 Quadros de uma exposição
Os vinhos da Monte do Pintor, vinícola do Alentejo, têm seus nomes inpirados nos artistas (Pintor, Escultor,...) e portanto não haveria lugar mais apropriado para apresentá-los do que o tradicional Restaurante Antiquarius, no Leblon, com suas paredes cobertas por belos quadros. Aliás, é sempre gratificante fotografar por lá, pois as pessoas saem emolduradas por lindas pinturas, enfeitando minhas fotos.
Mas nesse almoço, as obras de arte que me interessavam mais estavam servidas nas taças. Eu já conhecia os vinhos da Monte do Pintor, mas é sempre uma bela experiência poder degustá-los. Mas o prá-lá-de-simpático casal de produtores, Carlos e Teresa Gonçalves, trazia-nos uma surpresa: o recém-lançado Escultor Tinto 2006, um vinho bastante exclusivo (apenas 3.450 garrafas produzidas). E ainda prometia, para o próximo ano, o primeiro vinho branco: um corte de Antão Vaz, Arinto e Verdelho. É esperar para conferir...
Toda a gama de vinhos apresentada no almoço era de babar! Também pudera, o enólogo da casa é ninguém mais, ninguém menos do que o renomado português Paulo Laureano, assinatura presente em alguns dos melhores rótulos da nossa pátria-mãe.
Iniciamos o almoço com o fresco, frutado e sobretudo gostoso Pequeno Pintor 2006, vinho de entrada da vinícola, que, em 2007, foi escolhido como a Melhor Compra da Revista de Vinhos.
O primeiro prato do almoço era uma surpreendente releitura da moqueca, feita com bacalhau fresco, camarões, pimenta-de-bico e um discreto dendê, acompanhada por um pirão de arroz. Para escortá-la, bebemos o Monte do Pintor Tinto 2005, com aromas frutados e de chocolate, e uma boca fresca, de madeira bem equilibrada com a fruta e muita maciez.
Mas almoço no Antiquarius sem o Arroz de Pato, não é almoço... E para harmonizar com ele, só mesmo dois grandes vinhos. O primeiro foi o Monte do Pintor Reserva Tinto 2004, que serviu para matar as saudades que eu cultivava há mais de um ano. Ô vinho bom! Com aromas de ameixa pretas, menta e chocolate, tinha uma boca cheia de especiarias, muito elegante e demorada. O segundo vinho era o tão esperado Escultor Tinto 2006, com aromas de coco tostado, frutas maduras, e uma boca sedutora, mastigável e de interminável presença. Mas já vou alertando: preparem o bolso, pois não é vinho para um simples mortal...
E ainda tivemos a oportunidade de acompanhar a sobremesa com o meu velho conhecido, Burmester Jockey Club Porto Reserva que, lógico, não era da Monte do Pintor. Um Tawny de 7 anos com marcantes aromas de frutas secas que fez um bonito papel ao lado do Rocambole de laranja.
Oscar Daudt |