 Vietti A vinícola Vietti está ligada ao vinho desde o século XIX, mas foi apenas no início do século passado que a família começou a engarrafar seus próprios vinhos. Em 1919, o patriarca Mario Vietti, transformou a propriedade da família, localizada em Castiglione Falletto, antes dedicada a várias culturas, para a produção exclusiva de uvas e vinhos.
Em 1952, quando o comando da Vietti foi transferido para seu genro, Alfredo Currado, é que começou o grande salto de qualidade da empresa, com a decisão de engarrafar as uvas provenientes dos melhores vinhedos separadamente, trazendo o conceito de terroir para a região de Barolo. Foram os cultuados Barolos Rocche, Lazzarito e Brunate, até hoje engarrafados e disputados pelos enófilos do mundo inteiro.
A vinícola valoriza as castas tradicionais do Piemonte e em sua propriedade não entram as castas internacionais. É só Arneis, Moscato, Dolcetto, Barbera e Nebbiolo. No almoço, oferecido pela Importadora Mistral, provamos o Roero Arneis 2009, cuja casta tipicamente produz vinhos com pouco acidez, para serem bebidos jovens. Com aromas florais e de peras e levemente frisante, é um vinho ideal para ser consumido como aperitivo nesses dias de calor insuportável que estamos vivenciando. Porém, conforme o produtor, essa casta é renomada como a perfeita harmonização para aspargos frescos.
O segundo vinho provado foi o um Barolo Castiglione 2005, vinho clássico da Vietti, é - digamos - o Barolo de entrada, sendo produzido a partir de uvas provenientes de vinhedos diversos, com até 35 anos de idade. Com reflexos granada e aromas de ameixas maduras, especiarias e toques florais, apresenta uma boca estruturada, com taninos marcados, elegante e persistente.
Coppo Outro ícone do Piemonte apresentando seus vinhos no almoço era a Coppo, também uma vinícola familiar, localizada na cidade de Canelli. Sem a xenofobia da anterior, em seus vinhos podem ser encontradas castas internacionais com a Chardonnay e a Cabernet Sauvignon. Por sinal, o primeiro dos vinhos provados era exatamente o Monteriolo 2006, 100% Chardonnay, vinificado ao estilo da Borgonha. Com uma belíssima cor dourada, é um vinho elegante, fresco e frutado, com aromas de flores brancas, camomila e avelãs tostadas e com um longo e delicioso final.
O segundo vinho foi o Pomorosso Barbera d'Asti 2005, ícone da vinícola e um dos mais prestigados vinhos da região, dominada pelos Barolos. Profundo, nele identifiquei complexos aromas de rosas, cerejas maduras, chocolate e baunilha, mas segundo seu irreverente produtor, o vinho apresenta viciantes aromas de marijuana. Não acreditem nele, pois como um inveterado fumante de cigarros (legais, é claro), seu nariz deve estar um tanto comprometido.
Bazzar O terceiro destaque do dia foi o criativo almoço do Bazzar de Ipanema, harmonizado por Cristiana Beltrão e executado pelo respeitado chef Cláudio de Freitas, que durante muitos anos comandou as panelas da Embaixada do Brasil em Paris. Cristiana teve requintes de delicadeza com os produtores, oferecendo um cardápio tipicamente carioca, com uma profusão de ingredientes brasileiros, em uma apresentação primorosa, que encantou os piemonteses (e a mim também). E nem esqueceu de, em um dos pratos, homenageá-los com uma tão surpreendente quanto deliciosa farofa de focaccia. Gol de placa!
Oscar Daudt |