
Normalmente, quando eu me preparo para uma feira desse calibre, pesquiso no catálogo do promotor quais os vinhos que estão fora do alcance do meu bolso, faço uma relação dos mais caros - e, em tese, os melhores - e vou à luta.
Desta feita, para enfrentar a maratona do Vini Vinci'11, decidi adotar uma estratégia diferente. Muito embora o evento contasse com 50 produtores de 12 países, organizei uma pequena listinha de apenas 15 vinícolas, escolhendo aquelas que apresentassem vinhos que eu não conhecia, de castas as mais exóticas possíveis. E, dos 12 países, minha lista incluía apenas Itália, França, Espanha e Portugal. Mas, também, o único representante brasileiro, a Angheben, que nunca deixo de visitar e conhecer as novidades.
É claro que, de boas intenções o inferno está cheio, e a lista não foi seguida a rigor, muito embora eu tivesse mantido o princípio de não experimentar os vinhaços que eu já conhecia. Muitos não conseguiam entender por que não fui aos estandes da Viña Tondonia, da Castellare di Castellina, da Errazuriz, da Henriot e outras figurinhas carimbadas.
E mais, sempre há aqueles amigos que querem me puxar para os vinhos doces - Tokajs, Passitos, Portos, etc... - e não adianta eu explicar, repetidamente, que esses vinhos não me atraem que eles não se conformam e querem me converter.
Nos brancos - que eu tanto aprecio - fiz a festa! Produtores que nunca tinha ouvido falar e castas mais desconhecidas ainda. Agradaram-me muito os seguintes:
um húngaro seco de nome impronunciável, o Tokaji Hétszölö 2009, elaborado com a casta Furmint, com excelente preço;
dois Pinot Grigio da San Michele Appiano, do Alto Adige: Anger 2009 e Sanct Valentin 2008, o primeiro deles de bom preço;
dois representantes da exótica Sardenha, da Argiolas: S'Elegas Nuragus di Cagliari 2009 e Is Argiolas Vermentino di Sardegna 2008, com ótimos preços os dois.
Não sei porquê, mas é sempre mais difícil encontrar castas estranhas nos tintos do que nos brancos, e os meus destaques vão para vinhos de uvas mais usuais:
a elegância dos borgonhas da Chanson Père & Fils: Clos du Rois Beaune 1er Cru 2005 e Chambolle-Musigny 2006, principalmente o primeiro que é bem mais barato;
o vinho mais caro da feira, o MR Premium 2007, do Monte da Ravasqueira, corte de Alicante Bouschet, Syrah e Petit Verdot, mas esse é fora do orçamento dos simples mortais;
Château Mas Neuf La Mourvache 2005, de Costières de Nîmes, que como o nome sugere, é um corte de Mourvèdre e Grenache, bem mais acessível do que os anteriores;
Villa Rizzardi Amarone della Valpolicella 2001, da Guerrieri Rizzardi, que por pouco eu não conseguia chegar perto, tamanha era a multidão em frente ao estande;
Le Pupille Saffredi 2005, um vinho da Maremma, com as castas Cabernet Sauvignon, Merlot e Alicante, bem caro...
Arrependimentos por omissões tenho muitos. Relendo o catálogo da feira, me dá uma grande pena daquilo que eu deixei de conhecer. Mas agora é só lamentar, pois a próxima feira, apenas em 2013!
Oscar Daudt |