Do leitor José Quest, que presenciou as cenas de pugilato ocorridas na Tijuca, recebi um comentário relatando, minuciosamente o que aconteceu e corrigindo o meu relato anterior. Devido à extensão do texto e da gravidade dos fatos, entendi que seria bem mais apropriado publicá-lo como matéria, para que mais leitores tenham acesso a ele.

O que impressiona é que a versão corrigida é bem mais assustadora do que aquela que eu havia escutado. Surpreendam-se!



Cabem algumas correções aos fatos narrados, conforme a seguir.

1. A oferta do espumante brasileiro ao mal educado representante comercial italiano foi feita "após" a degustação ter sido encerrada; na ocasião, a maioria dos participantes já havia se retirado. Portanto, não houve qualquer interferência durante a apresentação; muito menos a tentativa de "atrapalhar o trabalho alheio", conforme foi colocado num dos comentários enviados.

Cabe aqui a observação de que o comentário supra mencionado seria pertinente caso a narrativa oferecida na pagina representasse a realidade do fatos. No entanto, apesar da boas intenções do redator em relatar o que ouviu de terceiros, o momento em que o incidente de fato ocorreu carece da correção acima.

2. De fato "o representante do Vêneto já devia estar prá lá de Valdobbiadene", não é suficiente para justificar que não tenha notado a diferença entre o seu espmante e o nacional que lhe foi oferecido. Um profissional que se preze não pode se sujeitar a esse tipo de "equívoco", ao ponto de confundir seu próprio espumante com outro por ter exagerado nas doses que já provou. Na verdade, independentemente do estado etílico em que se encontrava, se o italiano fosse realmente um bom profissional, jamais poderia ter confundido o seu próprio produto do bom espumante nacional que lhe foi oferecido -- e sobre o qual havia falado tão mal durante a degustação.

Em sequência:

  • Quando o italiano foi informado que o que havia provado se tratava do espumante nacional, sua primeira reação foi dizer que era mentira.

  • Depois, quando viu a garrafa do espumante nacional que acabara de provar, mudou a linha do argumento, passando a dizer que aquela não seria a garrafa do espumante que lhe fora oferecido. Passou a dizer então que haviam lhe dado o seu próprio espumante para beber e que, para confundi-lo, estavam mostrando a garrafa do nacional -- o qual, segundo ele, não seria o que ele acabara de beber e elogiar.

  • Ao se ver perdido diante das suas argumentações sem sentido, mudou novamente a linha e passou a justificar que já havia bebido muito. Com isso, segundo ele, não tinha mais condições, àquelas alturas, de diferenciar entre um bom espumante (o da sua vinícola) e um ruim (o nacional)

  • Finalmente, diante do fiasco, ao invés de levar na esportiva, partiu para a falta de educação e arrogância. Passou a xingar o interlocutor, chamando-o de desonesto e, como se não bastasse, mandando-o "fare cule" -- tudo sempre em italiano.

    3. Diante do quadro o "gaiato carioca" - na verdade, não propriamente um gaiato -- ainda tentou argumentar que não valia a pena todo aquele estresse por causa de uma simples brincadeira. E teria acabado ali se o italiano, provavelmente sentido-se envergonhado diante da lição que lhe fora dada por um "brasiliano subdesenvolvido", perdeu ainda mais a compostura e partiu para a agressão física -- começou a dar fortes empurrões do seu interlocutor.

    Finalmente, o convidado reagiu aplicando um tapa na cara do italiano. E não um soco; até porque se tivesse sido um soco, com a intensidade e a precisão com que foi atingida a face do italiano, este não teria saido andando do local.

    Peço desculpas pelo excesso de minucias, que considerei importantes para esclarecer o que realmente ocorreu e foi presenciado por mim.

    De resto, cabe muito bem o comentário de que a idéia do vinho é exatamente oposta ao que se sucedeu naquela noite. Vinho, entre tantas outras coisas boas, serve para fazer amigos e não inimigos. Lamentável a atitude do italiano. Lamentável alguém ter sido obrigado a fazer o que o "gaiato carioca" fez para se defender de uma agressão física. Aliás, deve ficar registrado que o "gaiato carioca" mostrou-se também, muito triste e chateado com o ocorrido.

    Em tempo, os espumantes em questão eram os seguintes:

  • Prosecco di Valdobbiadene Brut Mionetto -- importado e distribuido no Brasil por Worldwine/La Pastina.
  • Prosecco Aurora;

    Abraços enófilos, saúde e paz.

    José Quest
    Aposentado
    Rio de Janeiro - RJ
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    Comentários
    Carlos Reis
    Rio de Janeiro
    RJ
    29/08/2009 Ridículo, assim defino todo o episódio.

    Carlos Reis
    Rodrigo Castello Branco
    Enófilo
    São Luís
    MA
    29/08/2009 Bom, finalmente estão dados os nomes aos bois.

    Tomara que cenas como esta não voltem a se repetir e o clima nas degustações volte a ser de harmonia.
    Fátima Mendonça
    Advogada/Winemaker
    Salvador
    BA
    29/08/2009 Muito triste e lamentável mesmo... Não se pode admitir que tamanho desrespeito e falta de polidez ocorram!
    Elizabeth K. Lebtag
    Representante comercial
    Balneário Camboriu
    SC
    29/08/2009 Este sr. italiano simplesmente saiu da "fase do macaco" e foi direto à "fase do leão". Calma senhores, respeito é bom e todos gostam.
    Danton Magalhães
    Empresário e enófilo
    Niterói
    RJ
    29/08/2009 É uma pena que as coisas tenham assim terminado. Mais lamentável é que o "gaiato italiano" tenha tido uma atitude nada comercial e anti-desportiva.

