
"Very drinkable!"
Danio Braga Presidente da ABS-Brasil (referindo-se ao vinho Hillstowe Karinya Cabernet Shiraz 2003) |
Uma sacudida no mercado
A nova importadora de vinhos do mercado, Wine Society, é uma reunião de 20 sócios, empresários peso-pesados de diversos segmentos do mercado, coordenados por Ken Marshall (sócio da importadora KMM) em um empreendimento de 6 milhões de reais. Dá pra ver que a turma não está para brincadeira!
A Wine Society se apresenta como um novo conceito de importadora. Perguntei ao Ken, sócio e diretor-executivo da nova empresa, o que realmente haveria de novidade. Respondeu Ken:
"Vamos trabalhar com baixos preços e grandes volumes, tornando o vinho australiano acessível para o dia-a-dia do consumidor brasileiro. E vamos trazer também vinhos nas embalagens bag-in-box, que hoje representam uma fatia de mercado expressiva na Austrália."
Bem, eu, como já estou careca de ouvir essas promessas de baixos preços, coloquei meu pé atrás. Mas, vamos combinar, oferecer ao mercado um Cabernet-Shiraz australiano, com 10 meses em carvalho, um potencial de guarda de 7 anos, pela bagatela de 20 reais para o consumidor final, não parece apenas discurso.
Também não seria grande vantagem o vinho sair barato e ser intragável. Mas eu passo a vocês a opinião do sommelier dos sommeliers, Danio Braga, a respeito do Hillstowe Karinya Cabernet Shiraz 2003: "Very drinkable!" (assim mesmo em inglês, pois como Ken não fala muito bem o português, aquele era o idioma oficial do jantar). E o presidente da ABS, Euclides Penedo Borges, também manifestou sua satisfação pela harmonização desse vinho com os raviolis de ossobuco. Já são dois grandes cartões de visita para um vinho cujo preço não paga nem a gasolina usada para trazê-lo desde lá de baixo! E realmente, era um vinho com evoluídos aromas de ameixa seca e tabaco, com uma boca cheia de especiarias, de corpo leve e média persistência.
Mas a noite teve, é claro, muitos mais vinhos! Na verdade, iniciamos com o espumante Bridgewater Mill Brut NV, corte de Pinot Noir e Chardonnay, fresco e com perceptível açucar residual.
Para acompanhar os deliciosos frutos do mar grelhados, tivemos a grata satisfação de experimentar o Mitchelton Blackwood Park 2008, 100% Riesling, clarinho, com aromas cítricos, florais e minerais, bem seco e com refrescante acidez. Show de bola!
"O Hillstowe Karinya Cabernet Shiraz 2003 foi a melhor harmonização para os raviolis de ossobuco."
Euclides Penedo Borges Presidente da ABS-RJ | O Knappstein Yertibulti Vineyard Shiraz 2005, com 24 meses de carvalho, oferecia um nariz com cereja, balsâmico e maravilhosa baunilha, com uma boca suculenta, longa e aveludada. E foi seguido por seu irmão, o Knappstein Enterprise Vineyard Cabernet Sauvignon 2005, também com 24 meses em carvalho, com aromas de mentol, cereja e toques herbáceos, intenso, estruturado e com equilibrados taninos.
A seguir, um vinho, digamos, pirata, já que era da carteira da Importadora KMM: o John Duval Plexus SGM 2006, delicioso corte de Shiraz, Grenache e Mourvèdre, de deixar os produtores do Rhône de cabelos em pé! Estupendo! E prá mode comparar, finalizamos com o Mitchelton Crescent SMG 2005, também um corte do Rhône, com aromas de canela, café e ameixa, com belo corpo, muita maciez e boa persistência!
Ao final da reportagem, reproduzimos a tabela de preços ao consumidor final da nova importadora. No entanto, essa lista refere-se apenas aos vinhos que já desembacaram aqui nos trópicos. Nos planos da Wine Society está uma carteira bem mais extensa, com linhas de vinhos de prestigiadas empresas do país dos cangurus, assim como uma grande variedade de cervejas. Nós, os enófilos, acolhemos com entusiasmo essa iniciativa de sacudir o mercado e ficamos torcendo para ver as promessas cumpridas tin-tim por tin-tim.
Oscar Daudt
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