O Cuvée des Enchanteleurs 1995! Ah, já ia esquecendo, também a Lilian e o Bertrand...
Eu devo ter nascido virado prá lua. Só pode ser! Qualquer outra posição que eu tivesse adotado na hora do parto, não iria me propiciar a sorte de ter comparecido ao almoço oferecido pela Importadora Vinci para a apresentação da Maison Henriot!
Tudo estava perfeito, mas confesso que eu não conseguia me concentrar em nada! Apesar de o restaurante Giuseppe ser muito bonito, de nós estarmos em um salão maravilhoso com iluminação natural, de o serviço ser atencioso e impecável, de a comida ter sido maravilhosa e de os companheiros de evento serem prá lá de divertidos e interessantes, eu só tinha olhos, nariz e boca para os deliciosos vinhos em degustação.
A Henriot foi fundada em 1808 e em pouco tempo se tornou a fornecedora oficial das principais cortes da Europa. E, vejam só, nesse mesmo ano, Dom João VI aportava no Brasil. Coitado, em vez de se aliar a Napoleão e ficar por lá mesmo, bebendo as Champagnes Henriot como o resto da realeza, veio aportar nos trópicos e aqui só encontrou caulim!
O desfile de champagnes foi inolvidável! Iniciamos com a Henriot Rosé Millésimé 2002, com 58% de Pinot Noir e 42% Chardonnay, uma esplendorosa cor de casca de cebola e um perlage mais do que intenso, que emanava de todos os cantos da taça (ok, já sei, taça não tem canto...) Cremoso, fresco, equilibradíssimo e bastante persistente.
Em seguida, veio o Henriot Brut Souverain, 40% Chardonnay e 60% Pinot Noir, o espumante básico da vinícola. Bem, básico para eles! Para mim, era top e bem top! De cor amarelo claro e finíssimo perlage, apresentava intensos aromas cítricos e florais, e na boca era quase apimentado, com um longo e delicioso final.
A seguir, veio o Henriot Blanc Souverain Pur Chardonnay, obviamente com 100% Chardonnay. De cor amarelo palha, e aromas de lichia, maçã e casca de pão, tinha um belo ataque na boca, com uma deliciosa acidez.
O que já era bom, ficou melhor ainda: chegou o Henriot Brut Millesimé 1998, com 49% de Chardonnay e 51% de Pinot Noir, apresentava uma cor amarelo com reflexos dourados, perlage intenso, aromas de pera, leveduras, era cremoso na boca, com surpreendente frescor e muita intensidade. Segundo definição do Bertrand, um vinho "frutado e masculino", seja lá o que for que isso quer dizer!
E, tchan, tchan, tchan, tchan... A cerejinha do bolo, é servida: o não-há-palavras-para-descrever Henriot Cuvée des Enchanteleurs 1995, um 100% Chardonnay! Eu nunca pensei que se pudesse fazer uma coisa tão maravilhosa com a uva Chardonnay! Com uma cor amarelo-ouro, um complexo nariz cítrico, com mel, bananas, um toque de café e outro de baunilha, conduzindo a uma boca elegante e com equilibrada acidez, que oferece um ataque condimentado, com muita cremosidade e longo, muito longo final, para desembocar no melhor Champagne que já provei em todos esses anos de enófilo.
É claro que você não pode pensar que essa maravilha toda vai sair baratinho! Claro que não, vai metendo a mão no bolso! Ele é caro, aliás bem caro: 380 dólares! Mas como canta o Djavan: Te devoraria a qualquer preço...
E, como curiosidade, você sabe o que é enchanteleurs? São os responsáveis por organizar os barris na adega e que costumam reservar os melhores para eles mesmos. Espertinhos, não?