
"O Marquês de Borba Branco é um vinho de excelente acidez, untuoso e com delicioso toque mineral. Ofereceu uma harmonização perfeita para os celestiais bolinhos de bacalhau do Antiquarius. Um vinho sensual!"
Jeanne Marioton Representante dos Vinhos de Provence, etnóloga (sic) e "sommelier sangue bom" | Portugal até no nome
O Antiquarius é o templo inquestionável da gastronomia portuguesa em terras cariocas. Um das mais requintadas casas do Rio, um restaurante na crista da onda há mais de 30 anos, é unanimidade entre a crítica. Agraciado, ano após ano, com as cobiçadas 5 estrelas de Danusia Barbara, também é figurinha fácil entre os jurados da Veja Rio que, repetidamente o elegem como o melhor português de nossa cidade.
Não poderia ser outro, portanto, o endereço para recepcionar o mais respeitado enólogo do Alentejo, Eng. João Portugal Ramos, em um jantar de apresentação de seus vinhos oferecido pela Importadora Porto a Porto (ou seria pela Importadora Casa Flora? A gente nunca sabe!). Português até no nome, João é admirado pelo crítico-mór, Robert Parker, que classificou nada menos do que 5 de seus rótulos como outstanding! É mole?
"O Marquês de Borba Tinto é um vinho agradável, fácil, frutado que pretendo introduzir na carta do Garcia & Rodrigues! Bela harmonização com as Bochechinhas de leitão."
João Pedro Sommelier, Garcia & Rodrigues | Enquanto aperitivávamos e batíamos um agradável papo na sala de estar do restaurante, fomos apresentados ao Marquês de Borba Branco, um delicioso vinho elaborado com Arinto, Roupeiro e Rabo de Ovelha (quanto mais eu conheço castas portuguesas, mais eu me espanto com os nomes...). Ao seguirmos para a mesa, o vinho foi junto conosco para acompanhar alguns dos tentadores e surpreendentes amuse-bouche que o eficiente serviço não cansava de nos oferecer.
Pena que o pão não estivesse à altura do Antiquarius: duro e seco, bem ruinzinho! E me causou espécie ver que o garçom circula com uma cesta de pães por todas as mesas e que é o cliente que enfia a mão para escolher o que quer. Um tanto anti-higiênico, não? Se a Vigilância Sanitária passar por lá, é autuação na certa!
Mas voltemos ao que interessa: ainda para acompanhar os diverte-boca, fomos servidos do Marquês de Borba Tinto 2007, um corte de quase tudo, de autóctones a internacionais: Aragonês, Trincadeira, Syrah, Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon e Merlot. João Portugal devia estar em um de seus dias de alquimista... Com seus 13,5% de álcool, é um vinho leve e agradável, do tipo deixa-a-vida-me-levar, muito macio e frutado. Serve tanto para beber como aperitivo, quanto para o acompanhamento dos pratos de bacalhau que viriam a seguir. Ainda bem que eu guardei um pouquinho na taça, pois...
"O Marquês de Borba Reserva 2004 apresenta um nariz complexo com um floral de violetas, especiarias e frutas do bosque e uma madeira bem equilibrada. Boca aveludade, com acidez no ponto certo e grande longevidade. É o Alentejo elegante!"
Paulo Nicolay Consultor enogastronômico | Pois, como eu estava dizendo, chegou o Trio de Bacalhau: Bacalhau à Antiquarius, Bacalhau Nunca Chega e a Açorda de Bacalhau. Nem a suave Teresa, mulher do João Portugal, sabia nos explicar o que seria uma açorda, mas também, nem carecia de explicações de tão maravilhosa. O trio veio acompanhado do Vila Santa 2005, obra-prima da enologia, que me deixou babando de satisfação. No entanto, ele saiu atropelando os pratos, não deixando batatinha sobre batatinha. Por isso eu falei que, felizmente, havia sobrado o vinho anterior em minha taça, que cumpriu com muito mais cavalheirismo sua função de escorte. E o Vila Santa ficou me esperando para ser bebido enquanto em meditava na noite maravilhosa que estava rolando...
E a estrela da noite, o tão aguardado Marquês de Borba Reserva 2004 compareceu absoluto, sem prato nenhum para distrair as papilas, exigindo concentração total! Com seus 14% de álcool, é um corte de Trincadeira, Aragonês, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon, quase preto, com aromas em várias camadas e muita, muita maciez e estrutura. Parecia até colchão Ortobom!
Eu já contei várias vezes que sobremesas não são a parte preferida da minha refeição. Eu gosto muito mais de completar cada escanhinho de meu estômago com comidas salgadas. E, embora nesse dia eu houvesse ocupado até a traqueia e a laringe, não deu para resistir quando foi servido o trio de colesterol: Ovos moles de Aveiro, Encharcada d'Ovos e Toicinho do Céu. Isso não se faz! Depois eu mando a conta do cardiologista!
Oscar Daudt |