
A diferença que uma taça faz... |
Na recente viagem ao Alentejo, caímos na pegadinha de um degustação em que o mesmo vinho foi servido em duas taças pretas de formatos diferentes. Todos achamos que não eram o mesmo vinho. E na apresentação de taças Riedel, a convite da Importadora Mistral, comandada por Maximilian Riedel, presidente da filial americana da prestigiada companhia austríaca, pudemos ver o porquê de nosso erro: o continente definitivamente altera o conteúdo.
Eram 4 taças - Sauvignon Blanc, Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon - com seus 4 vinhos correspondentes, e mais um copo de plástico. E seguindo as estritas ordens do mestre, ficávamos trocando os vinhos de taça em taça e analisando as diferenças.
A primeira grande surpresa foi quando um fragrante Sauvignon Blanc foi transferido para o copo de plástico, e como num passo de mágica, os marcantes aromas simplesmente sumiram. E mais surpreendentemente ainda, foi só voltar o vinho para a taça adequada que os perfumes reapareciam todos, como por obra de Houdini.
Mas não era necessária uma mudança de copos tão radical: bastou transferir o Chardonnay para a taça de Sauvignon Blanc para sentir como o vinho perdeu muitos de seus aromas e ficou mais alcoólico. E não apenas no nariz as mudanças eram perceptíveis. Na boca também os efeitos se fazem sentir, alterando - às vezes, drasticamente - as características do vinho.
Se você está cético, experimente em casa. Faça todas as trocas de copo que quiser e verá facilmente a diferença.
A bem da verdade, o convite nem se referia a jantar ou qualquer coisa assim. Mas nem precisava! O que se deve esperar de um evento marcado para as 20 horas em um restaurante? Para mim estava claro que seria um jantar. Que tombo que eu levei!
Iniciada com um pequeno atraso, a apresentação das taças estendeu-se até às 22 horas, sem que fosse oferecido nem ao menos uma fatia de pão. E após a degustação, circularam somente alguns canapés - poucos, muito poucos - disputados pelos esfaimados convidados a golpes de hashi. Se eu soubesse que seria assim, teria feito uma boquinha antes de sair de casa...
E quem pode imaginar um evento da Mistral sem vinhos? Pois foi exatamente o que aconteceu. Durante a degustação, fomos servidos de 4 pequenas doses que, atendendo às instruções do palestrante, tivemos de descartar no baldinho. Pois quando chegaram os canapés, estávamos todos a seco. Eu testemunhei alguns convidados implorando por uma taça aos garçons que, constrangidos, informavam que não havia vinho.
A Mistral, sempre tão perfeccionista em tudo o que faz, dessa vez pisou feio na bola...
Oscar Daudt |