As vinícolas brasileiras investiram muito nos últimos anos, mas não viram seu espaço crescer no mercado de vinhos finos. A defesa comercial prevista pela salvaguarda é o suporte que falta para as vinícolas concluírem o processo de reestruturação.

O Brasil está em um momento histórico: precisa decidir se quer ser somente um país importador de vinhos ou se também deseja ter uma produção nacional de qualidade. A respeito disso, muito se tem dito, sem conhecimento real dos fatos.

Confira abaixo as mentiras veiculadas acerca do tema e veja qual é a verdade sobre a salvaguarda.

Instituto Brasileiro do Vinho (IBRAVIN)
União Brasileira de Vitivinicultura (UVIBRA)
Federação das Cooperativas do Vinho (FECOVINHO)
Sindicato da Indústria do Vinho do Estado do Rio Grande do Sul (SINDIVINHO)
 
Mentira nº 1
A salvaguarda vai aumentar a taxa de importação dos vinhos estrangeiros de 27% para 55%

A verdade: O setor vitivinícola brasileiro não pediu e não quer o aumento de impostos para os vinhos importados. O próprio governo federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), já se pronunciou pela imprensa que, se implantada a salvaguarda para os vinhos brasileiros, a taxa de importação não será aumentada.
Mentira nº 2
A salvaguarda vai diminuir a oferta e a variedade de vinhos estrangeiros no Brasil

A verdade: Se a salvaguarda for implantada pelo MDIC, as cotas de entrada de vinhos por países serão estabelecidas por uma média dos últimos três anos. Ou seja, não haverá diminuição da diversidade atual. São Paulo é a terceira capital no mundo (só perde para Londres e Nova Iorque) em termos de rótulos de vinhos à disposição dos consumidores. Quando falamos em estabelecer cotas para os vinhos estrangeiros, isso não quer dizer que queremos restringir a oferta atual. Só queremos monitorar o enorme crescimento registrado nos últimos anos. Só no primeiro bimestre deste ano, as importações de vinhos cresceram 35% no país.
Mentira nº 3
O pedido de salvaguarda foi feito pelas grandes vinícolas do país

A verdade: Quatro entidades representativas do setor vitivinícola brasileiro entraram com o pedido de salvaguarda no MDIC. São elas: o Instituto Brasileiro do Vinho (IBRAVIN), a União Brasileira de Vitivinicultura (UVIBRA), a Federação das Cooperativas do Vinho (FECOVINHO) e o Sindicato da Indústria do Vinho do Estado do Rio Grande do Sul (SINDIVINHO). Nenhuma vinícola brasileira, de forma isolada, deve ser responsabilizada pelo pedido, feito em 1º de julho de 2011. Várias empresas tiveram informações colhidas, de acordo com a legislação, para embasar tecnicamente o pedido de salvaguarda.
Mentira nº 4
A salvaguarda vai favorecer as grandes vinícolas brasileiras e prejudicar as pequenas

A verdade: Na prática, apenas três vinícolas faturam acima de R$ 100 milhões. Cerca de 70% do setor é formado por pequenas empresas. Independentemente do seu tamanho, todas as vinícolas brasileiros são abastecidas com uvas de pequenos produtores, com propriedades médias de 2 e 3 hectares. São mais de 20 mil famílias de produtores de uvas espalhadas por nove estados brasileiros (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Bahia e Pernambuco).

O setor vitivinícola brasileiro é muito pequeno ainda. Só uma empresa chilena vende cinco vezes mais do que toda a produção brasileira de vinhos finos. Atualmente, quem mais sofre com a concorrência desleal dos vinhos estrangeiros são as pequenas vinícolas, que tem de concorrer com estruturas comerciais, de marketing e de logística enormes.
Mentira nº 5
O vinho brasileiro não tem qualidade para competir com os rótulos estrangeiros

A verdade: A qualidade crescente do vinho brasileiro é atestada por críticos nacionais e internacionais. Nos últimos anos, os vinhos do Brasil conquistaram mais de 2.500 medalhas pelo mundo. A indústria nacional investiu muito nos últimos anos e, rapidamente, alcançou um nível de qualidade indiscutível.

A meta, a partir de agora, é crescer em escala e possibilitar que um número ainda maior de empresas, em especial as pequenas, adotem tecnologias e sistemas de qualidade que vão dar ainda maior competitividade ao setor.
Mentira nº 6
A salvaguarda é uma medida autoritária

A verdade: A salvaguarda é um instrumento legítimo e democrático, previsto pela legislação brasileira e internacional, reconhecido pela OMC (Organização Mundial do Comércio), para regular e equilibrar as relações comerciais entre os países. É, portanto, uma medida legal e temporária que busca dar condições para que os setores afetados possam, a partir da implantação de um Programa de Ajustes, melhorar sua competitividade e concorrer em igualdade de condições com demais partícipes do mercado.

