
"Gostei muito dos brancos. E como lojista, considero o E-Minor Chardonnay 2008 imbatível! Excelente relação custo-benefício."
Valdiney Ferreira L'Orangerie, loja de vinhos | Brancos de tirar o chapéu
Conforme eu escrevi em recente matéria, a Wine Society, nova importadora do mercado, especializada em vinhos australianos, não está prá brincadeira e provou sua disposição apresentando os recém-chegados vinhos do grupo Constellation, auto-proclamado "the world's largest wine group". Foram apresentadas 4 vinícolas: Stanley Wines, Banrock Station, Barossa Valley Estate e Leasingham Wines. No total, eram 34 rótulos. Não era fácil!
É claro que carecia eu me organizar! Como havia 2 mesas de degustação e uma delas oferecia vinhos de preço bem superior à outra, eu, espertinho, resolvi me ater a ela. Bem que eu fiz, pois a experiência foi inesquecível.
Quando eu penso em Austrália, penso logo em Shiraz, pois são de lá que vêm os melhores vinhos dessa casta que já provei. São vinhos potentes, mastigáveis e com muita fruta. Mas desta vez, muito embora eu tenha provado excepcionais tintos, os vinhos que mais me impressionaram foram os brancos.
Minha primeira satisfação foi provar os 3 Riesling da Leasingham Wines. Apesar de serem vinhos de diferentes patamares de preço (76, 110 e 200 reais), todos eles me proporcionaram imenso deleite. São vinhos com belo caráter mineral (os toques petroleiros eram tão marcantes e deliciosos, que mereciam um patrocínio da Petrobrás), bem secos, com ótima acidez, sem madeira, profundos, cremosos e duradouros. Pediram visto de entrada para minhas papilas gustativas e não querem mais sair de lá. No dia seguinte, cedinho, mandei um email para o representante do Rio, Robert Phillips, fazendo um pedido dos dois mais baratos! E, vejam só, o mais em conta dos 3, Leasingham Magnus Riesling, na safra de 2007, faz parte da exclusiva lista da Wine Spectator Top 100 2008, na 44ª colocação! É mole?
Depois de degustar alguns belos Shiraz, apesar de toda a minha organização, eis que me aparece um outro branco, o E-Minor Chardonnay 2008. Sem madeira, explode em seus aromas e sabores de muita fruta, concentrado, também com excelente acidez e toques minerais, um vinho raçudo! Bem diferente dos Chardonnay barricados. Também entrou no meu pedido, mas não conseguiu bater os maravilhosos Riesling. "O The McRae Wood 2005 é um verdadeiro Shiraz do down-under, com muito álcool (15,5%), muito corpo e muita fruta, mas ao mesmo tempo muito elegante. Um puro-sangue australiano!"
Paulo Nicolay Consultor enogastronômico |
Como se não bastassem os 34 rótulos, Paulo Nicolay, consultor da nova importadora, me ofereceu, meio mocozado, um Shiraz pirata que não estava na degustação: o extraordinário The McRae Wood 2005, do lendário Jim Barry. Vejam só no destaque o que Paulo fala dele.
Mas como nem tudo são rosas, ainda tive a chance de provar um espumante Shiraz, o muito estranho Classic Clare Sparkling Shiraz 1998. Deve ser o tal do gosto adquirido, pois é um vinho caro (200 reais), de 11 anos, todo medalhado e eu fiquei meio arredio. Não consegui captar a combinação da leveza das borbulhas com o corpanzil do vinho escurão, potente e acafezado! Ainda tenho muito chão pela frente!
Oscar Daudt |