A respeitável Fundação Getúlio Vargas programou para este ano de 2010 uma novidade para o mundo do vinho: o curso Wine Business: O Negócio do Vinho. Coordenado por Valdiney Ferreira (L'Orangerie) o curso conta com um corpo docente estelar, incluindo três dos colunistas regulares do EnoEventos: Alexandre Lalas, Fernando Miranda e Marcelo Copello.

Em meio a diversos outros nomes de destaque do mundo dos vinhos do Rio de Janeiro, a lista de professores conta também com o presidente da ABS-Rio, Euclides Penedo Borges. E, aproveitando essa oportunidade, convidamos o professor Euclides para nos falar de suas expectativas em relação ao novo curso. Segue o depoimento.Oscar Daudt
 
Curso de Gestão do Negócio do Vinho da FGV
Foi com satisfação e orgulho que recebi o convite para participar do corpo docente do curso "Wine Business: O Negócio do Vinho" ora criado na Fundação Getúlio Vargas. Professor e palestrante na área de vinhos há anos, ao lado de tantos outros, sei que o Rio conta com ótimos cursos para aficionados dessa bebida. Constato, porém uma lacuna no que diz respeito à capacitação do empresariado e dos profissionais do ramo do vinho no tratamento comercial no enonegócio, tema até então não encontrado entre nós.

Afinal de contas não foi somente o interesse pelo vinho e seu consumo que aumentou significativamente nos últimos quinze anos. Também as atividades de comercialização, os processos de compra e importação, vendas, logística e assim por diante, envolvendo a bebida, passaram por um processo de desenvolvimento sem precedentes no Brasil.

Assim sendo, aplaudo a iniciativa da qual participarei prazerosamente, acreditando que, ao incluir no curso as matérias necessárias para a capacitação do empresariado, dos gerentes e do cada vez mais numeroso pessoal envolvido no comércio do vinho, a Fundação Getúlio Vargas preenche uma lacuna e presta mais um relevante serviço para a sociedade.

Euclides Penedo Borges
Programa do Curso
Para acessar o programa completo do curso, datas, valores e corpo docente clique aqui.
Comentários
José Paulo Schiffini
Enófilo da velha guarda
Rio de Janeiro
RJ
11/01/2010 Começo desejando sucesso ao Valdiney Ferreira, amigo de degustações pela aí.

Dou sequencia colocando logo uma questão no ar: "Será que precisamos de mais um curso de vinho, a nível de extensão, especialização, mestrado ou doutorado?"

Já temos os cursos das Universidade de Caxias do Sul, apadrinhado pelo Rabachino
  • já temos o curso da ESPM,
  • já temos o curso da Universidade Cândido Mendes,
  • já temos o curso do SENAC,
  • já temos o curso da SBAV,
  • já temos oo cursos das ABS's,
  • já temos os cursos dos produtores ( Miolo e Cia.)
  • já temos o curso dos mares de vinho,
  • já temos o curso da Academia do Vinho, pela internet, grátis,
  • já temos os cursos do Mike,
  • e temos também o curso que esporádicamente eu mesmo ofereço.

    Eu me pergunto para que mais um curso?

    Já temos os foruns, os blogs, as análises do Enoeventos e do Enoblog, meus amigos me perguntam: Que curso devo fazer? Eu respondo: faça todos. Qual o melhor deles? Sinceramente, não sei.

    Espero que para emprestar seu nome a FGV não cobre 39% de comissão. Se fõr assim prefiro gastar em vinhos e fundar confrarias. Vamos beber mais, melhor e mais barato.

    O que menos interessa no momento são certificados e diplomas de cursos de vinho, que ficarão eternamente pendurados na parede. Numa época que para pilotar um celular novo, algo muito mais difícil que tomar um vinho de qualidade, não existem cursos formais, num momento em que até diplomas e certificados de jornalista são dispensados, acho que tal curso esteja sendo lançado atrasado....

    Schiffini, o enófilo da velha guarda, só para contrariar....

    PS: para os amigos de copo que integram o quadro de instrutores, desejo muito sucesso e podem contar comigo.
  • Valdiney Ferreira
    L'Orangerie
    Rio de Janeiro
    RJ
    11/01/2010 Caro Schifinni,

    Que 2010 seja um ano em que todos seus objetivos e daqueles que lhe são caros sejam alcançados. E obrigado pelos votos de sucesso para o “FGV Wine Business: O Negócio do Vinho”. Obrigado também por viabilizar com suas indagações a oportunidade de informar aos leitores e amigos do EnoEventos as razões para um curso de gestão dos negócios do vinho numa instituição como a FGV.

    Respondendo suas indagações:

    1.Será que precisamos de mais um curso de vinho?