A melhora da competitividade do vinho fino brasileiro possibilitará produtos com mais qualidade, custos menores e preços acessíveis ao consumidor. Uma prova irrefutável da transparência da salvaguarda é que todas as partes interessadas poderão manifestar seus argumentos, no prazo de 60 dias, para a decisão técnica final do MDIC.
Mentira nº 7
O setor não pede a diminuição de impostos dos rótulos brasileiros

A verdade: Estamos trabalhando pela redução de impostos há mais de uma década. Já conseguimos a desoneração dos vinhos espumantes, que antes tinham IPI de 30%. Agora o IPI dos espumantes – nacionais e importados – é de 20%, mas, por definição de atos específicos, o percentual cobrado sobre os espumantes é de 10%. Além disso, buscamos equalizar os impostos estaduais (ICMS), que vão de 12% a 30% sobre o vinho. Alguns Estados produtores beneficiam com a redução de ICMS apenas os produtos importados.

Só em 2011 foram realizadas reuniões com secretarias da fazenda de quatro Estados para tratar desse assunto. Também requeremos a desoneração de tributos sobre os insumos – rolhas, rótulo, garrafa, caixa – todos estes produtos são tributados na importação e na industrialização. Isto não acontece da mesma forma em outros países, que têm estruturas de tributação diferenciadas, simplificadas. Queremos e pedimos a desoneração da carga tributária do vinho ontem, hoje e sempre.
Mentira nº 8
O preço dos vinhos importados irá aumentar, afastando o consumidor da categoria

A verdade: Não há motivo para aumentar os preços dos vinhos, pois a importação não diminuirá (só o crescimento é que será monitorado) e não haverá acréscimo de impostos. Com o pedido de salvaguarda, não queremos afugentar o consumidor do próprio vinho nacional e deste hábito que vem crescendo no Brasil.

Pelo contrário, o objetivo é promover o consumo, criar igualdade de condições de mercado e não de aumentar o preço (como se tem sugerido, de forma maldosa e equivocada, por quem defende os produtos estrangeiros sem se preocupar com a produção nacional).
Mentira nº 9
O Brasil é o único país que pretende restringir a entrada de vinho importado no seu mercado

A verdade: Existem países que taxam o vinho em até 1.000%, como é o caso do Egito. A Inglaterra, maior importador de vinhos do mundo, tem carga total de impostos de 55% para vinhos importados. Outros restringem a entrada com barreiras sanitárias, como é o caso da União Europeia. Outros ainda dificultam ao máximo a importação, exigindo uma aprovação prévia dos rótulos antes da importação. Os Estados Unidos obrigam o exportador a ter um importador para cada um dos 50 Estados americanos, que só pode vender para um distribuidor, e este para um varejista. Só depois é que o produto poderá ser vendido ao consumidor.

No Brasil, o mesmo CNPJ (estabelecimento comercial) pode fazer a importação, distribuição e venda por atacado ou varejo. A cadeia de impostos, neste caso, fica mais curta, o que implica em uma diminuição considerável da carga tributária para os estabelecimentos que importam direto. Há inúmeras formas e medidas de se controlar a importação. A salvaguarda é uma das mais claras e objetivas, além de ser permitida e regulada pela OMC.
Mentira nº 10
Os vinhos brasileiros detém 80% do mercado e as empresas estão em crescimento; não há porque proteger a produção nacional

A verdade: O Brasil produz vinhos finos, de mesa, espumantes e suco de uva, além de outros produtos derivados da uva e do vinho, tais como vinagre, vermute, e, mais recente, as sangrias e coquetéis com vinho. Por determinação da lei é chamado de vinho de mesa aquele produzido com as uvas híbridas e americanas, enquanto o vinho fino é aquele produzido com variedades Vitis vinífera. Esta característica conceitual já é suficiente para diferenciar os produtos e explicar que os vinhos finos brasileiros é que concorrem com os vinhos importados.

Se ainda não bastasse, o mercado de vinhos de mesa vem se mantendo estável há alguns anos, com pequenas oscilações, tendo nos produtos substitutos como a cerveja, a sangria e os coquetéis os principais concorrentes. E é este mercado que as importações estão eliminando. Queremos que a produção de vinhos finos cresça, conferindo reconhecimento à indústria vitivinícola nacional. Dos 91,9 milhões de litros de vinhos finos comercializados em 2011, apenas 21,2% eram nacionais. No ano passado, crescemos 7%, mas sobre uma base ínfima, de pouco mais de 18 milhões de litros em 2010.

Desde 2005 até o ano passado, a média de comercialização do vinho fino brasileiro está estacionada em torno dos 19 milhões de litros. Em 1997, por exemplo, foi de 46,4 milhões de litros. Se esta tendência continuar, em menos de 20 anos corremos o sério risco de não termos mais vinho fino brasileiro.
Comentários
Roberto Cavalcanti de Albuquerque
Consumidor
Volta Redonda
RJ
11/04/2012 A IBRAVIN, UVIBRA, FECOVINHO e SINDIVINHO insistem em subestimar o consumidor com afirmações vazias que não esclarecem e não convencem com relação aos seus reais propósitos.

