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A DO de uma uva só
Toro é uma denominação espanhola, relativamente recente, pois foi homologada apenas em 1987. Seu clima é excepcional para a produção de uvas, com invernos rigorosos, verões com grande amplitude térmica e uma precipitação de chuvas baixíssima, de fazer inveja a boa parte dos desertos do mundo.

E as determinações do Conselho Regulador são bastante estritas. Apesar da falta de chuvas, é proibido irrigar. Mas como estamos falando de um país latino, alguns produtores me dizeram que apesar da proibição, sempre se dá um "jeitiño". As videiras são plantadas como baixos arbustos (em "vaso", segundo eles dizem), conforme pode ser conferido na foto ao lado. A mecanização é impossível e a coluna da turma da colheita deve ir para o brejo rapidinho. Na foto também pode-se constatar outra das determinações: a distância entre os pés deve ser de inacreditáveis 3 metros e a distância entre as fileiras também. A terra deve ser muito barata por lá!

Para os vinhos tintos, praticamente apenas uma casta é autorizada: a Tinta de Toro (como é conhecida a Tempranillo na região) e para se ganhar os selos de Joven, Crianza, Reserva e Gran Reserva, os vinhos devem ser 100% dessa variedade. Um flexibilização mínima existe apenas para a categoria Roble, na qual se pode acrescentar 10% de Garnacha, e olhe lá!

No terreno dos brancos, duas castas são autorizadas: a aromática Malvasia e a deliciosa e arredondada Verdejo e ambas devem ser apresentadas como 100% varietais.

O Brasil é a tábua de salvação?
Toro é mais uma das regiões europeias que se apresenta ao distinto público brasileiro, em busca de uma salvação contra a crise econômica que grassa por lá. Mas será que o Brasil, com seu baixíssimo consumo é a solução? Não sei, não...

Devido às estritas regulamentações, os vinhos tintos de Toro tem uma identidade bem definida: são carnudos, alcoólicos, frutados, de boa estrutura tânica e com bastante longevidade, especialmente elaborados por aqueles acostumados a pegar touro a unha. Eu gostei "mucho" e a média de qualidade dos vinhos que provei era bem alta. Infelizmente, também altos - altíssimos - eram os preços dos vinhos de mais alta gama e era fácil encontrar rótulos por assustadores 300 reais dentre aqueles que já se encontram em nosso mercado! Mas pelo jeito, parece que tem gente que compra... e não se incomoda.

Com alto risco de cometer injustiças, destaco os tintos Frontaura Reserva 2005, Tardencuba Autor 2008, o Elias Mora 2V Premium 2008 e o Fariña Campus 2006 dentre os 15 que experimentei. Mas havia muitos mais merecendo um devido destaque.

Toro não é, decididamente, a terra para quem procura vinhos brancos: havia 3 exemplares apenas em degustação, um de Malvasia e dois de Verdejo. Mas os dois últimos deram um show e, principalmente, o Castillo de Monte la Reina Verdejo Fermentado en Barrica, que infelizmente era uma edição especial e nem sei se continuarão a produzí-lo.

Clonagem de vinho
Uma curiosa história que me foi contada durante o evento revela uma prática que eu não sabia da existência e não sei se é comum. É mais ou menos assim: a importadora Vinhos do Mundo se encantou com os vinhos da Bodega Rejadorada e queria, a todo o custo, importá-los. Acontece que esses vinhos já estavam na carteira da importadora Wine Society. Como fazer? Estranhamente, a bodega concordou em engarrafar os mesmíssimos vinhos com outro nome, Rosum, apresentando-os com rótulos improvisados e - a meu ver - pouco atraentes. E aqui aportou um container lotado com o vinho clonado.

Logo depois, a Wine Society divorciou-se da Rejadorada e os cobiçados vinhos ficaram liberados para a Vinhos do Mundo. Só que agora, a importadora gaúcha está com um belo estoque dos vinhos com as etiquetas feias e terá de desová-lo antes de poder lançar a versão de mais bonita apresentação. Deve ter sido castigo "divino" (com trocadilho, por favor)...

Oscar Daudt
20/03/2012
Vinhos brancos
Montetoro Malvasia 2011 Castillo de Monte la Reina Verdejo 2010 Castillo de Monte la Reina Verdejo Fermentado en Barrica 2008
Vinhos tintos
Elias Mora Gran 2007 Elias Mora 2V Premium 2008 Fariña Gran Colegiata Reserva 2004
Fariña Gran Colegiata Campus 2006 Liberalia 5 2005 Liber Gran Reserva 2004
Frontaura Crianza 2005 Frontaura Reserva 2005 Gran Bajoz Viñas Viejas 2008
Finca La Meda Alta Expresiín 2006 Ramon Ramos Montetoro Roble 2009 Tardencuba Autor 2008
Os vinhos clonados
Essa linha de vinhos Rosum apresenta exatamente os mesmos 3 vinhos seguintes Rejadorada Novellum
Rejadorada Sango Rejadorada Bravo
Expositores
Catalina Madra, da bodega Elias Mora Ramón Ramos, das bodegas Tardencuba e Montetoro O salão estava bem vazio...
Comentários
Marlene Alves de Souza
Sommelière
Rio de Janeiro
RJ
20/03/2012 Caro Oscar,

Os vinhos de Toro já são apreciados por nós, brasileiros, todos de um padrão muito elevado. Foram injustiçados com um público tão restrito.

