 Os vinhos de Antonella e os olhos de Diana
Como se não bastassem os elegantes e territoriais vinhos da vinícola I Balzini, o almoço-degustação oferecido pela Casa Flora, no Fasano, em Ipanema, ainda contou com os cativantes olhos de Diana, herdeira da vinícola, que acompanhava sua mãe nessa visita ao Brasil. Inesquecíveis, tanto os vinhos quanto aquele olhar!
Os antepastos, bem italianos, foram acompanhados pelo vinho de entrada da vinícola, o I Balzini Green Label 2007, um vinho fresco, frutado, aromático e, segundo Paulo Nicolay, extremamente gastronômico. É um corte de Sangiovese com um pouco de Mammolo. Essa última casta, que eu desconhecia, é uma das uvas autorizadas pelo Conselho Regulador do Chianti, hoje em dia pouco cultivada, mas que aporta um inconfundível aroma de violeta. Agora vejam que interessante: o vinho tinha tudo para ser um DOC Chianti, mas como usa as práticas, charmosas e modernas tampas de vidro, não tem autorização para tal! Virou IGT.
A seguir, o Risotto de funghi porcini foi premiado com a harmonização de 2 vinhos. Na verdade, nós fomos premiados, pois eram dois excelentes toscanos, que lembravam os girassóis, os ciprestes e as colinas dessa bela região italiana. (Aliás, como o EnoEventos também é cultura, informo que o nome da vinícola, I Balzini, quer exatamente significar as pequenas colinas que aparecem nos rótulos dos vinhos.) Bem, os dois maravilhosos caldos eram o I Balzini White Label, de 2001 e 2002. De imediato, preferi o 2002, um vinho bastante macio, com muita fruta e muito HP. Mas à medida em que o 2001 foi evoluindo na taça e exibindo toda a sua complexidade, suas especiarias, frutas negras e, principalmente, encantadores aromas de nozes, mudei rapidinho de opinião e o elegi como meu preferido desde criancinha. É daqueles vinhos que eu gosto de beber meditando, sentado na varanda e agradecendo ao Cristo Redentor! Vale direitinho os 129 reais que custa.
Quando por fim Antonella apresentou o top da vínícola, o I Balzini Black Label 2003 e contou que era um corte de Cabernet Sauvignon e Merlot, a francesa Jeanne Marioton nem deixou molhar o bico e disparou: - "Então é um Bordeaux!" Defendendo a tipicidade de sua cria, a produtora explicou: - "É um Bordeaux toscanizado, pois tem 30% de Sangiovese!" Na verdade, a melhor definição seria a de um supertoscano, pois com toda a sua alta voltagem, equilíbrio, estrutura e complexidade, mostra bem do que a Toscana é capaz quando se desamarra das rígidas regulamentações italianas. Fez um belo par com as deliciosas Costeletas de Cordeiro, harmonizando até com o osso.
Oscar Daudt |