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Dionísio visita Silenus
Na mitologia grega, Silenus era o Deus da Cerveja e Dionísio era o Deus do Vinho. Como uma metáfora que se encaixa perfeitamente no pensamento dos enófilos de hoje, enquanto Silenus, deus de segunda catega, vivia na Terra, Dionísio era habitante do Olimpo. (Cá entre nós, acho que Dionísio só morava no céu por que ainda não conhecia o Castelo de São João Nepomuceno, do Corregedor da Câmara de Deputados, com sua adega de 8.000 vinhos e uma quantidade quase igual de piscinas.)
Bem, e por mais esquisito que possa parecer aos olhos atuais, a mitologia conta que Silenus era o tutor de Dionísio. Tudo indica, portanto, que nosso Deus do Vinho devia encarar umas geladas de vez em quando.
Se os deuses podiam, não é de se estranhar que um grupo de enófilos, todos visceralmente ligados ao vinho, tenha decidido visitar o Aconchego Carioca, o tipo do boteco que Juarez Becosa classificaria como Pé-Sujo, mas que é um Olimpo para os apreciadores de cerveja.
Foram conferir a bebida concorrente: Alê Santucci (Importadora MM Vinhos), Alexandre Lalas (colunista do JB), Danusia Barbara (crítica de gastronomia), Duda Zagari (Confraria Carioca), Gustavo Martins (Importadora MM Vinhos), Luciana Plaas (crítica de gastronomia), Luiz Alberto Brettas (conselheiro da SBAV), Paulo Gomes (vice-presidente da SBAV) e eu.
Nessa nossa cidade partida, chama a atenção a localização: Praça da Bandeira. Mas não se deixem assustar, pois vale a pena a visita! Fora as intermináveis opções de cervejas, que vão desde a Brahma Extra 355ml (3,80 reais) até a canadense Unibroue Triple 750m (por ciclópicos 80,00 reais), há o cardápio de petiscos e pratos que é verdadeiramente sedutor!
Iniciamos com o surpreendente Bolinho de Feijoada, uma espécia de massa de tutu recheada com couve e linguiça. Nem Gabriela Cravo e Canela faria igual! Estupendo, vem acompanhado de torresmo e batidinha de limão.
Entre os pratos de destaque da casa está o Camarão na Moranga, para 4 pessoas, que conforme nos preveniram leva 40 minutos para ficar pronto! É gigantesco. Não imaginem uma moranguinha-anã, não. Está mais para aquelas abóboras de halloween! Serve muito bem os quatro comensais a que se destina e ainda permite que o resto da mesa possa prová-lo sem que haja alguma animosidade. Eu, que não gosto de coentro, impliquei um pouco com o excesso do tempero, mas para quem aprecia é uma abóbora cheia!
A outra ponta da mesa pediu o Baião de Dois, de tamanho mitológico, mas sobre o qual eu não posso opinar, por não ter provado. Quem comeu, foi só elogios. Danusia nos contou que o sócia e chef Katia (ou o marido dela, não lembro direito...) trabalhou muitos anos com o grande chef francês Rolland Villard, o que explica o sucesso gastronômico (e cervejômico, também...) que o boteco vem desfrutando no Rio de Janeiro.
Quanto às cervejas, bebemos muitas, algumas diferentes, outras existentes em qualquer esquina. No início, alguns enófilos mais renitentes, ensaiaram descrever aromas e sabores, mas bastou chegar a quarta garrafa para que eles lembrassem que estavam, não no Olimpo, mas no mundo dos humanos. Destaco a brasileira Colorado Cauim 600ml (17,50 reais) e as alemãs Paulaner Weiss 500ml (14 reais) e HB Original 500ml (12 reais).
E, ao final, após bebermos muito e bem e de comermos bem e muito, a continha foi bem razoável. Eu até já prometi a mim mesmo voltar um dia lá para comer apenas os Bolinhos de Feijoada e agradecer aos deuses tanto prazer!
Mas, como bom pé-sujo que é, já vou avisando que lá não tem ar condicionado. Portanto, recomendo que escolham a dedo o dia em que vocês decidirem conhecer, não caindo na asneira de visitá-lo no dia mais quente do ano, como nós fizemos!
Oscar Daudt
 Serviço:
Barão do Iguatemi, 388 - Praça da Bandeira
Fone: (21)2273-1035
Horário: 3ª a 6ª, das 12-24h; sábado e domingo, 12-18h; fecha segunda |
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Gustavo Silveira
Duda Zagari
Fátima
André Paranhos