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Bergut | |
 "O gosto é construído por milhares de desgostos." Paul Valéry Gosto se discute? Degustações às cegas são sempre divertidas e as torcidas se organizam - com vuvuzelas e tudo mais - na algazarra das predileções. Desta feita não foi muito diferente, mas o evento Qual o meu espumante preferido? resultou ainda mais emocionante do que os demais. Houve uma mistura de cores nacionalistas, com representantes do Chile, da Argentina e do Rio Grande (eu!) tentando puxar a brasa para o seu espumante. O condutor da degustação, Paulo Nicolay, descia de seu pedestal de imparcialidade para, sem pudores, defender as cores nacionais... francesas. Claro que sempre há aqueles que insistem em "acertar" o resultado, por mais que o anfitrião José Grimberg repetisse que buscava-se o vinho que mais agradasse a cada um, e não o melhor vinho. Junte-se a tudo isso o fato de a degustação oferecer nada menos do que 13 rótulos - uma temeridade, eis que os participantes tinham de descer uma escada ao final do jantar - e está completa a receita de uma das noites mais agradáveis dos últimos tempos. O esquema da degustação Os vinhos foram apresentados, às cegas, em três baterias de 4 ou 5 rótulos, que acompanhavam as três etapas salgadas do cardápio. Para cada bateria, os participantes deviam classificar os vinhos em ordem de preferência, e essa classificação era incluída em tempo real na planilha de resultados. Ao final, os 3 espumantes vencedores de cada bateria formaram o pelotão final que foi então re-submetido à classificação dos degustadores. Como resultado dessa tecnologia avançada, da diversidade de gostos da platéia e do efeito animador das incontáveis taças, o grupo escolheu os três rótulos preferidos: O fato de o evento contar com a presença do Diretor Comercial da Concha y Toro no Brasil, Francisco Torres, fez surgir um zum-zum-zum de que o resultado tenha sido manipulado para agradar o ilustre convidado, mas eu sou testemunha da lisura do processo empregado. Mas, sei lá, também não ponho minha mão no fogo, já que o computador poderia ter sido contaminado com o infame diferencial delta da Proconsult, do longínquo ano de 1982. Eu, descontente com o resultado, num ato de protesto, publico aqui a lista dos meus preferidos: E com esse resultado, ainda tenho a coragem de afirmar que o Paulo Nicolay está vendido para os gauleses... A casta Glera Na folha de descrição do evento, os 3 Proseccos incluídos constavam como sendo elaborados com a casta Glera. Glera!!!???!!! O que é isso? Bem, vivendo e aprendendo, pois Paulo Nicolay nos contou que o Consorzio Prosecco recentemente decidiu proteger a sua marca das inúmeras imitações pelo mundo afora. Como a uva tinha o mesmo nome da denominação, qualquer um poderia plantar a casta Prosecco e estampar o famoso nome no rótulo. Agora, não mais. A casta passou a se chamar Glera - um nome histórico dessa uva - e Prosecco passou a ser a marca registrada da região. Tudo bem para quem planta essa casta na região demarcada: pode continuar a identificá-la como Prosecco. Mas os demais produtores que surfavam nessa onda, agora terão de mudar de nome. Já imaginou o novo espumante Salton Glera? Os banheiros da Bergut Após muitas taças de espumantes e muitos copos d'água, precisei visitar o banheiro. Isso, é claro, não seria assunto a ser relatado se não fosse a marcação das portas dos reservados: uma delas indica Pinot Grigio, enquanto a outra se identifica como Merlot. E daí, eu sou Merlot ou Pinot Grigio? Após um pequeno momento de estupor, decidi seguir a regra, prá lá de preconceituosa, de que vinho tinto é coisa de homem e vinho branco é coisa de mulher. Acho que acertei a lógica, mas uma codificação dessas fica um pouco estranha em uma loja de vinhos. Nova edição do evento Bem, se você gostou do que leu, ainda tem a chance de participar desse interessantíssimo evento. No próximo dia 15/10, em Niterói, a Bergut repete esse jantar-degustação. O preço é de R$170 e o telefone para reservas é o (21)2620-7666. Oscar Daudt |
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José Grimberg
Fernando Mello
Luciana Neiva
Marco Aurelio Motta Pinto Guedes
Lilian