Degustação no hotel |
Logo depois do desayuno, ainda com gosto de café na boca, iniciamos uma degustação às 9 horas da manhã. Vamos combinar que ninguém merece... E como o avião partia logo depois, entre uma taça e outra aproveitávamos para colocar alguma peça de roupa na mala. O tempo era curto e tínhamos de fazer bom uso dele. Mas como quem está na chuva é para se molhar, recebemos os representantes de 4 bodegas, tão sonolentos quanto nós
Amalaya - na língua nativa quer dizer "Esperança por um milagre" - é mais uma das incontáveis vinícolas que Donald Hess possui espalhadas pelo mundo. À exemplo de sua irmã Colomé, essa bodega está também localizada na província de Salta, considerada a melhor região para se plantar Torrontés, a uva branca emblemática da Argentina. Para nossa surpresa, no entanto, os dois vinhos oferecidos eram tintos. O primeiro é o Amalaya 2009, corte de Malbec, Cabernet Sauvignon, Syrah e Tannat, com aromas de ameixa preta e goiabada, acompanhando uma boca macia e cheia de fruta. Segundo o representante, é um vinho que custa 45 reais no Brasil, mas infelizmente eu não anotei quem é o importador aqui. O segundo vinho apresentado foi o Amalaya Gran Corte 2009, corte de 90% Malbec, mais Cabernet Franc e Tannat. O mais curioso sobre esse vinho é que ele é um corte, que é comercializado como varietal de Malbec, porém com o nome de Gran Corte! Se isso não der um nó na cabeça do consumidor, sei lá...
Também de Salta era a bodega com o poético nome de El Porvenir de los Andes, fundada em 1890 por imigrantes italianos. Em 1999, porém, a vinícola foi vendida para uma família salteña que investiu pesado na modernização da produção, com o objetivo de elaborar apenas pequena quantidade de vinhos (150.000 garrafas ao ano) de alta qualidade. As castas plantadas são Malbec, Cabernet Sauvignon, Tannat, Syrah, Torrontés, Merlot, Petit Verdot e - sabe lá Deus o que é isso - Chessenese. Nem o Google ouvir falar nessa uva... Infelizmente, nenhum dos 2 vinhos degustados eram dessa casta, para poder matar minha curiosidade. O primeiro era o Laborvm Torrontés 2010 que, a exemplo de todos os outros exemplares dessa casta que provei na viagem, abandonou aquele estilo Elke Maravilha de alguns anos atrás e está apostando em uma discreta elegância, na medida do que essa casta permite. E o segundo vinho era um Laborum Malbec Crianza en Roble 2006, vinho que vem com uma inédita garantia de 10 anos de guarda: se abrir em 2016 e estiver bouchonné ou "oxidé", pimba!, seu dinheiro de volta!
Enquanto eu negociava com o taxi para me aguardar mais uns minutinhos, a Familia Schroeder, vinícola de Neuquén que também conta a consultoria de Paul Hobbs, abria dois vinhos para nos oferecer. O primeiro era um Pinot Noir - casta que aquela meridional região está prentendendo chamar de sua - que se identifica como Saurus Pinot Noir Patagonia Select 2007, mas que não fez a minha cabeça. A bem da verdade, até hoje nenhum varietal dessa casta essencialmente borgonhesa, produzido na Argentina, conseguiu obter um sorriso de satisfação de minha parte. Quando o segundo vinho foi apresentado, o Familia Schroeder S 2005, um esquisito corte de Pinot Noir e Malbec, questionei a representante sobre o que a poderosa Malbec deixaria de espaço para a delicada Pinot Noir e irônico sugeri que a próxima mistura fosse um corte de Malbec e Torrontés. Rápida no gatilho, Carolina lembrou que havia os inusitados cortes de Syrah e Viognier no Rhône e, portanto, por que não? Como eu já estava com a cabeça em Ezeiza, só lembro que gostei do corte, mas se a Malbec havia deixado algum espaço para a Pinot, não sei responder. Apenas lembro que no free-shop bonairense comprei esse vinho para poder, no recôndito de meu lar, decidir quem manda em quem...
Bem, quando já estávamos quase na escada do avião, a ultima bodega abria seus vinhos. Era a minha velha conhecida NQN, de Neuquén, na Patagônia, representada por seu gerente de exportações, Santiago Bernasconi, que há pouco tempo esteve comandando uma degustação aqui no Miam Miam. Primeiro foi um tropical Malma Sauvignon Blanc Finca La Papay 2010, que parecia ter chegado da feira naquela hora, com tantas frutas que trazia consigo. E em seguida, um Malma Pinot Noir Finca La Papay 2010, mas eu já disse o que penso a respeito dessa casta e não preciso me repetir. |
Amalaya |
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Amalaya 2009 |
Amalaya Gran Corte 2009 |
Marcelo Maizelman, comercial América Latina |
El Porvenir de los Andes |
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Laborvm Torrontés 2010 |
Laborvm Malbec 2006 |
Juan Carlos Solaris, diretor |
Familia Schroeder |
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Saurus Pinot Noir 2007 |
Familia Schroeder S 2005 |
Carolina Peter, exportações |
NQN |
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Malma Sauvignon Blanc Finca La Papay 2010 |
Malma Pinot Noir Finca La Papay 2010 |
Santiago Bernasconi, exportações (foto de arquivo) |
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