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Portugal
Roberta Sudbrack

Não é fácil mudar de nome...

Há 20 anos, o cantor Jorge Ben, no auge de sua carreira, decidiu mudar de nome para Jorge Ben Jor. Alguns dizem que foram demandas da numerologia; outros afirmam que foi para evitar a confusão com George Benson, cantor e guitarrista americano. Seja lá por qual motivo for, ainda hoje, é raro encontrar um brasileiro - afora os locutores de rádio - que o chamem pelo novo nome. É Jorge Ben, e pronto!

É claro que a região portuguesa Ribatejo não escutou os astros quando decidiu se reinventar como Tejo. Essa região vinha de uma longa história de produção de vinhos baratos, elaborados em grandes volumes e virtualmente ignorados pelo mercado internacional. E rapidamente perdendo terreno também em Portugal. Mudar para melhor era imprescindível!

Portanto, quando eles decidiram sacodir a poeira e dar a volta por cima, passaram a privilegiar a qualidade, em lugar da quantidade. Transplantaram os vinhedos para terrenos menos férteis e fizeram a aposta em castas de melhor qualidade e adaptação ao solo.

Outra decisão - esta de cunho emblemático - foi se rebatizar para Tejo, de forma a evidenciar a ruptura com todo o passado que condena. Um dos motivos alegados para a troca de nome foi o de permitir que os consumidores de língua inglesa pudessem pronunciá-lo com maior facilidade do que o complicado nome anterior. Só que esqueceram que a letra J é uma das menos utilizadas pelos anglófonos e quase inexistente no meio das palavras daquele idioma. Se o motivo era esse, talvez tivesse sido melhor trocar o nome para Riba!

Brincadeiras à parte, o fato é que a CVR Tejo vem desenvolvendo o trabalho de percorrer o mundo tentando catequizar os enófilos de que o Ribatejo não mais existe. Luta inglória, por sinal, já que na própria apresentação da nova região, algumas garrafas ainda estavam identificadas como vinhos do... Ribatejo. Realmente, não dá para mudar tudo no mesmo dia...

Mas por mais que os rótulos sejam importantes, o que realmente conta é o que está dentro das garrafas e eu fiquei vivamente impressionado com a qualidade e a variedade de estilos dos vinhos degustados. Sob o comando de Jorge Lucki - mais um engenheiro que trocou a régua de cálculo pelas garrafas - o evento foi informativo, descontraído e repleto de deliciosos vinhos tejanos (é assim mesmo?).

Os quatro rótulos da Vale d'Algares me deixaram entusiasmado. O primeiro branco, Guarda Rios Branco 2009, tinha um nariz discreto mas uma boca intensa e muito agradável. O segundo, Vale d'Algares Selection Branco 2009, um impensável corte de Viognier, Alvarinho e Verdelho, resultou em um nariz magnífico e uma boca melhor ainda, com grande estrutura, excelente acidez e muita personalidade. Virei fã! Quanto aos 2 tintos, o primeiro, Guarda Rios Tinto 2008, oferecia exuberantes aromas de balas toffee e ameixa preta e com uma boca elegante e fresca. O segundo, ainda melhor, corte de Touriga Nacional e Petit Verdot, repetia as balas toffee, agora temperadas com canela e baunilha, e uma boca com muita fruta, perfeita harmonia, taninos redondos e boa persistência.