O que querem dizer com "Quando falamos em estabelecer cotas para os vinhos estrangeiros, isso não quer dizer que queremos restringir a oferta atual. Só queremos monitorar o enorme crescimento registrado nos últimos anos."?

Para referência, vejamos o Aurélio:
Monitorar [De monitor + ar².]
1. Acompanhar e avaliar [dados fornecidos por aparelhagem técnica].
2. Restr. Controlar, mediante monitoração.
3. Market. Acompanhar o comportamento do mercado com o objetivo de detectar riscos e oportunidades. "Devido à crise, passou a monitorar, diariamente, os índices da bolsa de valores." [Sin. ger.: monitorizar].

Isto não tem nada a ver com estabelecimento de cotas por média de importação dos últimos 3 anos. É claro que cotas implicam em restrição de oferta quantitativa e qualitativa de produtos, com consequências diversas, inclusive aumento de preço para o consumidor final, das quais a parte interessada certamente vai se aproveitar.

E o Programa de Ajustes, que não é apresentado: do que se trata, quais os seus parâmetros de acompanhamento e avaliação, por quanto tempo? Sobre isso eles não se pronunciam, mas esperam a compreensão e aceitação pelo consumidor das medidas que estão pleiteando. Difícil.

O momento histórico do Brasil, por eles apresentado, é pura falácia e não existe o dilema como formulado. O produto de qualidade com condições atraentes de aquisição, importado ou não, é o que estimula a concorrência a melhorar os seus padrões de produção e comercializacão. Caso contrário a concorrência ou se conforma com um mercado marginal ou desaparece. Mas este é o problema que eles tem para resolver (só acordaram agora!) sem procurar penalizar o mercado.

No mais, falta respeito ao consumidor: os argumentos deles são a VERDADE e os dos consumidores são a MENTIRA. Isso é INADMISSÍVEL.
Henrique Dias
Enófilo
Rio de Janeiro
RJ
12/04/2012 Sr.Roberto Cavalcanti, muito boa noite.

Sabe eu li tudo, li o manifesto, e toda a documentação escrita até aqui. O Senhor já parou para analisar o lucro dos importadores? Já percebeu em um dado momento, se és um degustador de vinhos frequente, uma situação interessante de vinhos que diminuem seus preços de repente?? Já leu os contra-rótulos de todos os vinhos que degustaste? Sabes quem importa estes vinhos e acompanha quando eles mudam de importadores?

É o milagre de preços caídos. Por exemplo uma importadora vende um Champagne francês ao custo de R$ 280,00 e de repente ele perde este produto, ele retorna sob outro importador e por incrível que pareça ele é vendido a R$ 180,00, incrivel!!!! Olha como o importador 1 ganhou tanto ou o importador 2 é louco, burro ou coisa assim!!

Não concordo em salvaguardas, mas não concordo em boicote ou simplesmente levar esta discussão somente para o campo dos vinhos brasileiros. Acordem meus amigos, não só pelos vinhos daqui mas para todos os produtos que vêm de fora. E não me venham com essa de "qualidade"; isso foi no passado. Ou nossos irmãos asiáticos despejam em solo brasileiro produtos de enorme "qualidade"? Isto serve para os vinhos, para os sapatos, para tudo.

Com todo respeito, Sr Roberto, não fique chateado, é que li tantos absurdos, pessoas que viajam pelo exterior sob custas de importadoras que estão, acredito eu, com medo de perder esta "boquinha". Além do mais, não acredito que isso vai passar, ou seja, sofremos por antecipação.

Boa noite para o senhor, respeito muito sua palavra e vamos torcer para que tudo acabe bem para todos nós.

Um abraço.
Marcos Paulo Fernandes Lopes
M Lopes Bistrô
Niterói
RJ
12/04/2012 Resumindo: É Brincadeira. Este é meu primeiro comentário no blog, porque não dá mais para ficar calado. Poderia comentar todos os 10 pontos, mas vou pegar somente o número 7 (dizem que é o número da mentira). Se conseguiram reduzir o IPI do espumante de 30% para 10%... Como o consumidor nunca viu o espumante reduzir de preço?

Todos vão lembrar da discussão de algum tempo atrás sobre o selo fiscal que veio para dificultar a vida de todos, grandes e pequenos. Mas quem sofreu mais? Os importados que ficaram parados na alfândega, os pequenos produtores brasileiros que não conseguiam comprar os selos para cumprir as exigências legais ou os grandes produtores que tinham selos sobrando? Eu sei quem pagou a conta.