    Respondo genericamente que sim. O Brasil precisa de todos os cursos sérios que existem ou que ainda serão oferecidos sobre qualquer negócio. Um dos maiores riscos do país não aproveitar adequadamente sua oportunidade atual de crescimento é a preparação apropriada da sua mão de obra. Falta gente capacitada para atender em muitas áreas demandadas pela economia em expansão. Aqui falo como executivo de um grupo brasileiro que está entre os 500 maiores do país (Localiza) e como empresário de pequeno porte de uma loja de vinhos (L’Orangerie). Nos dois casos há dificuldades de encontrar colaboradores preparados. Em ambos é preciso fazer concessões de perfil na hora de contratar e em ambos faz-se necessário programar treinamentos básicos para compensar perfis incompletos.

    E na nossa ainda incipiente indústria do vinho com 3,6 milhões de litros de exportação e 36 milhões de litros de consumo, então nem se fala! Falta gente preparada em todos os elos da sua cadeia. Especificamente na ponta da comercialização, aí pensando na importação, divulgação, no gerenciamento de todo os tipos de estabelecimentos envolvidos, o que vemos é um amor enorme em trabalhar com os negócios do vinho, associado a uma baixíssima capacidade de gestão. Planos de negócios, estratégia, marketing, vendas, remuneração para colaboradores, divulgação, atendimento aos clientes, etc são obras de ficção. O resultado são estabelecimentos quebrados nos primeiros anos de vida, serviços inadequados, retração dos consumidores e uma indústria com pouco poder de influir.

    2.Para que mais um curso?
    Depois de trinta anos como enófilo e cliente de cursos como os citados por você, e, cinco anos como pequeno empresário do negócio do vinho, aprendi muito. Além de absorver ensinamentos dos mestres que encontrei também fiz benchmarking. Aproveitei o melhor e complementei o que pensei que faltava. Daí o foco na gestão dos negócios do vinho sem deixar de lado o conhecimento do produto, sua importância para a humanidade, a evolução e o estágio da indústria no Brasil e no mundo, além é claro do status atual dos mercados. Iremos ao detalhe de mostrar como definir o local para estabelecer uma loja, como divulgar o negócio, como entender o complexo elo da importação, como definir preços, como apresentar e valorizar seu portfólio de produtos, com atender as expectativas dos clientes. Definitivamente não é apenas mais um curso com este time de professores e sua proposta diferenciada.

    3.Sobre a FGV e seu custo.
    Aqui não houve uma pergunta, mas o receio de que frente a um possível custo elevado a conveniência seria ir “beber melhor, mais vezes, mais barato, fundar confrarias”, etc. Assessorado por amigos que fiz no mundo do vinho com quem em várias confrarias e muitas degustações dividi minhas idéias, não foi difícil escolher a instituição. A marca FGV é sinônimo de ensino e pesquisa com suas escolas, e também de gestão de negócios com seus cursos e consultorias. O difícil foi convencê-los que tínhamos um programa sério, que conseguiríamos um quadro de professores eficiente e reconhecido pelo mercado, e que a indústria do vinho no Brasil demandava um curso de gestão específico. Ultrapassada esta fase eu diria que está sendo apresentado primeiro no Rio de Janeiro um curso com excelente relação custo-benefício. Como diríamos diante da taça de um grande vinho com preço justo que ainda vamos consumir muito em nosso país.

    Argentina e Portugal exportam individualmente mais de 220 milhões de litros e consomem mais de 1,0 bilhão e 450 milhões de litros respectivamente. Se nos prepararmos para fazer algo semelhante em qualquer das pontas, teremos uma grande indústria e grandes oportunidades de trabalho.

    Abcs
    Humberto Leite
    Sócio CHALÉ PIZZA WINE BAR-SP
    São Paulo
    SP
    12/01/2010 É bom mesmo que tenhamos mais cursos!!!

    Eu, pessoalmente, trabalhei anos como consultor de WINE BUSINESS em São Paulo (quantas vezes apresentei meu cartão e tive que explicar o que era isso...). Sempre embasado em cursos técnicos sobre vinhos, administração de empresas e outros voltados a negócios.

    Mas nada como conseguir um título em um curso de WINE BUSINESS. Graças a Deus este mercado em que eu aposto há vinte anos, por incentivo do meu falecido Pai e guru empresarial, que um dia me disse: Qual negócio que você gosta, domina e sabe algo sobre? Invista nele !

    Agora gera mais esta oportunidade para quem quer ser formalmente reconhecido como um profissional de WINE BUSINESS, através de um curso focado nisso. E adianto que outros cursos já estão em várias incubadoras tão conceituadas quanto a FVG e que em breve estarão sendo noticiados... Ainda bem!

    Abs a todos.
    Luciano Neto
    Enólogo
    Porto Alegre
    RS
    12/01/2010 Caro Schiffini,

    Creio que o complemento para sua pergunta é responder às seguintes:

    Para quem? O que? Por quem?

