Sob o sol da Toscana
Elisabetta Gnudi Angelini é uma charmosa senhora italiana que diz: "Era meu sonho, desde criança, morar no campo, acompanhar o ritmo lento das estações que se sucedem, deixar o olhar correr pelo horizonte e encher meu coração com paz e alegria. Isso, para mim, é a Toscana!" Bem, vamos combinar que é para ela e para toda a torcida do Flamengo!
Hoje em dia, seu sonho foi realizado com a propriedade, não de uma, mas de 3 vinícolas nas mais importantes regiões da bela Toscana: Caparzo, em Montalcino, Borgo Scopeto, em Castelnuovo Berardenga, no coração do Chianti Classico, e Doga delle Clavule, na Maremma.
E uma amostra dos vinhos dessa trindade, tivemos a oportunidade de provar na sede da SBAV, em Botafogo, em uma degustação promovida pela MMV Importadora, de Curitiba. Foi uma noite excepcional, num ritmo divertido - como é a marca registrada dos eventos da SBAV - e conduzida pelo diretor da exportações da vinícola, Mario Turrini, que conseguiu uma perfeita interação com a platéia, muito embora falando em italiano e nós sem entendermos a metade do que era dito.
Eu, pelo menos, entendi que a filosofia da casa era manter a tradição, sem se deixar levar pela moda. Fiquei surpreso ao saber que os vinhos eram envelhecidos em tonéis de 8.500 litros, usados por até 14 anos. Parecia uma volta ao passado, mas Mario afirmou que o objetivo não era produzir vinhos "mudernos". A surpresa aumentou quando nos foi servido o terceiro vinho, com fragrantes aromas de baunilha que contradiziam o tal do envelhecimento à moda antiga. Eu questionei, ganhei uma explicação em italiano e desisti de entender, passando apenas a me deliciar com o que estava dentro das taças.
De volta ao começo, provamos um Caparzo Bianco IGT Toscana 2008, que de tradicional não tinha nada. Era um corte das internacionais Chardonnay, Sauvignon Blanc e Gewürztraminer, com muito frescor e muita fruta, com aromas cítricos, de pêssego e ervas aromáticas. Em seguida, provamos outro vinho que apontava muito mais na direção da modernidade, o Caparzo Rosso IGT Toscana 2006, um corte das tradicionais Sangiovese e Colorino, com as importadas Cabernet Sauvignon, Syrah e Merlot e de um estilo fácil, jovem, macio e frutado, mas essencialmente gastronômico.
O terceiro vinho era do Borgo Scopeto, o Chianti Classico DOCG Riserva Misciano 2005, que era o tal que recendia a deliciosa e elegante baunilha, fazendo os presentes suspirarem de satisfação. Na sequência, recebemos o Caparzo Rosso di Montalcino 2005, esse sim bastante tradicional, com aromas de rosas e framboesas, e uma boca aveludada e fresca.
Para completar a noite, uma surpresa: junto com o Caparzo Brunello di Montalcino DOCG 2003, Duda Zagari, da Confraria Carioca, ofereceu, de sua adega particular, o mesmo vinho, mas da safra de 1999. Nada mais oposto um do outro. Para quem não lembra, 2003 foi aquele ano de calor senegalês nas usualmente moderadas terras européias e que levou as videiras a uma maturação jamais imaginada. Com isso, o primeiro vinho era intenso, com aromas de passas e frutas compotadas com teor alcoólico de 14%, enquanto o 1999 era mais elegante, mineral, aromas animais e com previsão de longa guarda.
Oscar Daudt |