Uma ótima cata com o excelente Marcelo Copello.
Eugênio Oliveira
Enófilo
Brasília
DF
20/03/2012 Oscar, apesar do alvo ser importadores, aqui em Brasília o público prestigiou enchendo o salão do restaurante Bela Sintra. Há de se observar que o salão era menor que o do Rio mostrado na sua foto, porém muito aconchegante e acolhedor. Talvez o salão aí do Rio tenha sido superdimensionado.

Ótima postagem em que você não deixou escapar nada. Informações que deixei de colocar na minha: irrigação proibida, 3 metros de distância entre as fileiras, denominação recente (1987) e a curiosa história do vinho clonado. Será que a Vinhos do Mundo não fará um "queimão" dos Rosum? Você sabe dizer qual deles corresponde ao Rejadorada Bravo? (esse foi um dos destaques aqui em Brasília)

É, eu gostei muito do Bravo, também! A linha clonada é composta por Joven, Roble, Crianza e Cepas Viejas Seleción Privada. Pelo jeito, o Bravo deve ser esse último que tem o nome mais pomposo. Abraços, Oscar
Eduardo Amaral
Enófilo
Rio de Janeiro
RJ
21/03/2012 Caro Oscar.

Parabéns ao Copello e demais organizadores do evento.

Fica a dúvida se essa quase total restrição à Tinta de Toro é coisa recente, pois a Piedra tinha ao menos 1 vinho (safra 2004) com 25% de Garnacha e que está registrado na D.O. Algumas outras me contaram que sim, possuem vinhos com predominância em Garnacha, mas o vendem como Vino de la Tierra de Castilla y Leon...

Att.
--
Eduardo

Eduardo, eu entendi o seguinte: para ser Toro qualificado (Joven, Crianza, Reserva, Gran Reserva e Roble) é que se aplicam essas restrições. Para ser simplesmente Toro, as proporções entre Tinta de Toro e Garnacha são flexíveis. Abraços, Oscar.
Roberto Rodrigues
Enófilo
Rio de Janeiro
RJ
21/03/2012 Caro Oscar,

Infelizmente você perdeu a excelente palestra/degustação do Marcelo Copello onde veria que o Garnacha também é autorizada na DO Toro, assim como uvas brancas para vinhos brancos que também são DO.

Nada a ver com a qualificação (Jovem, Crianza, etc) que, como em toda a Espanha, se refere a tempos de estágio (madeira e garrafa) a limites de produção por hectares.

Parabéns ao Copello pela excelente palestra com excelentes vinhos.

E que venham os Toros com excelente relação qualidade / preço.

Abs,
RR

Pois é, me arrependi de não ter assistido. Mas essas informações que eu passei são as oficiais que estão na página do Consórcio Regulador. Para ser Jovem, Crianza, Reserva ou Gran Reserva, tem de ser 100% Tinta de Toro. Não pode ter Garnacha.

Abraços, Oscar
Dimas Lanna
Consultor
Vitória
ES
22/03/2012 Olá Senhores.

Gostaria de comunicar a todos que os vinhos da Bodega Liberalia ja se encontram no Brasil. Importamos com exclusividade.

Para receber nossa tabela é so pedir por email: [email protected]
Aguinaldo Aldighieri
Enófilo
Rio de Janeiro
RJ
23/03/2012 Gosto muito dos vinhos de Toro. Em 2009 comprei (e já bebí) em uma loja na Espanha, por 30 euros, um excelente Pintia, da bodega de mesmo nome, pertencente à Vega Sicilia; a Mistral o vende por US$147.50.

Numa próxima viagem a NY já anotei em minha agenda para comprar: o San Román, da MauroDos (bodegas Mauro), vendido aquí pela Gran Cru por R$175,00; e o Vetus, da bodega de mesmo nome, vendido aquí pela Peninsula por R$151,00. Todos esses são 100 % Tinta de Toro (tempranillo).

A Vinci, a Grand Cru, e a Peninsula vendem outros Toros por preços bem menores.

Aguinaldo
Luis Remesal
CEO Rejadorada
Toro
Espanha
30/03/2012 Estimado Sr. Oscar Daudt,

Ha sido para mí un sorpresa lo que expresa en su prestigioso blog el artículo sobre la presentación de los vinos de Toro en Brasil, y sobre todo lo que usted denomina “vino clonado”, por lo que quiero humildemente, informarle sobre estos aspectos con el ánimo de completar con rigor y veracidad su artículo, sin entrar en polémica. Me gustaría hacerlo personalmente y es su idioma, pero ambas cosas no pueden ser por la distancia y por qué no se hablar portugués.

