Chila |
 Dica passada por minha amiga Janani Vilela, o Chila foi o melhor momento gastronômico desses 5 dias em Buenos Aires. Um restaurante caro para os padrões portenhos - aqui no Rio seria considerado de preço médio - é uma experiência imperdível que eu recomendo sem titubear. Amplo, requintado, bem decorado, aconchegante, com um serviço gentil e irretocável, é o tipo de lugar que dá prazer em passar uma noite de alta gastronomia.
Os pratos têm preço fixo: entradas a 85 pesos (45 reais), pratos principais a 130 pesos (68 reais) e sobremesas a 65 pesos (34 reais). Mas eu achei mais interessante os dois menus-degustação disponíveis: a degustação clássica, a 290 pesos (152 reais), e a degustação gourmet, a 400 pesos (210 reais). Ambas oferecem 6 etapas que com as invitaciones da jovem e bonita chef Soledad Nardelli chegaram a 8 etapas. Os menus têm a opção de serem servidos com vinhos harmonizados. Neste caso, o primeiro passa a custar 380 pesos (200 reais) e o segundo, 550 pesos (289 reais).
 Optamos pela degustação clássica harmonizada (clique na figura à direita para conferir os pratos servidos). Iniciamos com um espumante das Bodegas del Fin del Mundo que, com a discreta iluminação do local, bem parecia rosé, mas o garçom jurava que era branco. Os vinhos branco e tinto servidos eram Saint Felicien, uma linha da Catena Zapata para o mercado argentino, posicionada entre as linhas Alamos e DV Catena. Ótimos vinhos. Ao final, para acompanhar a sobremesa, ainda veio um late harvest, mas àquela altura do campeonato eu nem consegui aprender a marca.
Os pratos eram belíssimos, criativos e deliciosos. Cheios de diferentes texturas e ingredientes, a cada garfada era como se a gente descobrisse um novo sabor. Inesquecível!
Eu repito a minha clássica recomendação: se você só tiver uma noite em Buenos Aires, não hesite, vá direto ao Chila e depois me agradeça.
Serviço: Chila Alicia Moreau de Justo, 1160 Puerto Madero Reservas: 4343-6067 |
Marcelo Ristorante |
 Outra maravilhosa experiência gastronômica desta viagem foi o restaurante Marcelo, também localizado em Puerto Madero, um restaurante de cozinha italiana de excelente qualidade.
Aqui no Rio de Janeiro nós não estamos acostumados com amplos espaços em nossos restaurantes, normalmente acanhados e apinhados de mesinhas pequenas e desconfortáveis para maximizar a ocupação. Portanto, chamam a atenção praticamente todos os restaurantes de Puerto Madero, espaçosos, com mesas grandes e sempre com boa distância entre elas, oferecendo privacidade e silêncio. Coisa de primeiro mundo.
Sentamos na varanda (fechada nessa altura do ano) e desfrutamos de uma bela vista para a antiga zona portuária, totalmente recuperada com belos prédios comerciais e residenciais. Um exemplo a ser seguido pelo Rio de Janeiro.
De entrada, pedimos um Piatto venetton di centolla, salmone rosso e gamberetto (120 pesos, 63 reais), frescos e macios. Excelente. Os pratos principais, conforme recomendação do garçom, são para duas pessoas e dividimos o delicioso Pappardelle con hongos abruzzesi (95 pesos, 50 reais), com cogumelos, que estava igualmente maravilhoso. Também, pudera, acho que devia ter um tablete inteiro de manteiga na receita...
Ao final, com um vinho Saint Felicien Sauvignon Blanc (130 pesos, 68 reais), a conta totalizou 377 pesos (198 reais) para dois.
Essa é outra dica que eu assino embaixo.
Serviço: Marcelo Ristorante Alicia Moreau de Justo, 1140 Puerto Madero Reservas: 4342-8243 |
Sagardi Euskal Taberna |
 Eu pessoalmente acho que a Feira de San Telmo é um verdadeiro programa de índio guarani. É praticamente a mesma coisa que o canteiro central da Avenida Atlântica. A grande diferença é que enquanto em Copacabana o idioma oficial é o inglês, em San Telmo fala-se o português e a moeda oficial é o real.
Pois em meio a uma profusão de barracas, camelôs, hordas de turistas, estátuas humanas e dançarinos de tango, a Sagardi Euskal Taberna (Taberna Basca Sagardi) se destaca como um oásis em meio ao tumulto. É uma filial da rede espanhola Sagardi, com um visual de encher os olhos e uma gastronomia de encher o estômago. É simplesmente imperdível.
O esquema é o seguinte: são dezenas de diferentes tipos de pintxos - um canapé típico do país basco servido sobre uma fatia de pão. Cada pintxo custa 9 pesos (4,70 reais) e você mesmo se serve daqueles que escolher. Há sempre um solícito atendende para explicar o que há em cada um deles, pois não é tão óbvio assim descobrir. Em cada pintxo há um palitinho espetado e o consumo é declaratório: ao final você conta quantos palitos tem e paga por isso. Altamente civilizado!
Os pintxos em exposição são lindos e deliciosos, conforme vocês podem ver nas fotos abaixo. E como são facilmente acessíveis, é impossível manter a temperança. E a toda a hora passa um garçom com um prato de pintxos quentes, saídos na hora. Resistir quem há-de?
