
Sabores e perfumes do outro mundo |
Em matéria de condimentos exóticos e perfumes inebriantes, o Sawasdee é campeão. Só de entrar no restaurante, você já fica seduzido pela mistura de aromas que domina o ambiente. E já nos prepara para as deliciosas experiências gastronômicas que nos aguardam.
A história do restaurante inicia em 1997, quando o engenheiro Marcos Sodré chuta o balde e inaugura a primeira casa tailandesa na charmosa Búzios. O sucesso foi tão grande que em 2007 o Sawasdee abre uma filial no Leblon e logo a seguir uma outra no Fashion Mall. Atualmente, Thiago Sodré, o jovem filho de Marcos, divide com o pai o comando das woks e teve o reconhecimento imediato, sendo escolhido, em 2009, como o chef-revelação pelo guia Danusia Barbara e no ano seguinte recebendo a mesma honraria do juri da Veja Rio.
E foi o próprio Thiago que nos recebeu para apresentar as novidades do cardápio destinadas a aquecer nosso moderado inverno. E experimentamos diversas porções de degustação dos principais pratos que permanecem no cardápio enquando durar o frio.
Iniciamos com o Thai Mex (29 reais), um prato indicado apenas para quem fuma Marlboro: há que ser forte! Uma fusão de pimentas mexicanas e orientais tempera um picadinho de carne com feijão azuki. Embora o prato seja classificado como "moderadamente" apimentado, cuidado!, pois eu que sou um pimentófilo de carteirinha tive dificuldades para chegar até o final. Mas é um prato bonito e divertido que vem acompanhado de delicadas cestinhas crocantes.
Quentinha e confortável como cobertores Parahyba, a Shangai Noodle Soup (25 reais) era uma explosão de perfumes que encantavam tanto o nariz quanto as papilas. Com generosas fatias de pato e temperada com ramos de agrião é uma ótima pedida. O único problema está no serviço, pois o prato é trazido sem faca e as fatias do palmípede são grandes demais para serem comidas em uma só bocada. Tentar cortá-las com a colher no meio daquele caldo todo é prenúncio de desastre...
O pincaro da noite foi o Carom Tab Han (38 reais), uma bela porção de foie gras que repousava sobre um chutney de carambola sutilmente temperado com gengibre. Uma combinação espetacular que ainda era acompanhada por um crocante de tomilho que fazia o contraponto a toda aquela maciez. A quintessência da gostosura! Não deixe de pedir esse prato enquanto o inverno estiver no ar.
Outro ponto forte do novo cardápio é o Hang Waw (59 reais), uma rabada cozida por 8 horas em baixa temperatura e desfiada com cebolas amanteigadas. Servida sobre uma musseline de cará, era escortada por um molho de - acreditem! - ostras. E essa insólita combinação funcionou à perfeição.
A sobremesa Ganache de chocolate com castanhas do Pará e morangos flambados no sakê (18 reais) - da qual fujo como o diabo da cruz - desta vez não me escapou. Um bonito trio servido a três temperaturas: o morango era quente, o ganache vinha à temperatura ambiente e o sorvete de creme com lascas de coco era, obviamente, gelado. Mas como eu esperava uma extravagante profusão de condimentos orientais temperando as doçuras, fiquei um tanto decepcionado, pois tudo era muito papai-e-mamãe, bem ocidental...
Vinho com preço inacreditável |
Como escolher um vinho para acompanhar todos esses pratos complicados: carne com chili, sopa de pato, foie gras e rabada? Bem achei que o mais aconselhável seria um tinto concentrado que pudesse encarar de frente a potência dos pratos. E a escolha recaiu sobre o Pétalos del Bierzo 2008, da J. Palacios, um vinho 100% Mencía.
Não lembro exatamente o preço, mas era ou 89 ou 99 reais. Mesmo que seja o segundo valor, é um verdadeiro milagre, pois esse vinho, no site da Mistral, sua importadora, custa 88 reais. Eu nunca vi margem tão diminuta em qualquer outro restaurante no Rio de Janeiro!
Oscar Daudt |