 De 8 a 80
O Hotel Caesar Park de Ipanema, desejando oferecer novas opções de vinhos a seus clientes, solicitou a quatro importadoras - Expand, Mistral, Vinci e Zahil - que enviassem dois rótulos cada, para se candidatar a um lugar em sua tão cobiçada carta. E para avaliar os vinhos, convidou um pequeno grupo de jornalistas e formadores de opinião para degustá-los em uma noite agradável no restaurante Agraz.
Tudo indica, no entanto, que o hotel não estabeleceu parâmetros para os candidatos, pois o intervalo de preços era o mais disparatado possível: tinha desde vinhos de 28 reais até 10 vezes mais, 275 reais.
Pô, o que fazer numa situação dessas? Eu pensei com meus botões: tenho de avaliar cada vinho por si só, sem cair na tentação de comparar um com o outro. Na teoria é fácil, mas na prática... o buraco é mais embaixo!
Iniciamos com um vinho baratinho, baratinho, de 14,50 dólares: o Alto de Terra Andina Merlot 2006, um chileno com aromas de frutas maduras, macio e concentrado. Excelente relação qualidade-preço, para comprar de van!
O segundo era meu velho conhecido - e admirado - Amayna Pinot Noir 2006, da prestigiada vinícola-boutique chilena Viña Garcés Silva, que só trabalha com mais duas castas além da Pinot: a Sauvignon Blanc e a Chardonnay. E com isso pode se concentrar em oferecer vinhos produzidos com extremo cuidado. Este Pinot Noir era complexo, macio e elegante, aportando aromas de goiaba, flores e terra molhada. Tomara que entre na carta!
O terceiro da lista era o Rutini Malbec 2006, potente e encorpado, com muita fruta e 15 meses de madeira bem integrados. Seguiu-se o Achaval Ferrer Malbec 2006, um argentino com deliciosos aromas florais, macio mas pouco persistente.
Mais um vinho barato, de 14,90 dólares: o Tilia Malbec Syrah 2006, que recebeu algumas opiniões favoráveis. Foi seguido por mais uma figurinha carimbada em meu fígado, o deslumbrante Angelica Zapata Malbec 2004, um corte de 5 vinhedos de diferentes alturas, que nos oferece aromas florais e de frutas negras, com uma boca elegante e suntuosa que fica marcada por um bom tempo.
O próximo vinho, o Concha y Toro Terrunyo Carmenère 2005 é na verdade um corte com pequenas quantidades de Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, que recebeu loas e mais loas do Guia de Vinos de Chile, e apesar de tudo isso me deixou um tanto decepcionado com seu excessivo caráter vegetal!
E, finalizando, o ponto alto da noite, que também era o ponto mais alto do intervalo de preços, com seus 275 reais: o Casa Ferreirinha Reserva Especial 1997, um Douro excepcional, filhote do Barca Velha, corte de Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca. Com aromas de frutas maduras, nozes, madeira e cogumelos, era excepcional.
Bem, foi uma noitada boa, comandada pelo Paulo Nicolay e com a companhia de um excelente buffet de queijos, frios e pães, com todo aquele requinte que o Caesar Park sempre oferece.
Oscar Daudt |