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Comentários |
Rafael Mauaccad Enófilo São Paulo SP |
11/08/2010 |
Caro Oscar,
Pelo seu relato, a Vinissimo vem para disputar posição no mercado de qualidade. Aqueles enófilos que leram a matéria, já devem ter acessado o wine-searcher, avaliaram os preços praticados, e tiraram suas conclusões.
Seu espanto quanto ao preço de R$2150,00 pela garrafa do Astralis 2007 não é descabido, se comparado aos Hermitage de J L Chave, icone do Rhone Norte, que custam quase a metade na Mistral. Agora se comparado ao Grange da Penfolds, na mesma Mistral, é só 20% mais caro!
No mercado norte-americano o Astralis esta cotado entre US$200 e US$300, conforme local e safra. O colecionador brasileiro que comprou a caixa com 06 garrafas, se o fez para investimento, terá que aguardar muito tempo para realizar qualquer lucro, pois o preço em leilão nos EUA está no entorno do valor de US$175 por gf. É melhor bebê-los enquanto estiverem vivos!
Recado à Vinissimo, "o consumidor brasileiro necessita de vinhos de qualidade a preços ACESSÍVEIS!!"
Abraços, Rafael |
José Paulo Schiffini Enófilo da velha guarda Rio de Janeiro RJ |
12/08/2010 |
Tive o prazer de ser convidado para a sessão das 16:00, onde participavam sommeliers e pessoas mais técnicas e menos pessoas de associações profissionais, vendedores, jornalistas, etc... ,como no almoço relatado.
A esta altura o enólogo já estava cansado da longa viagem, do almoço nababesco e da Grappa no espetacular anexo Café do Terzetto, que oferece preços mais do que justos, com comida da mesma qualidade do restaurante, isto é: mesmos componentes, mesmo chef e mesmos vinhos da carta mais premiada e atualizada diariamente do Brasil pelo meu amigo Joãozinho; mas mesmo assim, Roman, o enólogo, com seu sotaque Cokney misturado com sua ascendência ucraniana, consegui abrir seu olho direito que, quando descansava entre uma palavra e outra, vivia fechado como aqueles olhos de pirata de outrora.... Bom vivant, simpático, bioquímico desertor, enólogo teórico e perfeccionista por paixão!!! Esta última qualidade para mim basta.
A relação de vinhos servida foi um pouco diferente da que foi servida no almoco, mas mesmo assim, divirjo da opinião dos que acharam os vinhos muito caros.
Todos os vinhos do Roman são, na média dos últimos 10 anos, pontuados com uma regularidade melhor do que os melhores vinhos franceses, pois estes últimos muitas vezes não alcançam a média de 96,5 pontos; maldito clima de Bordeaux ou da Borgonha que influencia muito nas safras, contra a regularidade cósmica de Clarendon Valley.... Além de se considerar que os vinhos do Roman, são todos single vineyard, 100% varietais, com leveduras nativas e com interferências mínimas da Biodinâmica que ele não acredita, etc. etc.
Desafio aos que ainda acreditam na superioridade dos vinhos franceses: "Name french wines you know", com estas características que Roman usa? Roman ao fazer vinhos desta forma "aposentou" até o nariz do "Miguel enROLLANDor" que andou vendendo consultoria ao meu amgigo Adriano da Miolo... Acorda Adriano!
Logo, para mim, o preço cobrado por eles lá na fonte cerca de US$ 300.00, ou em reais cerca de RS$ 600,00 descontados os vergonhosos impostos e as imundas taxas de intermediação várias, para mim, os vinhos do Roman não são caros, pelo prazer que ví tais vinhos proporcionarem a todos os presentes...
E se formos comparar com o "absurdo" dos preços dos vinhos tintos nacionais que nos são impostos ao nível de RS$ 200,00 plus, ou até, como eu gosto de comparar com minha moeda preferida: com os pares de tênis, turbinados a ar e pela publicidade e propaganda maldosa, que nossos filhos gastam em tenis de cerca de RS$ 1000,00, podiamos dizer que o prazer comparativo entre ver nossos filhos consumirem pares de tênis caríssimos e bebermos os melhores grenaches do mundo, ou os Shiraz do outro mundo que Roman elabora ou até mesmo o Cabernet Sauvignon, único vinho do Roman que não gostei, porque ficará pronto apenas daqui a 30 anos, quando eu já estiver no outro mundo...
Aliás, gostei da resposta que ele me deu. Quando soube que o cabernet ficaria pronto só daquí há 30 anos, pensei logo nos vinhos mais longevos que conheço, os espanhóis: Marques de Murrieta - Ygay, Vega Sicilia - Único, etc, elaborados com Tempranillo, a mesma uva que Oz Clark preconiza que será a nova grande promessa da Austrália. Eu perguntei: "Roman, você está tentando, plantando novas castas, por exemplo como a Tempranillo?" Ele desenhou no ar: N-O = no! "I am too old for tempranillo....". Personalidade é isso!!!
Mais difícil do que a profissão de Enólogo, que tem pouco tempo de vida útil, e um tempo menor no apogeu, apenas a profissão de técnico de futebol, que o diga Mano Menezes...
Parabéns à Víníssimo, continue trazendo celebridades da enologia ao Brasil.
Schiffini com a pilha toda |
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