 Novidades para todos os bolsos A Importadora Vinci organizou uma degustação - quase que exclusiva para profissionais - para apresentar as novidades de sua carteira provenientes do Velho Mundo. Realizado no amplo e envidraçado 3° andar do restaurante Mr. Lam, com uma magnífica vista para Lagoa Rodrigo de Freitas, houve um predomínio de rótulos italianos: eram 23 rótulos desse país, 6 da França e 5 da Espanha. Pelo tipo de vinho, eram 3 espumantes, 12 brancos (foram uma festa para mim), 2 rosés e 17 tintos. Mas foi pelos preços que o evento se diferenciou, pois dos 34 vinhos apresentados, a preços de consumidor final, 14 custavam menos do que 50 reais, 13 custavam menos do que 85 reais e apenas 7 ultrapassavam esse patamar. Havia mesmo vinhos de 25 reais que fizeram a alegria dos profissionais e dos formadores de opinião presentes.
Os espumantes
Eram apenas 3 os espumantes: um Prosecco e dois Champagnes. Por puro preconceito, mas também pela necessidade de selecionar apenas alguns dos vinhos em degustação, passei lotado pelo Prosecco e experimentei os dois Champagnes, que eram dos poucos vinhos realmente caros da tarde. Dos dois, foi uma maravilha conhecer o Barons de Rothschild Brut, um empreendimento conjunto das 3 vinícolas bordalesas da mais famosa família do vinho, que assim levam sua sofisticação para a já exclusiva região de Champagne. Corte de Chardonnay e Pinot Noir, em partes iguais, o vinho tem deliciosos aromas florais e de leveduras, é crocante e muito prolongado.
Os brancos
Festa para o meu paladar, havia 12 brancos em apresentação e eu quase passei o rodo: experimentei 8 desses rótulos. Os dois melhores eram, coincidentemente, os dois mais caros: o espetacular Pouilly-Fumé de Ladoucette 2006, sem passagem em madeira para bem destacar o caráter da Sauvignon Blanc, com aromas de grapefruit, pêssego e sutil defumado, seco, fresco e untuoso, um show!; e o St. Michael-Eppan Montiggl Riesling 2009, do Alto Adige, da minha casta branca preferida, com aromas florais, de damasco e com toques minerais que eram o prenúncio de uma boca seca, com excelente acidez e bela estrutura.
Mas o bom mesmo foi saber que, dentre as alternativas à altura do meu bolso, havia vinhos deliciosos que me ofereceram enorme prazer: o Hecht & Bannier Languedoc Blanc 2009, elaborado com Picpoul Blanc e Roussanne, exalava flores, pera e nêspera antecipando uma boca fresquíssima, longa e de uma cremosidade malemolente; e o Adanti Arquata Grechetto dei Colli Martani 2009, com inebriantes aromas de rosas e frutas brancas, e com uma boca harmoniosa, untuosa e prolongada.
Os rosés
Eram apenas dois os vinhos rosés, mas eu sou suspeito para falar deles, pois raramente essa cor me entusiasma. Mas posso transmitir a opinião de Mestre Schiffini que se surpreendeu com a qualidade do Marqués de Aldaz Rosado 2009, pelo precinho de 25 reais...
Os tintos
Dos 17 tintos, eu provei 9 rótulos. Ainda bem que as doses eram bem pequenas - acho que 30ml cada - o que me permitiu fazer uma prova bem abrangente, sem maiores consequências. Mais uma vez, achar os vinhos mais caros bons não é nenhum segredo. E o caro 12 Volts 2008, de Mallorca, um corte de uvas internacionais com uvas típicas daquela ilha foi um grande prazer, assim como o caríssimo toscano Fontodi Case Via Syrah 2004, com seus aromas florais, de canela, cereja e uma boca aveludada e de muita estrutura foram a prova disso.
No entanto, o prazer era encontrar vinhos mais acessíveis, oferecendo um alto grau de qualidade e de satisfação. Foram os casos do Chateau Mas Neuf Paradox 2007, do Rhône, com um nariz muito fechado, mas que na boca revelava todo o seu potencial, com muita fruta, maciez e grande suculência que me deixou bem contente. O engraçado da divulgação do vinho é que ele proclama o envelhecimento em barricas utilizadas anteriormente por casas tais como Smith-Haut-Lafitte, Lafite-Rothschild e Pape Clément. Será que isso muda alguma coisa? Sei lá, mas me pareceram que são 51 reais bem aplicados.
Outra boa e acessível opção era o Cretaccio Negroamaro 2008, um monovarietal da Puglia, com aromas de ameixa preta e café, boa estrutura tânica, corpulência e bem demorado. Por 72 reais, está dado...
Uma terceira sugestão de tintos - que não é minha, mas de meu orientador Roberto Rodrigues, da ABS - não dá nem para dizer que é barata, pois com sua etiqueta de 25 reais configura uma verdadeira barganha. É o navarrenho Marqués de Aldaz Tinto 2009, corte de Tempranillo, Merlot e Garnacha. Um vinho jovem, fácil, com muita fruta e bastante equilíbrio. Roberto repetia: "esse vinho é mais barato do que ..............................". Mas a ética profissional me impede de preencher a lacuna. Complete o leitor mesmo o espaço em branco.
Oscar Daudt |