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Muito prazer
No último verão, estive duas vezes no Rio Grande do Sul - uma na Serra Gaúcha e outra na Campanha. Nas duas ocasiões tive a oportunidade de experimentar o vinho Quinta do Seival Alvarinho 2011, elaborado pela Miolo na Campanha. Foi um caso de amor ao primeiro gole!

Eu queria porque queria comprar algumas garrafas, mas o vinho nem havia sido lançado. E foram em vão minhas insinuações para ganhar pelo menos uma garrafa não rotulada. Não serviram para nada... Teria mesmo é que esperar pelo lançamento, programado para ocorrer durante a Expovinis, em abril. Como não fui a essa feira, perdi a oportunidade de beber o vinho mais uma vez, mas fiquei atento ao lançamento.

E o momento chegou quando a Miolo enviou uma promoção do Projeto Confrarias, oferecendo a caixa do vinho por R$263 reais (fora dessa promoção, a caixa custa R$328 na página da vinícola). Como eu sabia que esta primeira safra era quase um experimento - apenas 1.000 garrafas - tratei de colocar logo meu pedido. Somando o frete de 38 reais, no frigir dos ovos cada garrafa me custou 50 reais o que, embora não seja exatamente uma barganha, está aquém do prazer imenso que o vinho me oferece.

Anselmo ou não?
Nas vezes em que conversei com a Miolo sobre esse vinho, fiquei sabendo que o mesmo contava com a mão de Anselmo Mendes, a maior autoridade portuguesa em vinhos da casta Alvarinho. Mas não ficou clara qual era a participação: uma consultoria formal ou apenas um pitaco enquanto ele esteve visitando os vinhedos da Quinta do Seival.

Mas o enólogo oficial do vinho é o também português Miguel Ângelo Almeida, responsável pela Quinta, que está aprontando poucas e boas por lá, pois um dos vinhos tintos mais aplaudidos do Brasil, o Quinta do Seival Castas Portuguesas também é fruto de suas mãos. Se deixarem ele solto, daqui a um tempo Miguel é bem capaz de declarar a Quinta do Seival como colônia vinícola portuguesa.

Elaborado com 100% Alvarinho, o vinho fermenta em barricas novas de carvalho francês, onde permanece por mais 10 meses. Quando ele sai de lá, apresenta uma cor amarela, quase ouro, e um nariz muito rico onde circulam o pêssego, os cítricos e o mel, mostrando que a madeira foi bem utilizada, não se sobressaindo à fruta. Na boca, a acidez é deliciosa, o corpinho é sedutor e a permanência não é das mais longas, mas deixa um gostinho discreto de avelã, como a provar sua passagem pelas barricas. E, muito bom, o teor alcoólico é de apenas 12,5%, fato raríssimo nesses tempos de aquecimento global.

O vinho é um espetáculo e eu, atrevido, presenteei uma das garrafas para um casal de galegos que só bebe Albariños das Rías Baixas e o faz quase como uma devoção nacionalista. Estou curioso para saber o que eles vão achar do Alvarinho da minha terra...

Eu sei que é uma afirmativa forte, mas não hesito em dizer que o Quinta do Seival Alvarinho 2011 é o "melhor vinho branco brasileiro" da atualidade.

Oscar Daudt
16/06/2012
Comentários
Eduardo M Araujo
Certified Sommelier - Santa Adega Vinhos Finos
Florianópolis
SC
16/06/2012 Oscar, esse vinho é realmente delicioso, me agradou em todas as oportunidades e, também, a todos que eu o indiquei.

Cabe ressaltar o trabalho fantástico do Miguel em nossa terra, vinhos sem maquiagem, com o que há de melhor em cada safra. Visitar a Campanha e passar um tempo entre os vinhedos conversando com ele é um exercício que cada enófilo brasileiro deveria fazer.

Abraços!
Eugênio Oliveira
Enófilo
Brasília
DF
16/06/2012 Realmente, esse é um grande vinho brasileiro e como você é do Rio, ainda há a possibilidade de conhecê-lo em sua primeira safra (2009) que foi toda vendida ao restaurante Terzeto. Ele foi engarrafado como Terzeto Alvarinho assim como o Terzeto Pinot Noir.

Ainda bem que você disse que a afirmação de "melhor vinho branco brasileiro" é forte, mas temas fortes é que causam discussão. Como você sabe, meus preferidos são outros, mas continuam sendo apenas os meus eleitos...

Forte abraço

Eugênio, eu conheci o 2009 num jantar lá no Terzetto. E gostei, mas naquela safra não tinha madeira. Esse 2011 é muitos pontos acima... Abraços, Oscar
Miguel Ângelo Vicente Almeida
Enólogo na Miolo
Candiota
RS
16/06/2012 Oscar,

Para esclarecer definitivamente esse ponto do Anselmo Mendes vs Quinta do Seival Alvarinho: não consigo precisar, mas algures entre 2008 e 2009, Anselmo Mendes, Adolar Hermann e Edson Hermann foram conhecer a vinha do Seival e nesta visita foram trocadas muitas ideias informais. Desde 2004, o único enólogo consultor da Miolo é francês.

O Quinta do Seival Alvarinho 2011 é um vinho singular e peculiar, características idênticas aquele Alvarinho Curtimenta (Anselmo Mendes) 2007 que provei no passado Natal.

Não existem heresias, existem verdades experimentadas. Abaixo o preconceito. :)
João E. P. de Souza
Sócio - Sommelier
Rio de Janeiro
RJ
18/06/2012 Meu amigo Miguel, tudo bem?

Me sinto um dos "PAIS" do Alvarinho Quinta do Seival e gostaria muito de provar o 2011.