DO TORO es un región de España, situada al noroeste en el valle del rio Duero, que ampara a 6.000 Ha de viñedo peculiar y de gran calidad enológica, basada en la variedad Tinta de Toro (Tempranillo) y en el terruño. Históricamente desde la época de los Romanos (hace 2.000 años) sus vinos se han distinguido por su gran estructura y aromas, siendo en el siglo XVI, los primeros vinos que viajaran hacia América, ya que aguantaban perfectamente la travesía. Desde finales del siglo XX, atraídos por el enorme potencial de los viñedos y la variedad Tinta de Toro, se instalaron bodegueros de gran prestigio y renombre a nivel nacional e internacional, elaborando vinos que han conseguido y siguen consiguiendo grandes premios y reconocimientos en los mercados mundiales.

BODEGA REJADORADA somos una bodega familiar, que la primera cosecha amparada bajo la DO TORO fue en 1999. Elaboramos 5 vinos con las marcas:

- REJA: 85% Tinta de Toro + 15% Garnacha vieja.
- REJADORADA: Tinto Roble con 6 meses en barricas francesas y americanas, y viñedos entre 15-25 años.
- NOVELLUM: Crianza con 12 meses de barricas francesas y americanas, y viñedos entre 25-40 años.
- SANGO: Es un Reserva con 18 meses de barricas francesas y viñedos de 50-70 años.
- BRAVO: Vino de Alta Expresión con 13 meses en barricas francesas de grano fino y viñedos entre 82 y 103 años.
• REJADORADA, NOVELLUM, SANGO y BRAVO: 100% Tinta de Toro.

Durante estos años, con mucho esfuerzo y tesón, hemos conseguido que nuestros vinos se vendan en prácticamente todo el territorio español y exportamos en 50% de nuestra producción a otros 23 países.

Si chechea www.rejadorada.com podrá encontrar información sobre nuestra bodega, nuestros vinos y los múltiples premios y reconocimientos en guías, concursos, etc... recibidos estos años, y sobretodo expresar mi reconocimiento y agradecimiento a todos los clientes que han sido y siguen siendo fieles a Rejadorada, bebiendo nuestros vinos, así como a los importadores y distribuidores que hacen posible que esto así sea.

ROSUM. Es habitual en las bodegas europeas (Francia, Italia, España) que un mismo vino se presente con distinta etiqueta, siendo esta autorizada por los Consejos Reguladores de las distintas Denominaciones de Origen Certificadas.

En el caso del ROSUM, la autorización de la marca por la Oficina de Patentes y Marcas Española data de febrero de 2007 y la primara partida que autorizó el Consejo Regulador de Toro es de marzo de 2008, siendo ambas cosas absolutamente LEGAL.

El utilizar otra marca es debido a que en determinados países, la demanda de la 1ª marca ya la tienen varios importadores o distribuidores, y se las ofrece la 2ª marca, en este caso Rosum, que actualmente se vende la en la zona de Cataluña (España), USA, Bélgica y ahora en Brasil. La marca ROSUM son 4 vinos:

- Rosum (Joven): 85% Tinta de Toro + 15% Garnacha vieja.
- Rosum (Roble): Tinta de Toro con 6 meses en barricas francesas y americanas, y viñedos entre 15-25 años.
- Rosum (Crianza): Tinta de Toro con 12 meses de barricas francesas y americanas, y viñedos entre 25-40 años.
- Rosum (Cepas Viejas): Tinta de Toro con 18 meses de barricas francesas y viñedos de 50-70 años.

Respecto a la imagen de la etiquetas, siento mucho que no le hayan gustado, pero le aseguro que no fue ninguna improvisación y que han sido el resultado del diseño de una prestigiosa empresa de Cataluña, y siendo una imagen muy reconocida en España por su estética expresando la palabra ROSUM el nombre como denominaban los romanos al vino de Toro.

IMPORTADOR DE REJADORADA Y ROSUM PARA BRASIL. En marzo de 2011 la empresa Wine Society nos pidió una pequeña partida de prueba de los vinos de REJADORADA y se lo enviamos en el mes de mayo.

En abril de 2011 la empresa Vinhos do Mundo nos pidió una importante partida de vino, y como teníamos comprometida la marca REJADORADA con Wine Society, acordamos ambas partes que les enviaríamos la 2ª marca, ROSUM.

Por motivos internos y ajenos a nuestra bodega, hemos tomado la decisión de que a partir de ahora ambas marcas, REJADORADA y ROSUM, sean representadas por VINHOS DO MUNDO, para que las maneje como ellos cran conveniente en el territorio Brasileño.

Es mi deseo que esta información aclare algunos aspectos de su artículo, y que sobre todo, despeje cualquier duda de legalidad y honestidad con la que a todos agentes del sector del vino (clientes, distribuidores, importadores, periodistas, etc…) venímos tratando desde nuestra aparición como empresa en el mercado.

Quedo a su disposición para aclararle cualquier duda y aprovecho para invitarle a que visite nuestras instalaciones en Toro y San Román de Hornija, con gusto le recibiremos para que pueda catar nuestros vinos y conocer más de cerca nuestra bodega. Asimismo le prometo que si viajo a su país, me gustaría saludarlo y ampliar esta pequeña información.

Le saluda cordialmente,
LUIS REMESAL PÉREZ
Director General
BODEGA REJADORADA, S.L.
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]