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 Mau gosto A Azienda Agricola Alessandro Lunardelli poderia ser mais uma das obscuras vinícolas do Friuli-Venezia Giulia, ao norte da Itália, plantando seus Pinot Bianco, Tocai Friulano e Refosco e elaborando bons vinhos completamente desconhecidos no mercado internacional. Poderia ser, não fosse a decisão de seu proprietário de criar uma linha de vinhos, que ele chama de Linea Storia, homenageando polêmicas figuras da história recente da Europa. A diversidade de rótulos estampa os odiados ícones do nazi-fascismo como Hitler, Eva Braun, Göring, Rommel, Hess, Mussolini, Franco e muitos outros, todos em poses heróicas e triunfais. Os protestos e a indignação entre os europeus e israelenses foram grandes. Alessandro foi processado na Itália, mas conseguiu ver vencedora sua tese de que seus vinhos não faziam a apologia da extrema-direita, visto que dentre outros homenageados estavam alguns dos paquidermes do comunismo: Stalin, Lenin, Tito, Marx e Che. Diz Lunardelli: - "Ser processado foi a melhor coisa que me aconteceu!" Claro, pois muito embora seus polêmicos rótulos estivessem em produção desde 1995, somente após a publicidade decorrente da ação judicial foi que suas vendas estourarem e encheram suas burras de dinheiro. O produtor alega não ter coloração política, homenageando tanto a extrema-direita, quanto a extrema-esquerda, e de quebra incluindo algumas figuras menos controversas, como Churchill e também outras mais mundanas, como Sissi, a imperatriz que fez as garotinhas da década de 1960 suspirarem com a melosa série de filmes austríacos sobre sua vida. Lunardelli quer nos mostrar que sua cor é apenas o verde dos dólares que não param de rechear seus bolsos. No entanto, uma análise mais criteriosa dos vinhos oferecidos em seu site www.vinilunardelli.it nos conta outra história. Enquanto os expoentes comunistas são homenageadas com apenas um rótulo cada, os nazistas são bem melhor aquinhoados. A figura de Hitler é estampada em nada menos do que 20 rótulos diferentes enquanto seus auxiliares diretos são exibidos em mais 7 garrafas. Mussolini também é privilegiado com mais de uma dúzia de rótulos, todos eles mostrando o líder fascista em sua pompa militar. Nenhum, no entanto, estampa a famosa fotografia de sua morte, pendurado de cabeça para baixo na Piazza Loreto, em Milão. Mas o sucesso financeiro é inegável e os combalidos cofres das vinícolas brasileiras poderiam levar alguma delas à apelação semelhante. Vêm-me a mente uma ou outra idéia, mas quem compraria um vinho Collor Gran Reserva ou Cuvée Sarney? Oscar Daudt |
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Roseny Júlio
Célio Alzer
Roberto Cheferrino
José Maria Hollanda Alvares Pimenta