Aqui no EnoEventos, os assuntos ligados a restaurantes e gastronomia são da alçada de nossa colunista Luciana Plaas. Mas domingo, seguindo a recomendação de um amigo, fui jantar no restaurante Asia e não resisti a dar um pitaco nessa área para passar essa dica a nossos leitores, pois foi uma experiência sensorial incrível!
Localizado no bairro de Santa Teresa, na rua dos bondes, o restaurante está instalado em um casarão antigo que foi totalmente modernizado por dentro, com uma decoração que chama a atenção pelo bom gosto. A casa é cheia de andares (são 4) e se você pretende visitá-la nessas agradáveis noites do outono carioca, recomendo fazer uma reserva na varanda, pois você vai ficar em baixo de belas árvores, com a vista de antigos casarões e sob a iluminação de lanternas vermelhas.
A cozinha é influenciada pela gastronomia de 4 países asiáticos, mas infelizmente eu só consigo lembrar de 3: chinesa, tailandesa e malaia. Como entrada, o cardápio oferece uma grande variedade dos peculiares Dim Sum (significa toque no coração, em cantonês) e são pequenas porções, no vapor, assadas ou fritas. Escolhemos a Dim Sum Seleção do Chef (45 reais), que é como se fosse um menu-degustação, com 10 porções diferentes, com bonita apresentação e sabores surpreendentes e sedutores. Para quem for lá, é um pedido quase obrigatório!
Como prato principal, nosso gentil atendente recomendou o ½ Pato desfiado aromatizado com especiarias orientais (75 reais e serve duas pessoas). É um Pato de Pequim, servido com panquecas, pepino, cebolinha e molho oriental. É o forte da casa e estava um manjar dos deuses!
O serviço de vinhos foi insólito! A casa possui uma carta enxutíssima, que cabe numa só página e traz 4 espumantes, 5 brancos e 11 tintos apenas. Optei por um Espumante Chandon Brut (75 reais) e depois de interminável espera, o garçom nos trouxe um Moët-Chandon Brut Imperial, oferecido pelos mesmos 75 reais como um pedido de desculpas por não ter o vinho solicitado na casa. Embora fosse grande a tentação, não achei justo aceitar a generosa oferta e parti para outro vinho: o brasileiro Marson Reserva Chardonnay (49 reais). Para minha decepção e desespero do atendente, esse vinho também estava em falta. Foi-me sugerido então o Anakena Riesling Single Vineyard, que não constava da carta. Gostei da idéia, mas como custava 95 reais, não quis. Imediatamente, o garçom, novamente desculpando-se pelas faltas de estoque, ofereceu-me o vinho por 65 reais! OK, aceitei e foi uma bela escolha! Mas se você não quiser passar por esses contratempos, a casa aceita que você leve o seu vinho e cobra 49 reais com taxa de rolha.
Ao final, já plenamente satisfeitos, dispensamos a sobremesa e partimos direto para o chá, uma das especialidades da casa. Nos foi recomendado um Chá de flor, que foi o fecho de ouro da noite. Absurdamente caro (23 reais) é entretanto uma experiência inesquecível. No bule de vidro transparente é colocada uma pequena esfera, sem nenhuma graça, que na discreta iluminação do local mais me pareceu um cascalho. No entanto, como uma flor, essa esfera vai desabrochando, desabrochando até se transformar em um verdadeiro jardim dentro d'água! Belíssimo! Para vocês terem uma idéia de como a coisa funciona, achei o vídeo ao lado no YouTube que vale a pena conferir! Foram os 23 reais mais bem gastos!
O atendimento, apesar de todas as gentilezas e simpatias, deixou bastante a desejar. Muito embora a casa estivesse com o baixo movimento de domingo a noite, o serviço foi lento e desatento. Após instalados, passamos mais de 40 minutos sem que chegasse absolutamente nada à mesa para distrair as gengivas ou refrescar a boca. Que viesse pelo menos um pãozinho! E conseguir atrair a atenção do garçom era uma loteria.
Mas no frigir dos ovos, eu afirmo: quem não conhece, não sabe o que está perdendo. É excepcional e eu já virei freguês!