Os vinhos são servidos em taça ou em garrafas e o mais adequado seria harmonizar com os vinhos bascos, da casta branca Hondarribi Zuri. Mas eu pedi uma prova desse vinho e achei horroroso. Deve ser o tal do gosto adquirido. Portanto, preferimos jogar na certeza e pedimos uma garrafa de O. Fournier Bcrux Sauvignon Blanc 2009 (99 pesos, 52 reais) que foi uma maravilha para aquela tarde de inverno surpreendentemente quente.
Mas quando a garrafa terminou, caí na asneira de pedir um Colomé Torrontés 2008 (89 pesos, 47 reais). Quando eu conheci esse vinho nos idos de 2006, achei maravilhoso. Mas meu gosto evoluiu e atualmente não consigo mais aguentar o exagerado perfume dessa casta. Foi um sacrifício terminar a garrafa, mas como já havia pago, não podia desperdiçar...
Serviço: Sagardi Euskal Taberna Humberto Primo, 319-333 San Telmo Reservas: 4361-2538 |
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The Kilkenny |
 Lugar com música alta e cheio de gente não é exatamente a minha praia. Mas contrariando esses paradigmas, fiquei encantado com o The Kilkenny Irish Pub, localizado bem no centro de Buenos Aires, na esquina da Reconquista com a Marcelo T. de Alvear. Devia ser o clima, o momento... Era uma sexta-feira, fim de tarde, e a happy hour estava a pleno vapor.
Bem ao estilo de um pub, mas com requintes de decoração, música alta mas não ensurdecedora e, principalmente, uma cerveja inesquecível: a Gambrinus Gaelic Pale Ale, uma cerveja artesanal argentina, de cor avermelhada e uma intensidade ímpar, um delicioso amargor e principalmente uma permanência impressionante. Não quis nem provar as outras.
E como havia uma promoção de fim da tarde, duas canecas de um pint (600ml) eram oferecidas por 35 pesos (18 reais). Era de perder a conta...
Serviço: The Kilkenny Irish Pub Marcelo T de Alvear 399 Centro 4312-7291 |
Sottovoce... |
 Essa é uma anti-dica. É só para os leitores evitarem de gastar o precioso tempo de viagem com um restaurante medíocre.
À exemplo do Marcelo, o Sotto Voce está localizado em Puerto Madero, é um amplo restaurante de cozinha italiana e as porções são para duas pessoas. As semelhanças, no entanto, terminam por aí. O restaurante é feio e a iluminação exagerada mais lembra uma Drogaria Pacheco. A comida é mal-apresentada. O couvert então era de chorar, com fiambres já queimados pela oxidação, favas envoltas em uma maionese endurecida e transparente. Como entrada pedimos Calamarettis fritos, bons, e Berenjenas Parmigianas, bem fraquinhas.
O prato principal foi Spaghetti nero con langostinos,que foi o melhor prato da noite.
O serviço era acelerado e desatento, e ficou clara a impressão de que queriam que terminássemos logo para liberar a mesa. Um desapontamento.
Serviço: Sottovoce... Restaurant Alicia Moreau de Justo, 176 Puerto Madero Reservas: 4313-1199 (mas não recomendo...) |
El Potrillo |
 Essa sim é uma anti-dica absoluta. É para nem passar pela frente. Foi o pior momento gastronômico da viagem.
Na verdade, planejamos jantar na Cabaña Las Lilas, mas infelizmente eles não fazem reserva. Decidimos então chegar cedo (20:30h) mas mesmo assim a fila de espera já era longa. E, à exemplo dos Outbacks cariocas, davam um pager para esperar a chamada. Isso me deu uma má impressão e tomei a decisão errada de não ficar nessa famosa e bem avaliada churrascaria. Quanto arrependimento!
Exatamente ao lado, havia o El Potrillo, que naquele momento estava vazio, e foi enchendo à medida em que o tempo passava. Já imaginei que ele estava ali para pegar as sobras da Las Lilas.
O couvert (20 pesos, 10,50 reais) era sofrível, com pães ruins e requentados. De entrada, pedimos uma linguiça (16 pesos, 8,40 reais), apenas razoável. E como prato principal, pedimos a especialidade da casa, um Assado de costilla (63 pesos, 33 reais) e um indefectível Bife de chorizo (53 pesos, 28 reais). Para acompanhar, Papas españolas (24 pesos, 13 reais). Quando a comida chegou, um horror! Ambas as carnes estavam frias e as batatas, molengas. Pedimos para esquentar as carnes e a emenda foi pior do que o soneto. Voltaram dois pedaços de carnes esturricadas, carbonizadas e... inacreditavelmente frias.
O garçom, ao ver que não iríamos, novamente, comer aquelas carnes, gentilmente ofereceu para rapidamente trocar por novos pedaços - segundo ele, especiais. Após mais uma longa espera, chegaram os dois novos pedaços e a costela - por mais difícil que seja de acreditar - estava fria. O bife, no entanto, estava quente, e foi o que nos salvou da fome. Porém, era uma carne fibrosa, sem suco e sem gosto. E as batatas, que haviam chegado molengas, vocês podem imaginar como é que estavam depois de tanta espera.
O vinho escolhido para acompanhar o jantar foi um excelente Alta Vista Terroir Selection Malbec que infelizmente terminou antes de as carnes chegarem em sua última versão. Pedimos, então, para complementar uma meia-garrafa de Luigi Bosca Malbec que, surpreendentemente, foi a coisa mais quente que pousou em nossa mesa...
Serviço: El Potrillo Alicia Moreau de Justo, 560 Puerto Madero Reservas: não façam |
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