
O Skina é um pequeno restaurante localizado - é claro - em uma esquina de Marbella, na costa mediterrânea da Espanha. Inaugurado em 2005, seu proprietário, o sommelier Marcos Granda, define a gastronomia como "mediterrânea baseada em produtos de alta qualidade, com toques de vanguarda, modernidade e criatividade, resgatando os sabores da tradicional cozinha andaluza". Ao fogão, comanda as panelas o jovem chef Mauro Barreiro, dono do castelhano mais rápido e sem consoantes que eu já tive a oportunidade de escutar.
Pois essa dupla, em pouco tempo, arrebatou uma cobiçada estrela Michelin em 2008, ostentando-a com orgulho até hoje. E no site TripAdvisor, minha inesgotável fonte de consultas para restaurantes aonde quer que eu vá e cuja classificação é calculada pela opinião dos clientes - e não de críticos - ele também está muito bem na foto. Agrada a gregos e troianos...
O eñe restaurante, dentro de um programa que convida destacados chefs ibéricos para apresentar a nova cozinha espanhola aos apreciadores brasileiros, trouxe Marcos e Mauro para o espetáculo gastronômico de que tive a oportunidade de participar. Foram altíssimos momentos.
O segundo amuse bouche me encantou de imediato: um Creme de ervilhas com queijo de cabra e ovas de peixe. Eu tive dificuldades para encontrar o queijo e precisei da ajuda dos universitários para saber que aquilo que mais parecia pedacinhos de pão torrado era na verdade o surpreendente queijo!
Outro prato que mereceu rasgados elogios foi o Gazpacho ao estilo de Málaga, que o criativo chef tratou de incrementar com papaia. A combinação foi estupenda. Eu só impliquei com o aliche que, para mim, mata qualquer outro sabor, mas meus companheiros de mesa não cansavam de se deliciar com esse toque.
Mas o campeão da noite foi o Tartar de olhete empanado com pão de gambas e batata azul-violeta. Originalmente, o prato deveria ser elaborado com peixe-espada, mas o cuidadoso chef preferiu substituí-lo pelo peixe que mais lhe agradou no mercado carioca. A delicadeza do tartare envolto pela crocância dos camarões e da igualmente crocante base da desconhecida batata foi alucinante. Só isso já valeu o jantar...
Mais a frente, o Robalo defumado com arroz cremoso e bagos de goji foi uma excelente experiência. Mas o que são bagos de goji, afinal? O Google me informa que são pequenas frutas do Tibet, com inúmeras propriedades benéficas à saude e que agora vêm sendo descobertas pelo ocidente. Sua agradável acidez combinada com a textura perfeita do robalo era tudo de bom!
E o "Oscar" de efeitos especiais ficou com o Iogurte com aromas da primavera da Andaluzia, que precedeu a sobremesa. Aportava à mesa em um copo coberto com finíssima película comestível, em cima da qual era despejado um molho de frutas. Esse molho, feito uma lava incandescente, estressava a cobertura que ia se desfazendo no formato de um buraco negro - ou melhor, alaranjado. Só vendo a foto para entender. E, para minha alegria, essa pré-sobremesa vinha com zero de açúcar e eu pude me deliciar com os sabores andaluzes.
O festival gastronômico do eñe |
O festival, realizado no eñe restaurante, começou em São Paulo, nos dias 6 e 7/jun, e agora está no Rio de Janeiro. Mas, infelizmente, hoje, dia 09/jun, é o último dia. No entanto, se você for rápido no gatilho, ainda poderá fazer sua reserva e aproveitar dessa criativa cozinha.
O menu é esse que você pode conferir nas fotos abaixo e custa 195 reais. E se você optar pela harmonização com vinhos, terá de desembolsar mais 95 reais. Mas se a carteira estiver cheia, vale a pena... As reservas são pelo telefone (21)3322-6561.
Oscar Daudt |