
Recentemente, a gigante chilena Concha y Toro abandonou a Expand, sua tradicional importadora, e abriu no Brasil uma subsidiária, a VCT, destinada a fazer a importação de seus vinhos para nosso mercado. Conversando com os companheiros de mesa, no jantar oferecido pela DeVinum, no Mr. Lam, foi lembrado que tal prática também é adotada pela Qualimpor (importadora exclusiva da Herdade do Esporão e da Quinta do Crasto) e pela Portuscale, que traz os vinhos da Bacalhôa.
A nova importadora DeVinum, no entanto, não é exatamente uma empresa para importar exclusivamente os vinhos de seus proprietários, o grupo espanhol Torres (com 51%) e a Bodega Lagarde, de Mendoza (com 49%). Na verdade, a importadora comprou a antiga Reloco - uma empresa muito mal batizada - trocou de nome, mas manteve, praticamente, toda a carteira original, incluindo aí vinhos da californiana Francis Ford Coppola e da italiana Castello d'Albola. E mais, incluiu novas marcas, tais como as prestigiadas Almaviva e Baron Philippe de Rothschild.
Segundo seu diretor comercial, Marcos Pestana, a nova empresa entende que, para poder enfrentar a feroz concorrência, deve manter uma carteira diversificada. E que novos e novos rótulos virão... Eu até o questionei sobre o conflito de interesses da Torres e da Lagarde, por serem proprietárias e ao mesmo tempo marcas importadas. Parece-me difícil administrar esse conflito à luz da necessidade de resultados de ambos os lados. Mas Marcos estava tranquilo... Só o tempo dirá!
A seleção de vinhos para o jantar chinês foi estupenda e os rótulos eram invejáveis, mostrando a força do catálogo da DeVinum! Mas, como definiu um dos participantes, não era um jantar harmonizado: havia o jantar e havia os vinhos a serem degustados, não necessariamente um com os outros.
O complexo e elegante Marimar Estate Don Miguel Vineyard Pinot Noir 2005 iniciou o desfile da noite. A seguir, junto com os camarões, duas explosões estruturais que quase provocaram a extinção definitiva dos crustáceos: o Lagarde Henry Gran Guarda Nº1 2006 e o Miguel Torres Conde de Superunda 2004.
Mas quem se importa com o que quer que seja quando a seguir aportam à mesa dois ícones, um do Velho Mundo - o Torres Mas La Plana Cabernet Sauvignon 2006 - e outro do Novo Mundo - o cantado e decantado Almaviva 2001 - um vinho com tudo de bom que a evolução pode aportar e nada de ruim que pode ser causado por ela. No momento certo... Uma experiência inesquecível!
Para finalizar, ainda chegou um Miguel Torres Riesling Vendimia Tardia 2007, com deliciosos aromas, mas que eu não cheguei a provar. Assim como também passei ao largo - não bebo destilados - dos 3 brandies que foram apresentados ao final: um de 5, outro de 10 e o terceiro de 20 anos! Mas foi uma festa para quem gosta.
Oscar Daudt |