 Tutto Beni
Enquanto a outrora toda-poderosa Expand segue claudicante e a cada dia parece perder mais um de seus grandes rótulos para a concorrência, seus franqueados vão à luta! E Ademil Costa, o dono das lojas de Ipanema, Barra e Shopping Leblon também não teve escolha e já transformou seus estabelecimentos em multimarcas, oferecendo vinhos de diversas importadoras. Só que, por força de uma batalha judicial, ainda não conseguiu retirar o nome Expand de suas fachadas. Mas deve ser apenas uma questão de tempo...
Nesse torvelinho que sacudiu o mercado de importação de vinhos no Brasil, a Beni di Batasiolo, gigante do Piemonte, que era uma das grandes bandeiras da Expand, saiu de fininho. Os supermercados Zona Sul, rápidos no gatilho, aproveitaram esse limbo etílico e compraram alguns contêineres desses espetaculares vinhos italianos, que hoje em dia enobrecem as prateleiras de suas lojas e fazem a alegria dos enófilos cariocas. Mas isso já é passado e o estoque, no finzinho, deve em breve desaparecer do supermercado.
E qual é o futuro? Bem, o citado Ademil abriu uma importadora, a Ferace, junto com seus filhos, Alain e a linda e cativante Janine, fez uma parceria com a Batasiolo e vai recolocar as coisas nos eixos. A partir de agora, Batasiolo é só com a Ferace. E para comemorar esse feito comercial, a família convidou a imprensa carioca para um jantar-degustação na loja da N.S. da Paz, com direito à presença de Fiorenzo Dogliani, presidente e um dos proprietários dessa vinícola também familiar. Os novos parceiros trocaram juras de amor eterno a noite inteira... Mas vamos combinar que a nova importadora engatinhar com a ajuda de um nome de peso como a Batasiolo não é prá qualquer um.
Iniciamos com o Spumante Batasiolo Dosage Zero 2003, elaborado pelo método clássico com 75% de Chardonnay e 25% de Pinot Nero. Eu achei da pontinha! Fresco, cítrico, com linda perlage e uma boca cremosa e persistente.
O segundo vinho era o Batasiolo Serbato Chardonnay Langhe 2007, sem passagem por madeira. Como não é todos os dias que a gente tem o prazer de beber um chardonnay não barricado, minhas expectativas foram lá prá cima. E, claro, mais alto o coqueiro, maior é o tombo... fiquei um tanto frustrado com o que apareceu na taça. Eu queria mais fruta, mais acidez, mais concentração...
Mas não houve tempo para lamúrias, pois o vinho a seguir era um chuá e foi protagonista da melhor harmonização da noite: o envolvente Risoto de Bacalhau com Azeite Trufado chegou dando beijos na boca fresquinha e cheia de fruta do Batasiolo Sovrana Barbera d'Alba 2007, e sapecando um cheirinho em seus aromas de ameixa e caramelo.
Como jantar piemontês sem Barolo não existe, a noite culminou com a imponente figura do Batasiolo Barolo Vigneto Corda della Briccolina 2003, com complexos aromas onde se destacavam a cereja, o café e muitas especiarias e uma boca carnuda, mastigável até, com taninos aveludados e longa, muito longa persistência... Infelizmente, o preço não nos foi anunciado e eu não quis conspurcar aquele momento de enlevamento falando sobre o vil metal.
Ainda teve a sobremesa acompanhada pelo Batasiolo Bosc Dla Rei Moscato d'Asti 2008, mas como essa não é a minha praia, prefiro ficar quieto...
Oscar Daudt |