 Le jour de gloire est arrivé!
A Borgonha tem uma estrutura de propriedade absolutamente esquizofrênica. Um vinhateiro pode ter uma parcela de um vinhedo aqui, uma parreira ali e até um cacho de uva acolá. De cada uma, ele produz um vinho diferente, em quantidades que às vezes, penso eu, não completam uma garrafa de 750ml. Exageros à parte, é pura doideira! Não tem a menor chance de dar certo. E o mais surpreendente é que dá! Muitos dos mais caros, refinados e desejados vinhos do mundo vêm dessa região francesa.
Claro está que, quando se produz apenas algumas centenas de garrafas de cada rótulo, não existe a possibilidade de se investir na distribuição internacional das mesmas. Como então conquistar o mundo?
Daí surgiu a figura do Agente de Exportação, um profissional cuja responsabilidade principal é viajar mundo afora, divulgando os vinhos de diversos micro-produtores, bebendo do que há de melhor no mundo dos vinhos! Com certeza, o segundo melhor emprego do planeta!
E a maioria dos expositores no evento promovido pela Embaixada da França, dentro das comemorações do ano França-Brasil, para apresentar a produção da Borgonha, eram dessa espoliada categoria de risonhos trabalhadores. Que inveja!
A degustação ocorreu na charmosa Brasserie Rosario, no centro do Rio, numa sexta-feira, das 16 às 18 horas. Fala sério! Que horário mais esquisito! Diversos rótulos a degustar, Grand Crus e Premier Crus, nesse exíguo lapso de tempo é sacanagem! Claro que eu, que cheguei atrasado por obra e graça do metrô, e tinha de sair rigorosamente às 18, não pude provar nem a metade. Mas, ainda assim, posso me considerar um dos felizardos que esteve por lá. Espremido por dois grandes eventos de vinho naquele dia, um no almoço e outro no jantar, a prova estava atirada às traças. Era de cortar o coração!
Os incautos que não compareceram vão se arrepender para o resto da vida, pois os vinhos eram deslumbrantes! Os Chablis, secos, acídicos, com aromas melíficos e minerais, eram qualquer coisa! Fiz uma horizontal ascendente com os vinhos do Domaine Jean-Marc Brocard, iniciando com um Chablis padrão, passando para um Chablis Premier Cru e fazendo a festa com dois Chablis Grand Cru: um Valmur e um Bougros.
Mas o grande orgasmo mesmo veio no estande da Oenophilia, cuja agradável Georgia Stouti, grega de nascimento, me ofereceu vinhos que eu nunca imaginei degustar. Os dois Mersault me transportaram ao Nirvana: cremosos - quase oleosos - com encantadores aromas de maçã e nozes arrebentavam a boca do balão! E os tintos, notadamente o Vougeot e o Vosne Romanée, com toques de couro e terra molhada equivaliam a um curso completo de degustação.
Havia bem mais expositores, mas como falei o tempo era muito escasso e eu não pude visitá-los. Todos estavam em busca de um importador no Brasil. Não são vinhos baratos, com certeza, mas são vinhos nos quais vale a pena investir. O José Augusto Saraiva, da Vitis Vinifera, importador bastante focado em vinhos da França, estava presente. Quem sabe ele se candidata? Vou ficar só na torcida!
Oscar Daudt
Serviço: Oenophilia: Georgia Stouti - www.oenophilia.biz A Wine to Try: Olivier Baret - [email protected] Jean-Marc Brocard: Bixente Alaman - www.brocard.eu |