O consumidor do vinho de garrafão não está nem aá para salvagardas, mas o consumidor de vinhos de qualidade este sim, com tais medidas só se afasta do produto nacional. A Expovinis está ai e quero ver como vai ser...
Jesus Ruiz
Comerciante
Itaipava
RJ
12/04/2012 Estou vendo que todos sabem de tudo e são donos da verdade, mas só queria comentar a mentira 2, sobre o aumento de importações 35% no primeiro bimestre 2012.

Não será que os sabedores das medidas antecipadamnete correram a comprar antes que aplicasem as medidas? Eu tentei fazer isso, mas eu soube muito tarde, não sou bem relacionado em Brasilia.
Adriana Marques
Enófila
Rio de Janeiro
RJ
12/04/2012 Essa parte sobre os espumantes foi realmente de lascar. Em julho do ano passado, comprei 12 garrafas de 130 Valduga na Cadeg por R$35 cada. Desde dezembro do ano passado, o mais barato que já encontrei foi R$60. Isso pq o IPI caiu de 30% pra 10%, né? Resultado: Não bebo mais espumantes Valduga.

Não entendo como em pleno 2012 os empresários ainda não aprenderam que tratando o consumidor como burro/otário eles só vão afastar a clientela...
Frank Tenório
Professor adjunto/UERJ
Rio de Janeiro
RJ
12/04/2012 Ouvi uma certa estória de que a salvaguarda era idéia das grandes companhias cervejeiras (leia-se AMBEV) pela preocupação do crescimento e popularização do consumo de vinho no Brasil, o que levaria a perda de mercado dos mesmos. Tem alguma base de verdade nisto?
Alexandre Henrique
Advogado e Associado da ABS/RJ
Rio de Janeiro
RJ
12/04/2012 Caros amigos.

Boicote total ao vinho nacional! Desde que soube desta palhaçada não tomo uma gota de vinho brasileiro.

Quem paga (e muito) por tudo isso somos nós consumidores. Façam com que os autores do pedido de salvaguardas sintam as consequencias de seus atos no bolso! Não sou importador, produtor ou comerciante de vinhos, mas como apreciador e consumidor - que já paga a maior carga tributária do mundo - também tenho direitos. Ninguém tem o Direito de dizer que vinho devo tomar ou de me punir com mais impostos ou restrições de importações.

Afinal, qual o pecado do consumidor brasileiro? Por que quem toma vinho e já paga um absurdo de impostos ainda tem que aceitar mais restrições e mais impostos? Não aceito! Chega!

Se é verdade que a salvaguarda é um instrumento democrático, com maior razão há de se reconhecer a legitimidade do boicote organizado pelos consumidores.

O estrago está feito. Adeus vinho nacional!
Hong Lee
Administrador
São Paulo
SP
12/04/2012 A grande pergunta que poucos fazem em relação ao mercado de vinhos finos no Brasil, é por que os vinhos importados são tão caros no Brasil, em média 3 vezes. Mesmo com esta carga tributária alta não explica estes preços absurdos e predadores.

A ganância das importadoras fez e faz o consumo de mercado de vinhos finos ser tão pequeno e medíocre. Que tal uma campanha contra os preços absurdos, elitistas e "luxuosos" dos vinhos importados??
José Luis Azeredo
Enófilo
São Paulo
SP
13/04/2012 É no minimo hilario citar 1000% de impostos sobre o vinho, no Egito. Não sei se os impostos na Inglaterra são de 55%, mas sei que os vinhos lá custam 3 vezes menos do que aqui, que a variedade e quantidade de vinhos do mundo inteiro é 10 vezes maior.

Só para comparação, o Miolo Qta do Seival Castas Portuguesas custa em Londres U$105,00 a caixa com 6 garrafas; aqui, no Rio Grande do Sul, custa US$200,00. Os Ingleses pagam 55% de imposto, frete, container refrigerado, despesas de armazenamento, lucro de venda do importador e do revendedor e, quem sabe, outras despesas, mas conseguem vender pela metade do preço.

Tem algo de podre no nosso reino, so que agora os enofilos aperfeiçoaram o nariz e começou a cheirar mal.
Antonio Carlos Ferreira Lopes
Administrador
Rio de Janeiro
RJ
13/04/2012 Mentira número 11. Tudo o que eles escreveram é MENTIRA.
Osmir Avila Abrantes
Engenheiro e Enófilo
Cascavel
PR
13/04/2012 Se todos os pontos levantados são mentirosos para que serve mesmo as salvaguardas???????
Tito Villar
Médico, enófilo, minusculo produtor
Rio de Janeiro
RJ
13/04/2012 Caros enófilos e importadores, não há e nem haverá boicote ao vinho brasileiro, porque os grandes consumidores hoje são a classe C e D e eles querem preço, e ainda não foram apresentados à qualidade. Aí é que está o X do problema.

Os nossos vinhos são muitos bons e disputam a faixa de mercado entre 18 a 45 reais. A tecnologia está aí para ajudar a todos e a Embrapa tem feito isto com maestria.

