 À procura de um Cornas
Em setembro de 2010, um grupo da Confraria do Camarão Magro visitou a Provence, tendo Avignon como base. Apesar de a vindima estar no seu auge, rumamos para a AOC Châteauneuf-du-Pape onde o Château La Nerthe (www.chateaulanerthe.fr) aceitou nos receber para uma visita simplificada.
Soprava forte o Mistral, trazendo o frio do Norte. Fomos muito bem recebidos pelo Diretor e degustamos e compramos vários de seus vinhos, inclusive o top Châteauneuf-du-Pape Cuvée des Cadettes 2006, um corte de Grenache, Mourvèdre e Syrah, com guarda de 15 anos, por €63,50 (aqui no Brasil, na importadora Grand Cru, o 2005 custa R$450,00).
Dali rumamos para a AOC Beaumes-de-Venise, para uma visita ao pequeno Domaine de Coyeux, que produz um ótimo vinho de sobremesa Muscat de Beaumes-de-Venise (na importadora Club du Taste Vin custa R$100,00).
Devido às vindimas, não conseguimos visitar o Château de Beaucastel, mas eu comprei o seu excelente Châteauneuf-du-Pape 1999, corte de 30% Mourvèdre, 30% Grenache, 10% Syrah, 10% Counoise, 5%Cinsault e mais 8 cepas, numa loja careira, por €120 (na importadora World Wine, este vinho está por R$610,00).
Ao final do tour guiado no Palais des Papes (www.palais-des-papes.com), em Avignon, deparei-me com sua lojinha de vinhos com ótimos preços (www.avignon-bouteillerie.com). Ali encontrei e comprei o excelente Châteauneuf-du-Pape Vieilles Vignes 2008 (70% Grenache e 30% Mourvèdre), €49, da pequena vinícola familiar Domaine de La Janasse, elogiadíssima pelo Robert Parker, para beber entre 2011 e 2025!. É um vinho que não tem importador aqui no Brasil.
Mas eu buscava principalmente um Cornas. Quando participei de um curso de vinhos do Rhône na ABS, apaixonei-me pelos Cornas e busquei-os em Avignon. Logo no jantar da primeira noite, no saboroso restaurante do nosso hotel - La Mirande - degustamos duas garrafas sensacionais. Achei uma única garrafa na mesma loja careira, por €95: o Les Ruchets Cornas 1999, 100% Syrah, do Jean-Luc Colombo e que custa, na importadora Decanter, R$478,00 a safra 2004.
Continuando a busca encontrei e comprei, na Le Vin Devant Soi (www.lvds.fr), mais algumas garrafas do produtor Stéphane Robert, Cornas Domaine du Tunnel 2007, 100% Syrah de vinhas de 100 anos, por €31,50 (sem importador no Brasil). Perguntei ao gerente da loja o porquê da dificuldade de se encontrar um vinho do Rhône, tanto em Paris quanto em Avignon. Ele respondeu que Cornas é uma AOC pequena, com pequena produção, pouco conhecida e pouco procurada (situa-se no extremo sul do Rhône Norte, próximo à cidade de Valence).
Um pulo no Marrocos
Antes de chegar a Avignon, havíamos passado uma semana no Marrocos, pois tínhamos como propósito comparar os aromas e sabores marroquinos com os provençais.
O Reino do Marrocos é o mais ocidentalizado e com maior tolerância religiosa dentre os países árabo-muçulmanos. Possui uma rica diversidade artesanal e gastronômica. Os souks (mercados) das Medinas oferecem uma incrível variedade de cores e aromas dos temperos. As tendas de azeitonas, vendidas como aperitivo, expõem enorme sortimento de cores e sabores. São muito característicos os pratos de sua cozinha: as Tajines, a Pastilla, o Carneiro assado, o Couscous aux Sept Legumes, etc...
Produzem vinhos, especialmente na região de Meknès, mas os que se encontram nos restaurantes não são recomendáveis a enófilos.
Visita à Provence e Côte d'Azur
Percorremos o Grand Marché Provençal dos sábados em Arles. Com 2km de extensão é a maior feira da Provence, onde há de tudo. Deleitei-me nas barracas de queijos e charcuterie. As barracas são armadas nos Boulevards Georges Clemenceau e des Lices, com o Office de Tourisme no centro (www.arlestourisme.com).
O período de florescimento da lavanda no centro da Provence é de junho a agosto, quando os campos ficam cobertos de roxo. Não vimos esse espetáculo mas visitamos o interessante Museu da Lavanda, em Coustellet (www.museedelalavande.com).
Com base em Nice, desfrutamos de um dia em Grasse (www.grasse.fr), a capital mundial da perfumaria. Ali visitamos o Musée International de la Parfumerie (www.museesdegrasse.com), onde se pode fazer um teste de reconhecimento de aromas e constatar a incrível evolução das embalagens e da produção de perfumes e objetos refinados. Dentre outras informações, aprende-se que é necessária 1 tonelada de flores de jasmim para produzir 3 gramas de concentrado de perfume, e que 8 mil flores de jasmim pesam apenas 1kg!
Em Grasse visitamos também a enorme Parfumerie Fragonard (www.fragonard.com), com visitas guiadas e gratuitas. Além de almíscar, âmbar, rosas, jasmim, lavanda, íris e mimosa, há segredos da alquimia sofisticada nessa fábrica de aromas fundada no séc. XVIII. Outra visita interessante foi à fábrica-sede da Occitane-en-Provence, em Manosque, onde as mulheres se esbaldaram em sua lojinha (www.loccitane.com).
Além de Nice, visitamos ainda o Principado de Mônaco e os charmosos vilarejos de Gordes, Les-Baux-de-Provence, Saint-Paul-de-Vence, Èze, e a Villa Ephrussi em Saint-Jean-Cap-Ferrat.
Aguinaldo Aldighieri é enófilo, associado da ABS-RJ, e ex-Presidente da Confraria do Camarão Magro. |