
Muita história prá contar |
Já no longínquo ano de 1352, a família Colombini era proprietária de terras em Montalcino e atualmente, continuando com a vocação familiar, é proprietária da Fattoria dei Barbi, comandada por Stefano Cinelli Colombini, enquanto sua irmã, Donatella - que recentemente esteve no Rio de Janeiro - é proprietária de outras duas vinícolas. Mas é cada um pro seu lado, pois não há ligações societárias entre os dois irmãos.
A Fattoria dei Barbi, que foi adquirida pela família em 1790, produz os cultuados Brunellos desde 1892, com um apego às tradições e o respeito ao caráter desse grande vinho, sem no entanto descuidar das inovações tecnológicas que promovem um aumento da qualidade. Atualmente, é considerada uma referência para os vinhos de Montalcino e para o verdadeiro espírito toscano, produzindo também queijos, embutidos e azeites.
Recentemente, esses prestigiados rótulos trocaram de importador e passaram a ser distribuídos pela eficiente Interfood, uma importadora que divide sua carteira em duas: a linha básica, na qual se encontram os onipresentes Santa Helena, Trapiche e Bolla; e a linha Premium, onde se destacam os Champagne Cattier, a Scala Dei do Priorato, a siciliana Planeta, aos quais vem se juntar a nova aquisição da Toscana.
Os preços da Interfood sempre foram um mistério para mim e nunca consegui incluí-la na Comparação das Importadoras. Mas, recentemente, a empresa se iniciou no segmento de venda direta ao consumidor, via Internet, através do site www.todovino.com.br, onde os enófilos podem encontrar desde os rótulos mais simples até os mais especiais, incluindo os novos Fattoria dei Barbi. Infelizmente, o site ainda está apresentando um comportamento instável, mas a Interfood prometeu corrigí-los assim que possível.
Para apresentar as novas aquisições de sua carteira, a importadora reuniu um muito pequeno e felizardo grupo para um jantar com a gerente de exportações da Fattoria, Raffaela Guidi Federzoni, no restaurante Quadrifoglio, que preparou um menu especial, italianíssimo, para acompanhar os vinhos.
O Brusco dei Barbi 2009, vinho de entrada, oferece uma excelente relação de qualidade e preço: fácil, frutado, fresco e redondinho, que Raffaela definiu com um "vinho de pizza". Em seguida, um belo Morellino di Scansano 2009 e um mais belo ainda Rosso di Montalcino 2009, cujas uvas, frequentemente, são das mesmas parcelas utilizadas pelos requisitados Brunellos.
Mas o show da noite, é claro, foi a trilogia dos elegantes e concentrados Brunellos di Montalcino que vieram escortar um delicioso Filé ao Alecrim. O primeiro deles, Brunello di Montalcino 2006, com o belo e tradicional rótulo azul e preço mais acessível (R$189,90), é o Brunello clássico, produzido há mais de 100 anos e atualmente com uma tiragem de 200.000 garrafas. Harmônico e aveludado, nem se acanhou frente a seus parceiros mais exclusivos.
O Brunello di Montalcino Vigna del Fiore 2005 é um single vineyard localizado em uma das áreas mais ao sul da região, criado pela matriarca Francesca Colombini em 1981, que fez uma pequena concessão à modernidade, resultando em um vinho de grande concentração e aromas explosivos sem, é claro, perder a elegância na produção de suas 5 a 10.000 garrafas.
Contrastando com sua bela e chamativa etiqueta vermelha, chegou discretamente, fechadinho, o Brunello di Montalcino Riserva 2005 que parecia conformado em perder audiência para o exuberante vinho anterior. Mas bastaram poucos minutos para que ele mostrasse toda a sua força, abrindo-se aos poucos para revelar seu estupendo nariz de notas animais, terrosas e de chocolate, precedendo um boca suculenta e condimentada. Um golaço!
Oscar Daudt |