Grupos espanhóis, portugueses, italianos, franceses, nossos irmãos de fronteira e enólogos de toda a parte do mundo já estão aqui. Isto é fato e associando a pequenos e grandes produtores, plantando e produzindo de forma independente.

Muitas importadoras já fecharam e continuarão, outras serão incorporadas ou vendidas. As que sobrarem se associarão aos grandes restaurantes ou a mercados especializados, como fazem as cervejarias e os produtores de refrigerantes.

É fato que hoje entramos em muitos restaurantes e só vemos uma importadora na carta de vinhos, principalmente em São Paulo, e fazem elas muito bem, isto é mercado de sobrevivência, de graça é que não se compra um ponto.

Proteção a pequenos, médios e grandes produtores existe em qualquer parte do mundo. Só aqui o produtor interno paga os mesmos impostos que qualquer importado. O grande problema hoje é que as grandes distribuídoras e atacadistas entraram forte neste mercado. Eles não trazem todo o portfolio de um determinado produtor, como as importadoras são obrigadas para manter a carteira. Enquanto uma importadora traz 5 mil garrafas de um vinho ruim para compor a carteira, o atacadista traz um milhão. Ou seja, o produtor estrangeiro atropela o importador às custas de alguns milhões no bolso e o mercado está sem regulação nenhuma.

Um exemplo, um importador do Rio Grande do Sul trazia um vinho chileno que o básico reserva era vendido a 35 reais no varejo; 2 atacadistas entraram forte nesta importação e estão vendendo no varejo a 18 reais. Este preço só se consegue devido ao volume de importação e eles só trazem este vinho barato. O caro eles pegam em consignação no mercado interno.

Como um bom vinho, na faixa de preço entre 20 e 45 reais, vai competir com um vinho de 3 dólares na produção? Nem o bom nacional e nem o bom importado. Neste mercado atual, a maioria dos importadores estarão mortos em menos de 5 anos. Qual a solução emergencial?

Talvez cotas ou limitações destes vinhos muito baratos e ruins, os pseudo-reservas que não entram em nenhum mercado do mundo, só nas nossas prateleiras e nos nossos restaurantes.

Uma outra sugestão: o cerimonial do Planalto escolhe em novembro, através de uma comissão de profissionais nacionais do mundo do vinho, como sommeliers, chefes de cozinha, entre outros, os vinhos que vão ser servidos no ano seguinte. Eles se inscrevem no site do cerimonial e através de um sorteio, esta comissão é escolhida e tem muita gente boa. Os produtores e importadores levam os seus vinhos na faixa de preço até 50 reais para avaliação e raras importadoras aparecem para avaliação, será porque?

Oscar, sugiro a formação de uma comissão independente para avaliar estes vinhos muito baratos. Existem excelentes profissionais qualificados no Brasil para isto, Colocando avaliação em sites especializados, revistas e jornais de grande circulação e veículos de comunicação. Vai fazer fila para publicação e até uma feira no final para o consumidor dos bons e baratos em algumas capitais. Garanto que os vinhos melhores classificados, os seus comerciantes vão colocar o portfolio rapidinho na mídia. É um trabalho duro, árduo, de formiguinha. Quem se habilita a formar esta comissão e ir contra o mercado de produtos ruins?

Isto vale para vinhos nacionais e importados. Os consumidores principalmente da classe C e D agradecem, estamos falando de milhões de pessoas e reais.

Um grande abraço Oscar.
Tito

Que excelente análise, Tito. Meus parabéns! Oscar
José Luis Azeredo
Enófilo
São Paulo
SP
14/04/2012 Tito Villar,

Bons pontos de análise neste seu comentário.

Para meu conhecimento:

Você pode me dizer onde obteve os dados de que, no Brasil, a classe C e D são os grandes consumidores de vinho? Você se refere a vinho fino ou a vinho de mesa? O que é que você considera classe C e D?

Você leu O Guia de Vinhos do Brasil de 2001 de Julio Anselmo e Carlos Arruda? Eles fizeram mais ou menos o que sugere ao Oscar nos últimos parágrafos. Escreva para eles na Academia do Vinho - www.academiadovinho.com.br - e pergunte o que aconteceu.

Um [ ]
Azeredo
Tito Villar
Médico, enófilo, minusculo produtor
Rio de Janeiro
RJ
14/04/2012 Olá, José

A fonte é o IBGE e BBC BRASIL, balanço 2011. A classe C é a que mais consome de tudo neste país. Neste relatório a classe média A e B que é a nossa, é mais seletiva, descreve a falta de gastos em bens de consumo e serviço ano a ano.

A classe C gastou apenas 1,03 trilhão em consumo, viagens e bens de serviço em 2011; a nossa passou longe disto. De 5,5 milhões de estudantes em escola privada é a C que avançou mais, 3,7 milhões são desta classe.

A média salarial da classe C está entre 2,500,00 a 6,200,00 mensal; a D está em torno de 1,300,00 a 2,500,00. A classe D quer virar C e aí sucessivamente.

