 Desbundante!
Hoje em dia nem se usa mais essa palavra e os mais jovens nem devem conhecê-la. Mas eu decidi desenterrá-la para melhor descrever o almoço oferecido pela Importadora Vinci, no Giuseppe Grill do Leblon, para apresentar os vinhos da italiana Castellare di Castellina.
Na verdade, Castellare di Castellina, situada no coração do Chianti Classico, é apenas uma das vinícolas do grupo, que é composto também pela Rocca di Frassinello, uma joint venture com o Domaine Baron de Rotschild-Lafite, localizada em Maremma, e o Feudi del Pisciotto, estabelecida na Sicilia. É de se salientar que todas as 3 unidades adotam métodos de produção 100% orgânicos.
Comandada pelo enólogo-geral do grupo, Alessandro Cellai, a degustação contou com nada menos do que 8 rótulos, elaborados nas 3 unidades do grupo, oferecendo um panorama da carteira do prolífico e competente enólogo.
Iniciamos com os brancos Baglio di Sole Inzolia 2005, dourado e refrescante, e o Le Ginestre di Castellare 2006, intenso e com deliciosos aromas de lichia e maçã e, segundo o enólogo, com potencial de guarde de mais 6 ou 7 anos.
O terceiro vinho foi o Governo di Castellare 2006 que leva esse nome não por ser chapa-branca, mas sim em relação a seu método de produção, chamado Governo, no qual são acrescentadas uvas passificadas após a primeira fermentação de forma a acelerar a fermentação secundária. Em seguida, foi servido o Chianti Classico 2005, com aromas florais e de cerejas, e uma boca cheia de frutas, com muita qualidade para o cavalo-de-batalha da vinícola, do qual se produz mais de 100.000 garrafas!
Passamos então para a Maremma, com a degustação do Poggio alla Guardia 2005, um vinho jovem, fácil, sem passagem por madeira! Mas eu gostei bastante foi do Chianti Classico Riserva 2004, proveniente de dois vinhedos selecionados e que estagia ano e meio em barricas e mais um ano e meio engarrafado. Um vinho com a madeira bem integrada à fruta e com um belo corpo!
Mas o tchan do almoço foi, como não poderia deixar de ser, o I Sodi di S. Niccolò 2001, o grande ícone da vinícola, que já freqüentou por duas vezes os Top 100 da Wine Spectator e já foi honrado repetidas vezes com o Tre Bicchieri da Gambero Rosso. Os cuidados na produção chegam ao ponto de a colheita ser feita bago-a-bago! Um corte das melhores uvas Sangioveto de 45 anos com 15% de Malvasia Nera, outra variedade autóctone da Toscana. Grandioso, aristocrático, com deliciosos aromas de frutas maduras e especiarias, uma boca intensa, macia e persistente. Como se dizia lá pelos anos 80, era um desbunde!
E finalizando, para quem ainda conseguia se equilibrar na cadeira, foi servido, acompanhando a sobremesa, o S. Niccoló 2001 Vin Santo del Chianti Classico, com aromas de laranja e mel, bem encorpado e com equilibrada doçura e longo final. Show de bola!
Oscar Daudt |