  A Degustação do Rio de Janeiro
Não tão renomada quanto o Julgamento de Paris, a Degustação de Berlim (foto à direita) apresentou resultados que também abalaram os alicerces do mercado de vinhos mundial e teve para o Chile a mesma importância que o evento mais famoso representou para a Califórnia.
Organizada por Eduardo Chadwick, proprietário da Viña Errazuriz, essa degustação às cegas, com a participação de grandes críticos internacionais, colocou lado a lado, 6 vinhos chilenos da Errazuriz, 6 Bordeaux e 4 italianos de fina estampa. Os resultados que surpreenderam os enófilos do mundo inteiro colocaram os vinhos chilenos em posição de destaque, com 2 deles ocupando os 2 primeiros lugares, à frente de monstros sagrados como Margaux, Lafite e Latour. Bordeaux esperneou o que pôde, mas os resultados estavam lá...
O jantar-degustação oferecido pela Importadora Vinci me fez lembrar desse episódio, pois pudemos experimentar os vinhos da mesma Errazuriz, inclusive um dos participantes de Berlim, o Don Maximiano Founder's Reserve 2005, cuja edição 2001 desbancou muita gente boa, como um Latour e um Solaia. E, conferindo a foto berlinense acima, posso afirmar que nosso jantar foi muito mais divertido.
Contando com a presença do enólogo-chefe da vinícola, Fernando Baettig, participamos de algumas harmonizações que resultaram em calorosas discussões entre os presentes. A primeira polêmica foi acompanhar uma fabulosa salada de frutos do mar grelhados (camarão, lulas, polvo e rúcula) com o Errazuriz Reserva Sauvignon Blanc 2008, rótulo mais básico da vinícola. Um vinho fácil, refrescante, mas que não estava com essa bola toda para enfrentar o prato.
Escolada com a discussão, Lilian fez acompanhar a Panelinha de rabada e funghi com nada menos do que 3 rótulos. Havia vinho para todos os gostos: Reserva Pinot Noir 2008, Max Reserva Carmenère 2007 e The Blend 2006. Esse último, para mim, deu um show! Elegante, carnudo, fresco, com aromas de frutas negras em compota, andou pari passu com o envolvente prato.
Em sequência, a suculenta paleta de cordeiro saiu privilegiada com a harmonização, não de apenas um, mas de dois vinhos ícones: Don Maximiano Founder's Reserve 2005 e La Cumbre 2005. O segundo só não é meu vinho de cabeceira por que não dá sustentar esse vício. Mas, ano passado, em outra degustação, eu o descrevi assim: "com seus 15% de álcool perfeitamente equilibrados, mereceu a honraria de ser classificado em 4° lugar na lista dos melhores vinhos do Guia de Vinos de Chile 2008; merecia até mais! Com seus complexos aromas de figo, ameixa preta, nozes, canela, compotas, baunilha, tostados, etc, etc, etc... era maravilhoso. A satisfação que ele me proporcionou eu só comparo com os grandes Shiraz australianos que já bebi, porém com a sutil diferença de o La Cumbre custar um quarto do preço!"
Antes de partirmos para a dura realidade, ainda foram servidos a sobremesa - um pudim de tapioca - e o Late Harvest Sauvignon Blanc 2006. Como eu não gosto muito de coisas doces, só experimentei e prefiro não comentar...
Oscar Daudt |