Em virtude da falta de estatísticas neste país, as fontes destes consumos de vinho por classe, são os contatos com os gerentes de compras de bebidas dos grandes atacadistas no Rio (supermercados, distribuidores da Cadeg). Neste ponto eles são categóricos: o que se coloca na prateleira de vinhos até 25,00 reais vende tudo e o foco deles é esta classe C e D, compram de olho fechado. Ou seja, é muito volume e qual é o vinho bom?

Hoje qualquer bairro em que se anda, no Rio ou qualquer cidade do interior, existe uma garrafa de vinho na mesa de uma pizzaria ou restaurante. Por isso seria interessante uma melhor atenção a estas classes, são eles que estão ajudando as nossas indústrias, serviços e comércio a produzir mais.

Vinho bom é aquele que a garrafa acaba rapido e as pessoas ficam satisfeitas, seja ele de 20,00 ou 1 mil reais.

Vou entrar em contato com o site, porém estamos em 2011; já são 10 anos, acho que podemos avançar. Aqui produzimos excelentes cachaças, vinhos e cervejas, somos um país empreendedor por natureza, sou otimista, quando vier ao Rio entre em contato para tomarmos umas copas numa destas bolsas de mercadoria.

AQUELE ABRAÇO.
Israel Souza
Empresário
Araruama
RJ
15/04/2012 Vejo que esse manifesto de mentiras escrito pela IBRAVIN, UVIBRA, FECOVINHO E SINDIVINHO, está encobrindo a real situação de grandes vinícolas brasileiras que entraram no ramo de importação de vinhos e estão amargando prejuízos, pois o mercado de importação de vinhos, que alguns dizem que as importadoras tem lucros "absurdos" - o que não é verdade - é muito complexo pois tem que se construir uma marca colocando no mercado on trade e off trade e isso custa muito caro. Ao invés dessas vinícolas pressionarem o governo para abaixar os impostos dos vinhos nacionais, eles se aventuraram na importação de vinhos. Quando viram que os lucros absurdos não são tão fáceis quanto pensaram, pressionaram o governo, de uma forma oportunista com as condições do mercado mundial, visando o protecionismo, para tentarem colocar as salvaguardas nos vinhos importados, para que eles possam aumentar os seus preços e reverter o prejuízo que estão tendo.

Senhores, as vinícolas brasileiras do mercado de vinhos de mesa não estão nem aí para os importados, e as que produzem espumantes muito menos. Então só sobra nessa história as vinícolas que tentaram entrar em uma aventura e não se deram muito bem.

Pergunta: por que não pressionam o governo para abaixar os impostos dos insumos de produção e dos próprios vinhos?

Abraços. :D
Julio Ribeiro
Publicitário
Rio de Janeiro
RJ
15/04/2012 Prezado Tito Villar,

É com imensa alegria que leio seus comentários, após tantas opiniões absurdas, agressivas, distorcidas e sabe-se o que mais.

Não há coerência maior do que defender o bom vinho, independente de sua nacionalidade.

Abraço com vontade sua proposta da formação de uma comissão para avaliar os vinhos com custos abaixo de vinte reais.

Tenho a certeza de que várias vinícolas nacionais apresentarão diversos rótulos. Entretanto, também tenho a certeza de que, para avaliarem os importados, esta comissão deverá busca-los no mercado, pois DUVIDO que alguma importadora apresente seus produtos, pois sabemos que muitos deles são "VINHOS DE PRENSA", com grande adição de açucar e tambem de uvas americanas para dar coloração ao mesmo.

Espero ver alguns destes formadores de opinião, que tanto pregam o BOICOTE AO VINHO NACIONAL, presentes nesta comissão avaliadora, pois apesar de pregarem suas opiniões com veemência, o fazem com conhecimento apenas de vinhos de poucos giro e alto custo, ignorando com força a existência deste mercado formado pelas classes C e D, que são o grande filão de nosso mercado.

Tenho a certeza de que nenhuma grande vinícola nacional tem dificuldade em vender seus Talentos, Desejos, Terroirs e Lotes.

A dificuldade está em competir no grande mercado de até vinte reais, onde os nacionais devem se enquadrar numa legislação severa quanto a graduação de açucar e tipo de uva entre outros pontos, enquanto os importados que aqui chegam, nesta faixa de preço, são resultantes de prensas, adição de açucares e uvas americanas.

Muito obrigado por ser uma voz dissonante e coerente em meio a tanta selvageria e truculência.

Grato,

Julio Ribeiro
Henrique Dias
Enófilo
Rio de Janeiro
RJ
15/04/2012 Prezado Tito Villar, boa noite.

É com uma enorme satisfação que li seu comentário e fiquei muito feliz e peço as minhas sinceras desculpas em ter escrito de forma um pouco agressiva sobre os comentários dos "boicoteiros". Pois é, depois de "Presidenta" acho que podemos usar outros adjetivos, não é verdade?

