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| Itália Mistral D'Amici |
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 Nec plus ultra! Quando comecei a beber vinhos, não faz muito tempo, minha primeira viagem a uma região vinícola foi para a Toscana, em busca de Brunellos, o primeiro grande vinho que aprendi a gostar. Foi uma festa, pois beber Brunellos, dentro das muralhas que cercam as ruelas antigas da bela e charmosa Montalcino, faz com que eles fiquem ainda melhores do que já são. Naquele tempo, no entanto, ainda não conhecia a Altesino e perdi a oportunidade de visitá-la e degustar seus vinhos. Somente em 2007, ao ler uma reportagem da Wine Spectator sobre a região, em que ela indicava essa vinícola como parte do seleto grupo dos "Cream of the Crop" dessa DOCG, que eu me dei conta do tamanho da mancada que havia cometido. Dizia a revista: "Altesino é um dos mais consistentes produtores de Brunello; seu Brunello normale é quase sempre excepcional e pode ser bebido jovem. Seu Montosoli ... é um vinho raçudo, poderoso e estruturado que necessita de muitos anos em garrafa para atingir seu potencial." Bem, a frustração foi recompensada com um almoço oferecido pela Importadora Mistral, no restaurante D'Amici, com direito à degustação da linha (quase) completa dessa vinícola e à presença de seu divertido enólogo Guido Orzalesi. Foi até melhor do que beber em Montalcino, pois certamente lá eu não iria experimentar, de uma só vez e de forma tão organizada, os 4 estupendos rótulos que nos foram oferecidos. O primeiro vinho foi o Rosso di Altesino 2007, um corte de Sangiovese com 20% de Cabernet/Merlot que, segundo Guido era um vinho para o dia-a-dia. Cá pensei eu com meus botões: "Que rotina maravilhosa têm esses toscanos!", pois era um vinho fresco, frutado. saboroso e cheio de reminiscências da bela Montalcino.  Seguimos com o Altesino Rosso di Montalcino 2006, um vinho que sempre é uma opção para quem está sem bala na agulha para encarar os altos preços que os Brunellos têm ultimamente alcançado no mercado internacional. É um mini-Brunello, normalmente pela metade do preço e com o mesmo DNA. Um vinho fresco e com muita fruta, elegante madeira e "aterciopelado", conforme definiu o uruguaio José Hodara.Todos se entreolharam em reverente silêncio quando nos foi trazido o primeiro Brunello, aquele que a Wine Spectator chamou de normale. No nariz, inebriantes e complexos aromas de ameixa, couro e terra. Na boca, muita estrutura, suculência, elegância, intensidade e longa duração. No visual, girassóis, ciprestes e vilas ensolaradas sob o sol da Toscana. Embora a longevidade seja a marca registrada dos Brunellos, esse vinho já estava deliciosamente pronto para ser degustado. E tal qual um gran finale de uma ópera de Verdi, chegou o exclusivo Altesino Brunello di Montalcino Montosoli 2003, da senegalesca safra de 2003, que resultou em vinhos ricos, espessos, super-poderosos. Esse Montosoli perfumava o ambiente com frutas maduras, violetas e chocolate, enquanto preenchia a boca com finos taninos, muita fruta e demandando bons dentes para melhor mastigá-lo! Nec plus ultra! Mas vale bem a pena aguardar alguns anos para melhor entendê-lo! Bem, não deu para segurar e eu terminei contando ao Guido, italiano gentil e tranquilo, a história da degustação que terminou em pancadaria. Horrorizado com os maus modos de seu conterrâneo e apavorado com a reação do Justiceiro da Tijuca, só sei que a partir de então, Guido passou a concordar com tudo o que eu dizia... Oscar Daudt |
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