Oscar Daudt
Serviço: Asia - Rua Almirante Alexandrino, 256 - Santa Teresa - Rio de Janeiro (21)2224-2014 Horário: 4ª de 19:00-23:00h; 5ª a domingo de 12:00-23:30h www.asia-rio.com
(Obs: como não levei minha câmera, as fotos da matéria foram copiadas da página do restaurante)
Comentários
Valdiney Ferreira Rio de Janeiro RJ
25/05/2009
Gostei da dica Oscar! É ótimo recomendação de lugares que não são ainda óbvios. Havia me esquecido do Ásia. Vou dar um pulo até lá no próximo fim de semana apesar da ressalva do serviço. Levarei um farnelzinho para os primeiros 45 minutos! Também vou levar os vinhos pela informação da carta.
O que você pensa de uma brancão bem encorpado e perfumado como um traminer alsaciano para este pato desfiado e aromatizado?
Parabéns pelo comportamento Oscar! Fiquei pensando quantos (nestes tempos de esperteza excessiva) fariam o mesmo frente ao Moet & Chandon millesimé pelo preço de um Chandon verde-amarelo.
Abcs
Valdiney,
Eu fiquei meio perdido com a harmonização, pois os Dim Sum eram feitos de tudo: carne, frango, camarão, vegetais... E ainda tinha o pato depois... Parti para a harmonização coringa do espumante, que infelizmente não tinha. A alternativa do Riesling foi bem satisfatória, pois era um vinho com boa estrutura e boa acidez. Mas acho que a alternativa do Gewürztraminer e todo o seu perfume iria se dar melhor com os Dim Sum, mas meio detonado pelo pato!
Abraços, Oscar
Paulo Szarvas Rio de Janeiro RJ
25/05/2009
Prezado Oscar:
Como leitor assíduo do EnoEventos permito-me dar a seguinte contribuição quanto ao direito de rolha. No município do Rio de Janeiro, existe uma lei que regulamenta essa prática, conforme transcrição que envio abaixo, para que essa seja cumprida efetivamente.
LEI Nº2441 DE 20 DE JUNHO DE 1996.
Permite aos freqüentadores de casas noturnas, bares, restaurantes e congêneres, ingressarem nos estabelecimentos portando vasilhames com bebidas alcoólicas de sua propriedade, e dá outras providências.
Autor: Paulo Vianna.
O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO,
faço saber que a Câmara Municipal decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º - As casas noturnas, bares, restaurantes e congêneres permitirão a entrada de freqüentadores em suas dependências portando vasilhames com bebidas alcoólicas de sua propriedade.
§ 1º - O cliente, ao citar os termos desta Lei, deverá invocar o "direito de rolha".
§ 2º - O vasilhame deverá estar lacrado para que seja permitido o ingresso.
Art. 2º - O estabelecimento comercial deverá cobrar de seu cliente dez por cento do valor da bebida, conforme consta em sua carta.
Parágrafo Único - Caso a bebida não tenha similar no estabelecimento a gerência deverá discutir o valor do ingresso com o cliente.
Art. 3º - Os estabelecimentos que se recusarem a atender os termos desta Lei sofrerão as sanções a ser aplicadas pelo Poder Executivo.
Parágrafo Único - As sanções serão pecuniárias ou de suspensão do alvará de Funcionamento por trinta dias se houver reincidência.
Art. 4º - Os estabelecimentos comerciais deverão exibir cópia desta Lei em lugar visível à clientela.
Parágrafo Único - VETADO.
Art. 5º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
CESAR MAIA
Veja que a referida lei é bem antiga, mas deconhecida. Talvez, agora, com o crescente consumo de vinho por parte dos brasileiros, as sociedades e associações de apreciadores de vinho façam valer um direito do cidadão carioca e somente paguem o que está previsto legalmente.
Cordialmente,
Paulo Szarvas
Ahnis Fraga Enófila Rio de Janeiro RJ
25/05/2009
Oscar, concordo com você em tudo: experiência sensorial ímpar - o chá é um espetáculo mesmo.
Porém o atendimento, realmente, deixa mais do que a desejar.
Boa comida, lugar aconchegante - fui a noite! Só não sei se consigo ir mais uma vez :D
João Luiz Caputo Médico Niterói RJ
12/06/2009
Olha que coisa interessante esta lei, realmente desconhecia a existencia dela e ainda mais, cada restaurante resolve fazer a sua lei como se não houvesse uma regra geral. Não sei se os donos de restaurantes tem conhecimento dela ou simplesmente fazem corpo mole e evitam de divulgá-la.
Agora, pensando com a cabeça de dono de restaurante, acho uma insensatez cobrar caro a rolha de um vinho que o cliente queira levar, pois está consumindo outros produtos da casa - comida - e prende o cliente.
Valdiney Ferreira
Ahnis Fraga
João Luiz Caputo