    Vou explicar. Eu percebo que no Brasil, sério mesmo, só o curso de Enologia (nível técnico e tecnológico) do Instituto Superior do RS (Ex CEFET de Bento Gonçalves, Ex Agrotécnica, Ex Colégio de Viticultura e Enologia)... o resto é chover no molhado e caça-níquel.

    O que se precisa para um curso sério no país é: primeiro definir para quem é o curso (comercial de vinhos, sommeliers, restauranteurs, gastrônomos, enólogos, enófilos, empresários rurais, curiosos). É preciso definir bem o alvo e focar num só, chega de curso para todo mundo que não agrega nada para ninguém.

    Segundo, o que será ensinado: se o negócio é wine business, então o curso terá disciplinas de administração de negócios focada para o mercado vitivinícola.

    E, finalmente, em terceiro vem o "Por quem?". O curso tem que ser ministrado por professores que reunam formação acadêmica e conhecimento profissional na área. Não pode ser por enófilos ou consultores que construiram suas imagens mais em cima de marketing pessoal que de conhecimento mesmo. Eu sou da opinião que professor tem que ser de fonte acadêmica, embora saiba que escolas como a FGV e ESPM prefiram os professores tipo "figurões" do mercado (aqueles com experiência comprovada, não com conhecimento comprovado).

    Enquanto estes cursos continuarem sendo feitos por curiosos e apaixonados que deixaram suas profissões para a qual de fato se prepararam e começaram a dedicar o seu tempo ao vinho, mais pelo gosto de beber do que qualquer outro, nunca teremos, de fato, cursos sérios neste país.
    Pablo Fest
    Barman
    Rio de Janeiro
    RJ
    12/01/2010 Concordando e discordando.

    Wine business é voltado para aspectos de comercialização do vinho com foco em formar executivos do vinho. Sou administrador de empresas e pendurei meu diploma por falta de interesse do mercado pelo meu diploma e minhas habilidades. Voltei às minhas origens de Garçon e Barman, especializei-me como barista e enófilo. E pretendo tornar-me um bom cozinheiro, deixando o amadorismo. Diplomas dos cursos tenho todos à exceção do que não fiz. Apenas para constar nos autos e vender-me melhor minha imagem. O ordenado é inferior ao que ganharia como administrador, mas... Estudei para conseguir algo melhor como todos dizem e o melhor para mim era continuar onde estava. O trabalho é que forma, e não diplomas.

    Mas, conhecer os meandros da negociação do vinho e vendê-lo mais e melhor tornando-o acessível à todos (claramente os bons vinhos), me faz desejar mais um papel na minha parede. Além do que, meu contato com grandes figuras do mundo do vinho são rápidos e o aprendizado é pouco. Este lado é interessante.

    Certamente meu maior desejo, que não se realizará, é fazer o curso de vitinicultura e enologia no Sul. Tenho dupla cidadania e nem consigo sair da minha cidade.

    Em suma, este curso, para mim, caso eu faça, representaria uma oportunidade de entrar em contato com grande figuras do mundo do vinho e aprendendo com eles os meandros do mesmo, com foco em negócios.
    Marcus Ernani
    Leitor
    Rio de Janeiro
    RJ
    13/01/2010 Vejamos, uma coisa é ministrar aula, TER e SABER passar conteúdo. Isso dá trabalho e requer comprometimento por parte do “professor”.

    Outra coisa é uma sala cheia de curiosos, onde a aula em si, é um tremendo bate papo! E nisso a FGV/RJ é craque! Então, é melhor investir o valor do curso em vinhos e transformar a mesa de “bar” em sala de aula!

    Obs. E o MBA de Vinhos da Universidade Candido Mendes? Seria bom ouvir a opinião desta turma! Pois me parece que o conteúdo e a proposta são muuuuuuito parecidas!
    Rafael Pazin
    Sommelier
    Rio de Janeiro
    RJ
    30/04/2010 Pois bem pessoal, vejo muita controvérsia nisso tudo. Acho normal, pois nós brasileiros, andamos atrás de grande países produtores e consumidores da bebida (vinho lógico). Quanto ao curso, só gostaria de saber uma coisa. Hoje(28/04/2010), pelo meus conhecimentos, o curso - Wine Business - foi adiado por duas vezes o seu início. Motivo: falta de alunos!!! (matrículas). Parece que só foram 10 (dez) inscritos.

    Pois bem, já que o curso é negócio, como a FGV não conseguiu atrair o número mínimo (20 pessoas) de pessoas para iniciar o curso? Falta de planejamento? Falta de divulgação? Mkt? o que houve? Como posso confiar nesse corpo docente e ainda pagar R$ 6.500,00 pelo curso?

    Bom, para finalizar, sou um dos inscritos e interessadíssimo nessa especialização, mandei e-mails, telefonei várias vezes para a coordenação da FGV, e sinceramente, não me passaram segurança nas informações. Gostaria de ver mais competência.

    Abs,
    Rafael Pazin
    EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]