Vinovalie: os novos vinhos da Vitis Vinifera Evento realizado em 26/02/2008, na ABS-Flamengo
Estava mais apertado do que avião da TAM! Para acomodar a grande quantidade de associados que acorreu para participar da degustação dos vinhos da Vinovalie, a ABS colocou algumas mesas a mais na usualmente populosa sala de degustação e o resultado foi a completa falta de espaço vital. Ah, se o ministro Nelson Jobim aterrisasse por lá... Eu não podia me mexer muito, para não derrubar as taças da Miriam, atrás de mim, ao mesmo tempo em que tinha de ficar protegendo as minhas dos movimentos da Trane, à minha frente! Muita tensão!
Mas esse desconforto não chegou a prejudicar a magnífica experiência que a Vitis Vinifera nos proporcionou com seus novos vinhos.
A apresentação foi da suave diretora de Exportação da Vinovalie, e a tradução foi feita por José Augusto Saraiva, diretor da Vitis Vinifera. Aprendemos que a Vinovalie é uma associação das quatro maiores caves cooperativas do sudoeste da França, uma da denominação Fronton (tintos e rosés), duas da denominação Gaillac (tudo: tinto, rosé, branco, espumante e de sobremesa) e uma da denominação Cahors (apenas tintos).
A degustação iniciou com um branco Tarani Sauvignon 2006, um Vin de Pays Comté Tolosan, 100% Sauvignon Blanc, com 12% de álcool, produzido pelos Vignerons de Rabastens: um vinho seco, muito fresco, com um nariz bastante aromático cheio de grapefruit e muita flor, pelo honestíssimo preço de 33 reais.
Em seguida, a grande surpresa da noite: outro branco, o Astrolabe 2004, AOC Gaillac, também produzido pelos Vignerons de Rabastens, com 13,5% de álcool e 100% da casta Loin de L'Oeil. Loin de quê??? Claire nos disse que essa casta, cultivada apenas em Gaillac, tem esse nome estranho (literalmente: longe do olho) pois seus cachos nascem distantes dos galhos (ou olhos). Trane comentou que achava que nomes assim, só em Portugal! É um vinho de qualidade superior, com nariz bastante complexo, com muito jasmim, damasco seco, maçã verde, mel e goiaba branca! Na boca, um vinho bem encorpado, untuoso, amanteigado e com longo final. Pode ser guardado por 6 a 7 anos! Claro que isso tudo tem um preço, e meio salgado: 124 reais! Porém, resistir quem há de?
Continuamos com o Rosé de Cocagne 2006, AOC Fronton, produzido pela Cave de Fronton, com 12,5% de álcool, e corte de 50% de Negrette, 30% de Cabernet Franc e 20% de Syrah. Mais uma casta desconhecida, exclusividade de Fronton: originária do Chipre, onde se chama Mavro (negro) devido à sua cor bem escura. Essa casta produz vinhos com aromas de violeta e frutas tropicais. Para quem quer experimentar castas exóticas, é uma opção bem mais em conta do que a Loin de L'Oeil: custa apenas 39 reais!
Passamos então aos tintos. O primeiro deles foi um Tarani Cabernet 2005, Vin de Pays Comté Tolosan, dos Vignerons de Rabastens, com 12% de álcool e 100% Cabernet Sauvignon. Não foi um vinho que tenha feito a minha cabeça, achei carente de taninos e de acidez e um pouco adamado, mas a maioria dos presentes suspirava de prazer e se rasgava em elogios enquando o degustava. Sugiro vocês ficarem com a opinião da maioria, pois o precinho é de apenas 33 reais. E vocês nunca diriam que estão bebendo um Cabernet Sauvignon! É coisa de outro mundo! No caso, do Velho...
Os dois vinhos seguintes foram servidos ao mesmo tempo, pois Saraiva queria que a gente comparasse dois vinhos com muitas características comuns: ambos eram da AOC Cahors, com o mesmo corte (85% de Malbec e 15% de Merlot), feitos pelo mesmo produtor, Les Côtes d'Olt, com 12 meses de carvalho. Só que o primeiro, Château La Poujade era da safra de 2004, enquanto que o segundo, Château Beauvillain-Monpezat era da safra de 1998. O primeiro foi o vinho que mais me agradou na degustação: deliciosos aromas de lavanda, violeta, frutas negras maduras, uma festa para o nariz. Na boca, os taninos ainda muito presentes indicavam que uma boa guarda é bem recomendável. Aliás, Claire nos informou que o vinhos da AOC Cahors tem uma grande longevidade, com uns 10 a 15 anos de adega. O segundo vinho, apesar de 1998, apresentava um frescor inacreditável, com aromas muito frutados, apesar de algumas notas etéreas. O primeiro custa 58 reais (ôbaaaa!!!) e o segundo 68 reais. Qualquer um deles muito barato para a qualidade que oferece... E de novo, são de outro mundo, nem de longe lembram os Malbecs argentinos!
E para finalizar, um vinho de sobremesa: o Passion 2003, AOC Gaillac, produzido pela Cave de Tecou, com apenas 12% de álcool, um corte de 70% de Loin de L'Oeil e 30% de Muscadet. Aromas cítricos, maracujá, manga e notas apimentadas. Na boca, um tostado e uma acidez agradável e equilibrante! Preparem o bolso: 96 reais!
A Vitis Vinifera está de parabéns por nos trazer vinhos de tão alta qualidade, com castas exóticas, regiões pouco conhecidas no Brasil e, na maior parte dos vinhos, a precinhos camaradas!
Oscar Daudt
Os vinhos
Tarani Sauvignon 2006
Astrolabe 2004
Rosé de Cocagne 2006
Tarani Cabernet 2005
Château La Poujade 2004
Château Beauvillain-Monpezat 1998
Passion 2003
O apresentador
José Augusto Saraiva
Os participantes
A classe econômica
Fernando Miranda recebeu os apresentadores em nome da ABS
Lígia Peçanha harmonizava os vinhos apresentados com sugestões de pratos
Alzira e João Damasceno
Sílvia Feiner e Bianor Neves
José Lumier e Denise Soares
Luiz
A equipe de atendimento: Cláudio, Marcos, Amaral e Efraim