Oscar Daudt
Os vinhos
Guarda Rios Branco 2009
Produtor: Vale d'Algares
Castas: 35% Chardonnay, 25% Sauvignon Blanc, 25% Alvarinho e 15% Arinto
Álcool: 13%
Preço: 54 reais
Importador: Premium Wines
Vale d'Algares Selection Branco 2009
Produtor: Vale d'Algares
Castas: 55% Viognier, 30% Alvarinho e 15% Verdelho
Álcool: 14%
Preço: 75 reais
Importador: Premium Wines
Guarda Rios Tinto 2008
Produtor: Vale d'Algares
Castas: 40% Syrah, 40% Touriga Nacional e 20% Merlot
Álcool: 14%
Preço: 69 reais
Importador: Premium Wines
Vale d'Algares Selection Tinto 2008
Produtor: Vale d'Algares
Castas: 64% Touriga Nacional e 36% Petit Verdot
Álcool: 14%
Preço: 120 reais
Importador: Premium Wines
Quinta da Alorna Branco 2008
Produtor: Quinta da Alorna
Castas: Arinto e Fernão Pires
Álcool: 12,5%
Importador: Adega Alentejana
(foto de arquivo)
Fiuza 3 Castas Branco 2009
Produtor: Fiuza & Bright
Castas: Chardonnay, Arinto e Vital
Álcool: 13%
Sem importador
Encosta do Sobral Tinto 2005
Produtor: Encosta do Sobral
Castas: 50% Castelão, 20% Cabernet Sauvignon e 30% Touriga Nacional
Álcool: 13%
Sem importador
Fiuza Premium Tinto 2007
Produtor: Fiuza & Bright
Castas: Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon
Sem importador
(foto de divulgação)
Quinta do Casal Branco Tinto 2007
Produtor: Quinta do Casal Branco
Castas: Castelão, Trincadeira, Cabernet Sauvignon e Alicante Bouchet
Álcool: 13,5%
Importador: D'Olivino
O almoço
Tartare de abóbora
Tão delicioso quanto microscópico
Risoto de linguiça e escarola defumada Pato braseado em frutas secas
Os anfitriões
Edna Barbosa, da CVR Tejo, e Rita Martins, da Fiuza & Bright David Ferreira, da Casal Branco, e nosso colunista Marcelo Copello João Vilar, da Vale D'Algares
Tiago Macena, da Quinta da Alorna, com sua importadora, Madeleine Patrício, da Adega Alentejana Fernanda Fonseca, organizadora do evento Os produtores com Alfredo Rente, da agência portuguesa Opal
Os participantes
Euclides Penedo Borges, presidente da ABS-Rio
Jorge Lucki comandou a apresentação dos vinhos Paulinho Gomes, presidente da SBAV-Rio
Jô Sodré João Pedro Lamonica, sommelier do Garcia & Rodrigues Juliana Dias, da Malagueta Comunicação
Ricardo Farias, diretor da ABS-Rio Sergio Pagano, da Enosfera, e o fotógrafo oficial do evento David Ferreira. da Casal Branco, e Erico Pereira, da Importadora Winemaker
Yann Lesaffre, do Mr. Lam, e Duda Zagari, da Confraria Carioca, em ritmo de Copa do Mundo Atendendo a inúmeros pedidos dos leitores, as belas eslovenas Mojca e Mateja Henry Schneider, sommelier do SENAC
Cesar Chiappetta, sommelier da Pizzaria Stravaganze Eder Heck, sommelier do Mr. Lam Os colunistas do EnoEventos, Luciana Plaas e Alexandre Lalas
Vanda Klabin
O serviço foi comandado pelo sommelier Brás Carolina Amorim, da Malagueta Comunicação
A platéia da palestra Uma das mesas do almoço A pedidos, El Javierito
 
Comentários
Duda Zagari
Confraria Carioca
Rio de Janeiro
RJ
20/06/2010 Fala, Oscarito querido!!! A homenagem é ao meu amigo Javier*!

Abs

(*) Nota do editor: A referência é a Javier Gabarain, da Importadora Península.
Sergio Pereira
Aprendiz de feiticeiro
Nova Fruburgo
RJ
21/06/2010 "Brincadeiras à parte"; tente pelo menos fornecer um texto bem escrito.

Brincadeiras à parte, o fato é que a CVR Tejo vem desenvolvendo o trabalho de percorrer o mundo tentando catequisar (CATEQUIZAR) os enófilos de que o Ribatejo não mais existe.

Seu leitor fiel.
Sergio Pereira

Sérgio, obrigado pela correção. Já alterei...

Aproveito para informar que o nome de sua cidade é Nova Friburgo e não Nova Fruburgo... hehehe...

Abraços,
Oscar
Rodrigo Moura
Sommelier
Rio de Janeiro
RJ
21/06/2010 FALA OSCAR,

MUITO INTERESSANTE E CORAJOSA ESSA DECISÃO DOS PRODUTORES DA REGIÃO; SE REALMENTE ESTIVEREM PRIMANDO PELA QUALIDADE, EM POUCO TEMPO ATINGIRÃO UM BOM STATUS.

BOA SORTE A ELES E PARABÉNS A VC PELO SUCESSO CADA VEZ MAIOR DO SITE.

UM GRANDE ABRAÇO.
Gustavo Silveira
Enófilo
Rio de Janeiro
RJ
25/06/2010 Realmente espero que a mudança não fique apenas no nome da Região, e finalmente atinja a qualidade dos vinho do Ribatejo, digo Tejo.

Ps. Parabéns pelo texto, você continua o mesmo: Agradável e Elucidativo.
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]