Bem, deixando a brincadeira de lado, fico muito feliz com as suas informações e com imparcialidade e principalmente demostrando o que realmente está sendo pedido ao buscar a "proteção" ao vinho brasileiro. Tomara que cheguemos a este patamar de conseguir formar uma comissão para avaliar os vinhos de custo baixo que vêm de fora e que abarrotam as nossa prateleiras. Sinceramente foi o comentário mais inteligente que li neste site, muito obrigado.
Anderson Mattoso Romão
Enófilo
Rio de Janeiro
RJ
16/04/2012 Dr Tito,

Com todo respeito seu diagnostico esta errado e assim o Sr vai matar o paciente.

Segundo a IBRAVAN e a UVIBRA, as classes C, D, e, porque não B e A, consomem 220 milhões de litros de vinhos de mesa nacionais por ano ( 90% DA PRODUÇÃO E 71% DO CONSUMO TOTAL DE VINHOS NO BRASIL) e mais alguns milhões litros de vinhos importados medíocres e baratos.

Se for passar na frente de sua comissão de experts não vai sobrar quase nada da produção nacional. A Aurora e a Perini e muitos outros, quebram, imagina a gritaria.

Na Europa os vinhos espanhóis pagam os mesmos impostos que os vinhos italianos quando comercializados na Itália. Nem por isto dominam o mercado. Por quê? Os italianos gostam, apreciam e respeitam seus vinhos e seus produtores. Mesma coisa nos USA, os impostos sobre a comercialização são os mesmos para importados e locais, isto não impediu, ao contrario, favoreceu o crescimento e o fortalecimento da industria americana, que, hoje, domina em volumes o seu mercado.

O imposto de importação zero favorecendo os vinhos chilenos e argentinos não foi concedido apenas por gentileza, é uma troca, os produtos brasileiros beneficiam desta mesma vantagem quando são exportados para estes países. Os números da balança comercial são inclusive favoráveis ao Brasil. Seguindo a teoria da vantagem comparativa, o Brasil compra em outros países o que eles produzem com mais eficiência e vice-versa.

Quando a tributação recaindo sobre a produção é percebida como o fator principal de desequilíbrio cabe ao governo REDUZI-LA para restaurar ou promover a competitividade do setor. O ideal sendo que num mercado comum as políticas fiscais sejam equiparadas.

Os vinhos finos são direcionados para uma classe de consumidores que tem informações e recursos suficientes para poder ESCOLHER. Os números indicam sua preferência para os vinhos importados na proporção de 3,5 para 1. Certo, errado, preconceito ou não, bom, ruim, não vêm ao caso, já que é fato incontestável.

Mudar esta percepção e SEDUZIR os consumidores, DE TODAS AS CLASSES, com vinhos e preços PERCEBIDOS como bons e justos é o grande desafio dos produtores de vinhos finos brasileiros, o mercado esta ai, faltam produtos. O sucesso comercial dos espumantes brasileiros valida esta tese. Afinal, não são nada baratos.

O boicote em curso não é contra o vinho brasileiro mas sim contra os vinhos produzidos pelos idealizadores das manobras, retrogradas e de comprovada ineficiência, que estão ai, selo de IPI, salvaguardas, aumento dos impostos de importação via TEC, rótulos frontais com dizeres em português. A idéia é forçá-los a recuar e adotar uma agenda positiva, visando a diminuir os impostos para o setor como um todo, favorecendo e não eliminando o pequeno empreendedor , a diversidade, e os esforços qualitativos.

E ACIMA DE TUDO, PRESERVANDO A LIBERDADE DE ESCOLHA DOS CONSUMIDORES, QUE ELES SEJAM DAS CLASSES A, B, C, D OU X!

AFINAL, NÃO ESTAMOS TRATANDO DOS INTERESSES SUPERIORES DA NAÇÃO MAS APENAS DOS INTERESSES PARTICULARES DE MEIA DUZIA DE EMPRESAS, EMPRESAS QUE JUNTAS, DOMINAM 90% DA COMERCIALIZAÇÃO DOS VINHOS FINOS PRODUZIDOS NO BRASIL.

TODAS, PUBLICAM EM SEUS SITES NUMEROS DE CRESCIMENTO EXTREMAMENTE POSITIVOS, E ANUNCIAM PLANOS DE EXPANSÃO PARA PODER ATENDER A DEMANDA.

PRECISAM DE PROTEÇÃO PARA QUE ENTÃO ?
Marcus Ernani
Leitor
Rio de Janeiro
RJ
16/04/2012 O instituto de pesquisa Nielsen monitora constantemente este mercado, os dados estão disponíveis na internet, basta pesquisar. Já a forma de interpretá-los cabe a cada um.

