
"O Champagne Cuvée William Deutz Rosé 1999 traz um nariz complexo e evoluído, com muito frescor. É para se beber em casa, muito bem acompanhado, como prenúncio de um momento especial!"
Bruno Agostini Jornalista, Blog Enoteca | Deutz e o Diabo na Terra do Sol
De um lado, o simbolo do Champagne Deutz é um inocente anjinho, dourado, cabelinhos encaracolados, exalando pureza. Do outro, o vinho da Adriano Ramos Pinto apresenta em seu rótulo uma Eva - desnuda, é claro! - sendo tentada pela serpente com um taça de Vinho do Porto, enquando Adão observa com olhar entusiasmado. Mais diametralmente opostos, impossível! E o que pode resultar de uma degustação assim tão improvável? Pois vejam só, um dos mais requintados eventos dos últimos tempos! E um dos mais divertidos, também, pois a presença do loquaz Alfredo Srour, presidente da Importadora Franco-Suissa, que com suas apimentadas e engraçadas intervenções, foi garantia de muitas gargalhadas.
O almoço que encheu os olhos, as papilas e as taças dos felizes convidados foi uma promoção conjunta das importadoras Casa Flora e Franco-Suissa. E por que, mais uma vez, essa aliança improvável? Eu explico: tanto a Champagne Deutz, da Casa Flora, quanto a casa Ramos Pinto, da Franco-Suissa, fazem parte do mesmo grupo, capitaneado pela Champagne Roederer. Claro que com tanto peso-pesado assim patrocinando, a organização botou prá quebrar e não mediu esforços para oferecer do bom e do melhor.
Os champagnes eram papa-fina! Os vinhos da Ramos Pinto eram sedutores. E o chef Roland Villard estava em um dia de inspiração artística e ofereceu, feito um Mussorgsky, pratos que mais lembravam quadros de uma exposição. Show de bola! E de raquete, de rede, de cesta também!
Fomos recebidos com o Champagne Deutz Brut Classic, o mais básico da linha, mas que de básico não tinha nada, com seus aromas florais, tostados e de frutas maduras que anunciavam uma boca cremosa e elegante.
Para acompanhar a belíssima Salada de King Crab e Lagostins (confiram a foto abaixo para verem como não estou exagerando) o igualmente belo Champagne Cuvée William Deutz Rosé Millesimé 1999 Brut, com uma cor salmão, aromas frutados, de casca de pão e especiarias, oferecia uma boca harmoniosa feito um prelúdio e expressiva como um Bolero. Como bem preconizam as boas maneiras em eventos de tanta pompa, preço não foi assunto que tenha sido trazido à baila, mas um passarinho me contou que esse rosé milesimado estava bem distante do meu bico. "O Ramos Pinto Collection Douro 2006 é refinado e equilibrado. Traz impresso o autêntico DNA Douro!"
João Souza Sommelier, Terzetto Ristorante |
O Filé de Badejo com Ovos de Peixe Defumados adentrou o salão de braços dados com o inolvidável Champagne Cuvée William Deutz Millesimé 1998 Brut, com brilhantes tons dourados, exalando finesse e exibindo cremosidade e toques minerais. O preço continuou no anonimato, mas só a caixa dourada que embala a garrafa, bonita como a Luciana Plaas, deve custar uns três meses de vale-transporte!
Mudando de produtor e de região, recebemos o Ramos Pinto Collection Douro 2006, uma nova linha da vinícola que pretende resgatar em seus rótulos, antigos cartazes de publicidade criados por renomados artistas do início do século passado. Esta segunda edição, é um corte de Touriga Nacional, Touriga Franca e uma mistura de outras dezenas de castas e é, segundo a página da empresa, um vinho que "dá audácia aos tímidos e alegria aos tristes"! Mas como a essa altura do campeonato não havia timidez nem muito menos tristeza, não foi possível comprovar a propaganda. Só sei que o vinho, escortando o Peito de Pato com Especiarias, mostrou muita força, elegância e maciez.
Para finalizar, a Sinfonia de Pâtisseries, que bem merecia estar exposta no MAM e dava até dó de comer, foi o par perfeito para o Ramos Pinto Quinta da Ervamoira Porto Tawny 10 anos, delicioso, com grata acidez, aromas de frutas secas e grande presença.
Em suma, um evento que se pode dizer perfeito, com interminável retrogosto em nossa memória.
Oscar Daudt |