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Brasil

A Revolução Farroupilha
Há poucas semanas, noticiei nas Curtas etílicas a silenciosa revolução que estava mudando o perfil da vitivinicultura gaúcha: nos últimos 10 anos, nasceram uma média de 3 novas vinícolas por mês no Rio Grande do Sul, a maioria de pequeno porte, com baixos rendimentos e alta qualidade.

Desafortunadamente, não pude ir ao Circuito Brasileiro de Degustação, ocorrido semana passada, em que várias dessas vinícolas-boutique se apresentaram aqui no Rio de Janeiro, num evento no Iate Clube. Mas tive várias notícias de enófilos - alguns bastante renitentes em relação à produção nacional - que saíram de lá encantados com as novidades que provaram.

Em compensação, tive a oportunidade de participar de um jantar para a degustação dos vinhos da Campos de Cima - vinícola que venho acompanhando há mais de 2 anos - no restaurante Aprazível, realizado no dia seguinte.

Novas fronteiras
A Campanha já há muitos anos vem mostrando seu potencial para a produção de vinhos de alta qualidade, mas sempre em áreas dos municípios de Santana do Livramento e Bagé, ambos na fronteira com o Uruguai. Mas a nova e familiar vinícola Campos de Cima decidiu ampliar os limites da região e iniciou, há quase 10 anos, a plantar uvas no município de Itaqui, ainda na Campanha, mas desta vez na fronteira com a Argentina.

Esse município sempre teve a vocação para a pecuária extensiva e para a plantação de arroz, atividades exclusivas do sexo masculino. Hortência Ayub, uma carioca do Cosme Velho, há muitos anos casada com um gaúcho da fronteira, decidiu diversificar a produção de sua fazenda e encontrou na vitivinicultura uma atividade mais propícia a ser desenvolvida também pelas mulheres. Sem maiores conhecimentos, do que a paixão pelo vinho, esses novos produtores contaram com toda a orientação e o apoio da Embrapa à nova cultura, que reconheceu a qualidade do solo e do clima para a plantação de uvas viníferas. Para eles, é Deus no céu e Embrapa na terra.

Tudo é novo em Itaqui e o casal está experimentando diversas castas para descobrir quais as que melhor se adaptam por lá: Malbec, Merlot, Ruby Cabernet, Cabernet Franc, Syrah, Cabernet Sauvignon, Tannat, Pinot Noir, Tempranillo, Chardonnay e Viognier. Por enquanto, os melhores resultados estão com a Malbec e a Tannat, o que não surpreende, eis que aquele pedaço do Rio Grande é quase uma cunha que invade nossos vizinhos do Mercosul, onde essas variedades sentem-se em casa.

Os vinhos
O primeiro vinho apresentado foi o Campos de Cima Primeiro Corte 2008, nome auto-explicativo, que é uma mistura de Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat, vinho de entrada da vinícola, honesto e fresco, que está sendo vendido - pasmem! - a 10 reais. Ah, se todos fossem iguais a vocês!

Seguimos com o Campos de Cima Ruby Cabernet 2008, casta que é um cruzamento de Cabernet Sauvignon e Carignan, desenvolvida pela Universidade da Califórnia em Davis, com o objetivo de obter a qualidade da primeira misturada à resistência a climas mais quentes da segunda. Só não foi minha estreia com essa casta pois, há alguns anos, provei no Uruguai, no Viñedo de los Vientos, um exemplar cortado com ela. Mas varietal, foi a primeira vez, e o vinho era frutado, gastronômico e com elegantes toques de madeira. Preço? 26 reais!

Orgulhosamente, Hortência nos ofereceu a seguir uma mini-mini-vertical de Tannat: a safra 2006 e a safra 2011, que não está engarrafada e ainda descansa em barricas de carvalho francês. O 2006 era suculento e floral, com muita estrutura e implorando por um cordeiro - que não chegou. O 2011, como era de se esperar, quase não podia se chamar de vinho, muito novo que era, mas mostrava bastante potencial de se tornar um belo exemplar de uma produção que vem se aprimorando ano a ano.

E finalmente, fomos apresentados ao delicioso Espumante Campos de Cima Brut Tradicional, um corte de Chardonnay e Pinot Noir, vinificado por Mario Geisse e que obteve Medalha de Ouro na recente Avaliação de Espumantes de Garibaldi. Tinha gente querendo comprar de caixa. Quanto? 30 reais!

Oscar Daudt

Serviço:
Campos de Cima
Rua Dom Pedro II, 318
Itaqui - RS
(55)3433-2414
www.camposdecima.com.br
Os vinhos
Espumante Campos de Cima Brut
Castas: Chardonnay e Pinot Noir
Método: tradicional
Álcool: 12,5%
Campos de Cima Primeiro Corte 2008
Castas: Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat
Álcool: 12%
Campos de Cima Ruby Cabernet 2008
Castas: Ruby Cabernet
Álcool: 12%
Campos de Cima Tannat 2006
Castas: Tannat
Álcool: 13%
Campos de Cima Tannat 2011
Castas: Tannat
Álcool: 13%
(rótulo provisório)
O Aprazível
O jantar foi realizado no restaurante Aprazível, o mais bonito e mais bem localizado restaurante carioca
Os participantes
Diego Bertolini, diretor do IBRAVIN
Os produtores Hortência e José Ayub Orestes de Andrade, da assessoria do IBRAVIN
Denise e Rogério Dardeau, a maior autoridade em vinhos brasileiros no Rio de Janeiro Affonso Nunes e Cacá Azevedo, diretores da SBAV-Rio As irmãs Hortência e Denise
Comentários
Cacá Azevedo
SBAV
Rio de Janeiro
RJ
03/11/2011 Oscar, se você for fazer aquele esquema de comprarmos espumante da Campos de Cima para consumo próprio estou dentro.

Viajamos amanhã e dia 08 nos reencontramos, ó pá. Beijocas!
João Montarroyos
Mestre Equitador em Dressage
Rio de Janeiro
RJ
07/11/2011 Como morei, por muito tempo, na região do pampa gaúcho, essa fronteira me leva às mais gostosas recordações de minha juventude; pretendo visitar a vinícola e degustar essas maravilhas.

Como lamento não ter me casado com uma "gaúcha da fronteira"!!!
Luiz Carlos Pereira Matias
Representante comercial
Rio de Janeiro
RJ
08/02/2012 OLÁ Família,

Meu nome e LUIZ CARLOS PEREIRA MATIAS. Sou representante Comercial com registro no CORE-RJ. Gostei de conhecer os Vinhos e Espumantes da Vinícola Familiar CAMPOS DE CIMA, produto bem apresentado com qualidade.

GRATO.
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]