 A Condessa Bronzeada
Foi espetacular! Quando eu digo que o mundo dos vinhos só me traz alegrias... Desta vez, tive a oportunidade de almoçar com a Condessa Noemi Marone Cinzano durante a apresentação dos vinhos da Bodega Noemia, da Patagônia, e da Cantina Argiano, da Toscana, ambas de sua propriedade.
Claro que almoçar com a nobreza, não é todos os dias, e eu enchia a boca contando a proeza aos amigos. Ainda mais porque o evento, oferecido pela Importadora Vinci era no Restaurante Garcia & Rodrigues, no Leblon, com a comida maravilhosa do chef Christophe Lidy.
Mas, fora a emoção de almoçar em tão nobre companhia, o que mais me impressionou foram os vinhos apresentados pelo dublê de enólogo e marido da Condessa, o simpático e prá lá de competente Hans Vinding-Diers. Foram 6 os rótulos degustados e 5 deles me deixaram de queixo caído.
Vejam bem, não é que eu não tenha gostado do primeiro vinho, o A Lisa, das Bodegas Noemia, uma homenagem de Hans a sua avó Lisa, mas diante da excelência dos outros 5, o pobre do vinho tomou Doril...
O segundo vinho, o Non Confunditur 2005 foi apresentado pela Condessa como um vinho para o dia-a-dia. Eu achei que deveria ter havido troca de garrafas, pois o vinho era fantástico, com muita fruta no nariz, excelente acidez, macio e elegante, com toques de canela e ameixa na boca. Se o meu dia-a-dia fosse assim, eu estaria com a vida ganha... Foi harmonizado à perfeição com a entrada de cogumelos!
O primeiro prato, o raviole, veio acompanhado de dois vinhos: o J.Alberto 2006, da Patagônia, um vinho de pequena produção (10.000 garrafas) que repousa em 30% de carvalho novo e 70% de carvalho de segundo uso. Frutas negras e café no nariz, com a madeira perfeitamente integrada à fruta, um vinho com muita estrutura e persistência. O outro vinho era o Solengo 2004, com aromas de ameixas secas e bolo de Natal, muito aveludado e com fantástico equilíbrio entre potência e elegância. Eu não conseguia decidir qual dos dois era melhor, ora preferia um, ora preferia outro... Mas ao final, optei pelo J. Alberto que, para minha felicidade, custava menos da metade do que o Solengo.
E finalmente, o segundo prato, a suculenta rabada com polenta branca não poderia ter encontrado melhor companhia do que as duas obras-primas do Hans. O Argiano Brunello di Montalcino 2003 era fora-de-série! Com deslumbrantes aromas de figos, passas, baunilha, era muito encorpado, muito aveludado e refinado, com uma persistência que, felizmente, não terminava nunca. Com certeza, um dos melhores Brunellos que já bebi.
E, brigando com o Brunello pelo título de melhor do almoço, o Suolo 2005, com aromas florais e de frutas bem maduras, café e chocolate, com taninos sedosos e longo final, é um vinho poderoso e requintado ao mesmo tempo. Gostei ainda mais dele do que do Brunello, mas dessa vez me dei mal, pois o Brunello custa menos da metade do que o Suolo!
Bem, faltou dizer o seguinte: a Condessa é bronzeada porque morou 7 anos no Rio de Janeiro, até 1983, e aprendeu a gostar de sol, coisa que ela não dispensa até hoje! É quase uma Condessa de Ipanema!
Oscar Daudt |