 O futuro a Deutz pertence
A tradicional Champagne Deutz, fundada em 1838 em Aÿ, pertence a um grupo familiar que é proprietário de diversas casas vinícolas, dentre elas a emblemática Maison Louis Roederer. Mas Fabrice Rosset, presidente da Maison Deutz, fica particularmente irritado quando lhe perguntam se a Roederer é dona da Deutz. Sem muita paciência, ele explica que ambas as casas de champagne pertencem ao mesmo grupo, mas que não há relação de subordinação de uma para a outra.
É algo assim como o orgulho de um pai que assumiu a paternidade da empresa em 1996, quando essa engarrafava 600.000 garrafas por ano, e hoje anuncia, com orgulho, que seu filho adolescente produz a invejável quantidade de 2 milhões de garrafas anuais. Mas durante o almoço oferecido pela Deutz e pela Casa Flora, no restaurante Gero, em Ipanema, Fabrice repetiu, à exaustão, que esse astronômico crescimento não aconteceu em detrimento da qualidade de seus produtos e que 80% da uvas utilizadas são provenientes de vinhedos Grand Cru e Premier Cru (42ha próprios e 150ha de produtores parceiros).
Ainda segundo Fabrice, fazer um champagne topo de linha, safrado e exclusivo, é fácil. Complicado, mesmo, é fazer um champagne de entrada, mais barato, e que mantenha uma qualidade consistente de ano para ano, conforme a empresa vem conseguindo. E os planos da empresa, agora, são de aumentar sua participação no mercado internacional para se firmar com uma das 6 mais importantes Casas de Champagne. Um futuro e tanto que se descortina em seus planos.
E como podemos conferir com a degustação os dois vinhos não safrados, o Deutz Brut Classique (177 reais) e o Deutz Brut Rosé (235 reais) eram excelentes, principalmente o segundo com seus toques de rosas, leveduras e frutas secas. Já o Deutz Blanc de Blancs Brut 2004 (355 reais), um corte de três vinhedos de Chardonnay, era potente, cremoso, e um nariz que se equilibrava entre o frutado, o floral e as notas de brioche e tostados. Um show!
Mas bom, muito bom, prá lá de bom, era o Cuvée William Deutz Brut 1998, infelizmente distante de meu bolso a 622 reais. De cor ouro velho, brilhante, com aromas complexos de casca de pão, nozes, minerais e frutas passas, e uma boca exalando finesse, com deliciosa crocância e elegante persistência, era o créme de la créme. Eu procurei repetir a maior quantidade de vezes possível, para prolongar aquele momento especial, pois sabia que, saindo pela porta do Gero, a ilha da fantasia estaria terminada.
Oscar Daudt |