tormentas, de Encruzilhada do Sul-RS, não passam por madeira, os dois importados também não passavam. E só!
É servido o primeiro vinho: o Tormentas Premium 2006, um corte de 45% Pinot Noir (de colheita tardia), 25% de Tannat, 25% de Merlot e 5% de Alicante Bouschet, com expressivos 14,8% de álcool! Eu imediatamente caí de amores pelo vinho (mas lembrem que eu não sabia que vinho era...), com seus deslumbrantes aromas de frutas maduras (passas de figo e ameixa seca), com uma boca carnuda, quente, com o álcool simulando uma certa doçura na boca. Pensei que estava bebendo um mini-amarone! Menos, Oscar... | Chegou o segundo vinho e me desgostou. Tinha um belo nariz, mas uma boca tânica, sem fruta, muito austera. E sabem qual era? O Tormentas Premium 2007. Como pode eu ter gostado tanto do 2006 e não ter gostado do mesmo vinho em 2007? Pode sim, pois a única coisa que os dois vinhos compartilham é o nome! O resto é, insolitamente, diferente. Lembram das 4 castas do 2006? Pois o 2007 é um 100% Merlot!!! Lembram dos 14,8% de álcool do 2006? Pois o 2007 só tem 12,6%!!! Fala sério! Eu até pensei que era só uma forçação de barra para aproveitar os rótulos do ano anterior, mas nem isso: os rótulos também eram completamente diferentes!
O terceiro vinho me fez esquecer o amor antigo! Gostei ainda mais dele do que havia gostado do primeiro! De novo, muita fruta madura, no nariz e na boca, um vinho bastante equilibrado, potente, macio, persistente. Show de bola! Era o tal Minimus Anima 2007, um corte de 35% Tannat (de colheita muito tardia), 35% Cabernet Sauvignon, 20% Alicante Bouschet e 10% Merlot, com 13% de álcool. Mas sabem o que aconteceu? Ele evoluiu pessimamente na taça e desenvolveu um aroma muito estranho de uréia choca! A bem da justiça, este foi um fenômeno que, aparentemente, só aconteceu em minha taça. E mais uma vez peço para lembrarem que eu ainda não sabia que vinho era...
O quarto e o quinto vinhos eram os vinhos de controle e eu nem vou perder tempo falando deles!
A votação final para o melhor vinho, antes de serem revelados os nomes, foi a seguinte:
1° lugar: Calços da Tanha 2005, com 6 votos2° lugar: Minimus Anima 2007, com 5 votos3° lugar: Tormentas Premium 2006, com 3 votos (dentre eles, o meu...)4° lugar: Ópalo Malbec 2005: com 2 votose na lanterninha: Tormentas Premium 2007, neca de pitibiriba, 0 votos
No início de sua apresentação, Jandir nos alertou que com os vinhos do Marco era igual aquele slogan da ditadura: ame-o ou deixe-o! Eu não serei tão radical assim: gostei muito do Tormentas 2006, desgostei muito do Tormentas 2007 e vou esperar outra oportunidade para decidir o que acho do Minimus Anima 2007!
Oscar Daudt |
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