Philippe Mathieu, Flávia Quaresma e Brigitte Stida
Não é todo o dia que se pode harmonizar os poderosos vinhos de Cahors com a cozinha da poderosa Flávia Quaresma. Mas foi isso que a Compagnie Vins de France (CVF) nos ofereceu no Carême Bistrô!
Quem conhece o catálogo dessa importadora sabe que ele é o mais bonito do Brasil e, com certeza, o mais enxuto: são apenas 3 rótulos! Claro que quem não trabalha com quantidade, tem de, obrigatoriamente, trabalhar com qualidade! Os três rótulos são todos da denominação Cahors, vinhos elaborados com a casta Malbec (localmente conhecida como Côt). Na verdade, a denominação exige, no mínimo, 70% dessa casta, mas os rótulos da CVF são todos os três 100% Malbec!
Sabe os Malbec argentinos? Pois é, esqueça! Os Cahors são completamente diferentes! Conhecidos como os vinhos negros, devido a sua profunda cor escura, são vinhos intensos, elegantes e longevos. Às vezes, um pouco agressivos em sua juventude, desenvolvem, no entanto, características sedutoras com um bom período de guarda.
O evento contou com a presença de Philippe Mathieu, da CVF, e de sua representante no Rio de Janeiro, Brigitte Stida (21-2275-7849), que nos ofereceram a oportunidade de degustar os 3 vinhos:
Le Plant du Roy: com 13% de álcool, é um corte de 3 safras, que resulta em um vinho bastante agradável. Foi harmonizado com a Tartiflette de Queijo Curado Solidão.
Impernal 2002: também com teor alcoólico de 13%, é a quintessência de um Cahors, poderoso, intenso e aveludado.
Le Paradis 2001: 13% de álcool, é elaborado a partir de vinhas com no mínimo 25 anos e foi o vinho que mais me agradou. Tanto ele, quanto o Impernal, foram servidos junto com o Lombo de Avestruz, um complicada obra-prima de Flávia Quaresma, que recendia a uma miríade de especiarias. Bem difícil de ser harmonizado, não foi entretanto um problema para o Le Paradis, que agüentou o tranco com galhardia!
Mas eu nem expliquei o que era o evento em si! Na verdade, era uma aula de culinária, comandada por Flávia Quaresma, em que os participantes aprendiam a elaborar os pratos que, no entender da chef, eram aqueles que melhor acompanhariam os Cahors degustados. A Flávia é um capítulo a parte: fala pelos cotovelos, é cativante, entusiasmada, e abre o jogo, revelando os mais secretos truques culinários!
Infelizmente, eu era um peixe fora d'água e mal conseguia acompanhar as instruções. Quando a chef afirmava que toda a platéia sabia clarificar uma manteiga ou suar uma cebola, eu me afundava na cadeira de vergonha, com medo de ser flagrado como aquele que não sabia nem fritar um ovo! Ossos do ofício...
Mas pelo menos duas coisas eu sei fazer: comer bem e beber bem! E essa foi a noite ideal para fazer as duas coisas que eu melhor faço!
Oscar Daudt
Os vinhos
Le Plant du Roy 100% Malbec 13% álcool 50 reais, consumidor