 Depois de um recesso - quase parlamentar - de 4 meses, eis que um dos grandes programas para os enogastrônomos cariocas está de volta: é Uma noite na Adega, do restaurante Garcia & Rodrigues, que a cada edição dedica-se a um país ou região vinícola. O chef Christophe Lidy, então, solta sua criatividade com releituras da cozinha da região escolhida e o sommelier João Pedro Lamonica se encarrega de harmonizá-las com os vinhos de um determinado importador. A fórmula tem feito tanto sucesso, sempre com a casa cheia, que agora vai ser replicada no Garcia & Rodrigues da Barra da Tijuca.
O reinício foi com uma noite a rigor. Utilizando o tema Sob o sol do sul da França, os vinhos escolhidos desta feita eram da importadora KB-vinrose, que foram apresentados pelo professor da ABS Roberto Rodrigues, que deu um show a parte: detalhista, animado, atencioso e divertido, Roberto conquistou a atenção de todos e fez a noite fluir suavemente.
Essa foi a segunda vez que o tema do jantar é dedicado à França e, quando isso acontece, dá para notar que o Christophe fica particularmente mais expressivo em suas escolhas. Iniciamos com o Duc de Raybaud Espumante Chardonnay Brut, leve, cítrico e refrescante, acompanhando o couvert que, em homenagem à Provence, ofereceu um fantástico pão, típico daquela região, o Fougasse, com um belíssimo formato de folha, todo recortadinho, e uma crocância invejável. Era enorme, cerca de uns 25-30cm, e eu que sou apaixonado por pães, não conseguia parar de comer e quase que
devorei um inteiro, só com azeite. Ô festão!
Bem, sul da França sem vinho rosé não existe e o prato seguinte, uma Salada de Polvo, com laranja e grapefruit, era delicioso, quanto mais ainda que enfeitado pela linda cor do Domaine de Pontfrac Rosé 2008, corte de Grenache, Cinsault e Carignan, que recendia a frutas e flores.
O melhor vinho da noite veio a seguir, o Château Puech-Haut Prestige Blanc 2007, elaborado com Roussanne e Marsanne, era carnudo, intenso, perfumado e, como não se notava seus 14,5% de álcool, eu bebi feito água para acompanhar o Duo de trilha e camarão com mini ratatouille, momento mágico do chef Christophe. Eu não sei quanto custa esse vinho, mas quando forem jantar lá no Garcia, eu recomendo experimentar.
Depois disso, tudo o que viesse era lucro e o Château Puech-Haut Prestige Rouge 2005, de Syrah e Grenache, acompanhou o Navarin de Cordeiro com favas e hortelã de forma insinuante. Como era o Dia do Beijo, os dois não queriam mais se desgrudar.
O João Pedro não se conforma e o Christophe deve ficar ofendido, mas apesar de as sobremesas serem o forte da casa, eu sempre passo. E dessa vez não foi diferente e deixei intocado o bonito Trio Provençal. Teve gente que ficou de olho nele...
Oscar Daudt |