    Imagine se o nosso "gaiato carioca" o tivesse chamado de "carcamano"?
    Paula Bichuete
    Campinas
    SP
    30/08/2009 Só seria prudente dar um jeito de avisar a vinícola, porque senão a história vai virar outra lá e os "brasilianos" subdesenvolvidos ainda vão pagar o pato!

    Bem, eu acredito que com o injustificável comportamento do italiano e toda essa repercussão negativa, a importadora não poderá deixar de comunicar o fato à vinícola!

    Oscar
    Roseny Julio
    Lojista
    Bento Gonçalves
    RS
    30/08/2009 Concordo que foi uma situação lamentável, mas tenho certeza de que esse italiano sem ética profissional, pode certificar, mesmo sem querer, do valor que tem o espumante nacional.
    Fernando Sequeira de Matos
    Enófilo
    Porto
    Portugal
    30/08/2009 Já estou na reforma, mas já produzi muitos milhões de garrafas que exportei para França, além de vender também no mercado Nacional.

    Estive no IV concurso internacional de vinhos de Bento Gonçalves, onde ganhei uma medalha de prata.

    Só quem não percebe nada de espumantes é que pensa mal dos espumantes do Brasil, pois são de nivel mundial e pena é que poucos produtores brasileiros continuem a pensar em fazer muito e não pensem em fazer bem. Que são coisas antagónicas.

    Bons vinhos
    Fernando
    Marcus Silva
    Confraria Carioca
    Rio de Janeiro
    RJ
    31/08/2009 Apoio o Gaiato Carioca em questão, não podemos permitir que um GRINGO venha aqui na nossa casa e nos desrespeite dessa maneira.

    Acho que foi pouco, se fosse eu, teria colocado algumas gotas de laxante na taça do produto nacional, de modo que ele ficasse o resto da noite sentado no trono.

    Boicote ao referido produto!!!
    Cláudia Holanda
    Rio de Janeiro
    RJ
    31/08/2009 Genial a sacada do carioca de trocar a taça desse italiano arrogante e grosseiro. Palmas pra ele!

    Quanto ao babaca do Prosecco, esse deveria não ser mais convidado para comandar nenhum evento no Brasil. Como pode alguém que se diz um profissioal do ramo ser tão grosseiro dentro da casa dos outros?
    Helga Lima
    Médica
    Rio de Janeiro
    RJ
    31/08/2009 Oscar, com essa eu corei... Gente, que absurdo! Enólogos, sommeliers, assim também como degustadores dessas preciosidades não podem se comportar assim. Vinho combina com delicadeza, refinamento, cortesia e fino trato.

    E foi aqui pertinho de mim! Eu acho que, pelas referências, trata-se de um local onde, eu, com frequência participo de degustações. Ainda bem que nessa eu não estava.

    Agora, ou o italiano devia estar num porre só com suas papilas gustativas muito sujas ou os brasileiros, realmente, estão dando um banho em matéria de espumantes!!! Gde abraço!
    Roberto Cheferrino
    Design, publicitário e enófilo
    Rio de Janeiro
    RJ
    01/09/2009 Caro Oscar, reitero meu comentário, de atualizar aos dias de hoje as afirmações de Galileu Galilei, sobre o vinho...

    "O Vinho é um composto de humor, líquido, luz e socos."

    Vale como sugestão lembrar às instituições de ensino na formação de sommeliers, incluir aulas de defesa pessoal, urgentemente.
    Ricardo A. Leite
    Enófilo
    Belo Horizonte
    MG
    01/09/2009 Simplesmente, lamentável...

    Em tempo: em maio, a edição 70 da revista "Prazeres da Mesa" anunciou que, numa degustação às cegas entre espumantes brasileiros e proseccos italianos, promovida pela mesma, o espumante brasileiro Dal Pizzol Brut Tradicional foi considerado campeão por um júri formado por especialistas, atingindo 89 pts. Isso sem contar que os 4 "logo atrás" em pontos, não foram proseccos, mas sim espumantes brasileiros...

    E que me desculpem os proseccos italianos mas, no geral, na média, nossos espumantes são beemmm melhores...
    A. Santucci
    Importador
    Curitiba
    PR
    01/09/2009 Profundamente lamentável! Só posso dizer que a qualidade de nossos espumantes realmente está alcançando o mundo, por isso tanta irritação, pois amplia a competição.

    Quanto ao ocorrido, não podemos concordar com nenhuma das atitudes, nada elegantes muito menos educadas, nem do italiano nem do brasileiro. Respeitar a opinião e o trabalho de cada um é uma premissa em qualquer lugar e no mundo do vinho é algo que aprendi a respeitar ainda mais.

    Sucesso e abraços a todos!
    Yann Lesaffre
    Mr. Lam
    Rio de Janeiro
    RJ
    01/09/2009 Muito bom um dos presentes esclarecer o que realmente aconteceu. Pelo que me tinha sido passado, a troca dos copos haiva sido durante a apresentação e não depois. Portanto, o trabalho do italiano não chegou a ser prejudicado. O que ficou realmente prejudicada foi a competência do cara. Ele perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado e só se desmoralizou ainda mais. Azar o dele!

    Só uma coisinha: o prosecco que ele estava apresentando pelo menos era bom ou era uma dessas porcarias que chegam aqui a 17-20 reais?
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