Grande Abraço
Carlos Machado
Winemaker
Teófilo Otoni
MG
18/06/2012 Muito feliz !!!

Oscar, você merece 100 pontos em qualquer classificação! Correto, justo, digno e competente!

Ao Miguel, só posso acrescentar: PARABÉNS!!! Degustei o vinho ainda sem rótulo, no começo de fevereiro, estava maravilhoso! Se ainda há paradigma a quebrar, definitivamente caiu por terra!

Abraços a todos os admiradores dos melhores vinhos brasileiros!
Juan José Verdesio
ABS Brasilia
Brasília
DF
18/06/2012 Que bom!! Eu pensava que o único Albariño (com b) da América latina era o da vinícola Bouza, do Uruguai.

É isso mesmo. Tem que investir mais por caminhos não trilhados. Porquê não, no Nordeste, Nero d'Avola, Primitivo, Grenache, Mourvèdre (Monastrel)?
Leandro Ebert
Universidade Federal de Santa Maria
Santa Maria
RS
19/06/2012 Esta fermentação integral em barricas de carvalho novo francês é um exagero, provei muitos dos vinhos da Miolo produzidos dessa forma, incluso esse, e realmente não o credito como bom método. Além de exagerar na madeira, maquiando o vinho por demais, escondendo seus defeitos a qualquer custo, micro oxigena-o, diminuindo sua longevidade e complexidade, embora o deixe vivo.

Creio que esta casta teria potencial para um bom vinho em Candiota, sem precisar dessa maquiagem.

Mas, parabéns pelo post, interessante!
Miguel Ângelo Vicente Almeida
Enólogo na Miolo
Candiota
RS
19/06/2012 Leandro Ebert, com a tua idade eu tinha menos coragem, mas em contra-partida estudava mais e trabalhava mais ainda.

João de Souza, pois é, a história do Alvarinho do Seival, engarrafado, está relacionada consigo.

GA
Alexandre Loureiro
Sommelier Restaurante Terzetto
Rio de Janeiro
RJ
19/06/2012 Bom, se alguém quiser comparar este Alvarinho com o do projeto inicial, por favor, venham ao Terzetto que ainda temos algumas garrafas.
Leandro Ebert
Universidade Federal de Santa Maria
Santa Maria
RS
21/06/2012 Amigo Miguel,

não precisa se ofender, e além do mais, até onde eu saiba, idade não é parâmetro argumentativo...

Não precisaria ter estudado tudo o que eu estudei de agronomia para perceber no paladar a saturação por madeira deste método de produção. Muitos leigos também perceberam ao provar, eu apenas tenho algumas explicações do porquê acontece isto. É claro que para alguém que aprecie madeira eu sugeriria um vinho desses.

Um bom profissional deve saber aceitar críticas sem fazer pouco caso ou esnobar.

Abraços
Antonio Carlos Ferreira Lopes
Administrador
Rio de Janeiro
RJ
23/06/2012 Caro Leandro Ebert,

Pouca idade, bom conhecimento e bela educação. Lamentável a posição do enólogo da Miolo. Sem maiores comentários.
Marcus Ernani
Leitor
Rio de Janeiro
RJ
23/06/2012 A resposta do Miguel a uma análise mais crítica explicita a prepotência e arrogância que está por trás do vinho nacional.

Se a um falta experiência, ao outro falta-lhe o principal, educação!
Miguel Ângelo Vicente Almeida
Enólogo na Miolo
Candiota
RS
24/06/2012 Senhores,

Não fui mal-educado, nem muito menos fui eu arrogante. Admito que possa ter-vos parecido isso. Mas fui impelido por uma forte sensação de injustiça. Como Sócrates: só sei que nada sei.

Um abraço.
Eduardo M Araujo
Certified Sommelier - Santa Adega Vinhos Finos
Florianópolis
SC
26/06/2012 Miguel, meu amigo!

Onde já se viu o enólogo responsável pelo vinho responder a sugestão de alguém que não o faz! Afronta!

O universo do vinho brasileiro está muito sensível ultimamente. Estão enxergando muito mais do que existe. Vamos com calma amigos, em nenhum momento houve falta de educação. Infelizmente a conotação de um texto cabe ao leitor e quase sempre não coincide com a que foi escrita.

Vamos voltar ao normal e a louvar os grandes Bordeauxs e outros tantos "barrel fermented" com rótulos famosos por ai!

Abcs
José Mauro Bernardo Mesquita
Enófilo
Rio de Janeiro
RJ
26/06/2012 Acabei de adquirir um exemplar em viagem a Curitiba. Não vejo a hora de degustá-lo.

Acho que estava a um bom preço: R$57.

Abraço a todos.
Roberto Cavalcanti de Albuquerque
Consumidor
Volta Redonda
RJ
26/06/2012 Na semana passada ganhei uma garrafa do Alvarinho Quinta do Seival 2011. Provei e não gostei. Não que ele seja um vinho ruim, mas é tão maquiado que a casta está descaracterizada. Seria interessante verificar quantos enófilos, sommeliers e, mesmo, enólogos identificariam nesse vinho a casta Alvarinho numa degustação às cegas.

O Leandro Ebert está corretíssimo em sua análise e na forma como a colocou; além de prestar uma colaboração ao consumidor, oferece um contra-ponto à intolerância do enólogo da Miolo.
Ronaldo M. Vilela
Enófilo
Rio de Janeiro
RJ
27/06/2012 É lamentável que as pessoas utilizem este espaço para ataques a pessoas e não para expor ideias ou argumentos.

A crítica foi quanto ao processo de fermentação; a resposta foi contra a pessoa que fez a crítica! Partindo desta premissa, fica mais razoável julgar quem excedeu nos seus comentários; quem foi inconveniente.
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]