É fato que o brasileiro bebe mal e bebe pouco em se tratando de vinho. O consumo per capita é baixíssimo, não passando de 2 litros por habitante (incluem-se importados e espumantes). Quando comparamos com o consumo per capita de cerveja (>50 litros) e cachaça (>7 litros) fica mais clara ainda a preferência do consumidor.

Pesquisa de hábito de consumo mostra que o brasileiro de um modo geral faz uma rápida conta: "Quantas latinhas eu consumo, pelo preço de uma garrafa de vinho?". Fatores climáticos (mais que culturais) também explicam parte desta nossa preferência.

O consumo de vinhos baratos segundo a AC Nielsen cresceu em 2011 parrudos 35% e ainda atesta, "o incremento da categoria foi impulsionado pelas marcas de baixo preço, principalmente em lojas de nível socioeconômico baixo". Portanto, é o segmento (independente de classe social) que compra "preço" que estamos falando. O "inimigo" não são os vinhos importados, é a cerveja nacional! As cervejeiras já perceberam isso, estão vendo com bons olhos o selo fiscal, as salvaguardas e a dimensão que o imbróglio tomou nas redes sociais e internet. Sabem que o consumo irá aumentar ainda mais com tais medidas e atitudes.
João Carlos de Oliveira
Lojista
Rio de Janeiro
RJ
16/04/2012 Nobre comentarista Tito, boa noite.

Acho muito enriquecedor toda discussão abordando o tema. Todos demonstrando muita experiência e astúcia ao defender seu ponto de vista. Parabéns.

Gostaria de mostrar minha surpresa ao notar seu comentário, que reproduzo abaixo:

"A média salarial da classe C está entre 2,500,00 a 6,200,00 mensal; a D está em torno de 1,300,00 a 2,500,00. A classe D quer virar C e aí sucessivamente."

Em minhas básicas informações sobre a renda salarial no Brasil, a classe C não se aproximaria da média de 10 salários mínimos oficiais (hoje o mínimo está na faixa dos R$ 622,00). O que verifico é que a base de nossa pirâmide social e salarial está aumentando em muito, melhorando seu consumo e, nesse referencial, a quantidade será um significativo potencial, em que podemos aproveitar uma máxima da indústria com relação ao ganho de escala (minimizando o preço unitário).

Sou nacionalista, mas racional. Concordo com toda a boa intenção em ajudar nossa indústria, mas não me deixarei enganar, por conseguir enxergar muitos interesses camuflados, extremamente protecionistas, que poderão fadar nosso consumo a não ter uma comparação com produtos de maior qualidade.

Lembrem-se do exemplo Collor (sem entrar no mérito político) que abriu nossa industria automobilística e demos um passo para melhorar nossas carroças.

Atenciosamente a todos,
João Carlos.
Alex Abrantes
Rio de Janeiro
RJ
17/04/2012 Li vários registros, no blog e fora dele, sobre as salvaguardas para o setor vitivinícola e, de uma forma geral, fica a impressão de que estão de um lado os que gostariam que existisse livre concorrência e do outro aqueles que querem reservar uma parcela do mercado para sua exploração exclusiva.

Assisti a três reportagens no Globo Rural mostrando a cadeia do milho nos EUA, a criação de algumas raças de gado na Espanha e a produção de queijo na França. Nas três havia subsídio à produção, mesmo os EUA sendo o maior produtor mundial daquele grão e com maior produtividade do mundo talvez. No mesmo programa, certa vez, ouvi o então ministro da Agricultura e Abastecimento, Pratini de Moraes, dizer que o Brasil podia concorrer tecnicamente na agricultura com países desenvolvidos, mas não era capaz de brigar com seus tesouros.

No mundo real não existe concorrência perfeita e a maioria dos mercados está muito longe dela. Sou contra o boicote ao vinho brasileiro. Qualquer empresa sempre buscará obter em seu país, seja ele qual for, algum tipo de proteção, quer seja da fatia de vendas, quer seja a assunção de parte de seus custos.

Se a proposta fosse de receber subsídio eu seria contra, pois há outros gastos prioritários ao subsídio para o vinho no País. O preço do vinho vendido no Brasil é hoje, com toda a liberdade de concorrência, muiiiiito alto, assunto até já abordado neste site pelo Didu Russo.

Lendo as manifestações, fica a impressão de que hoje o vinho vendido aqui tem preço similar ao praticado fora do País e vai ficar caro após o estabelecimento das salvaguardas.

Refletindo a respeito da livre concorrência e perfeita informação de consumidores fica a dúvida: é justo recomendar e defender garrafas que, mesmo sendo muito boas, não se pagou por elas? Há transparência para os consumidores em geral de como isso ocorre?

A última observação importante, para importadoras e vinícolas nacionais, é que, se o preço subir de forma geral, infelizmente, consumir-se-á outra coisa que não seja vinho, nacional ou importado, talvez cerveja artesanal.
Julio Ribeiro
Publicitário
Rio de Janeiro
RJ
17/04/2012 Senhores,

Lendo e relendo vários comentários, principalmente aqueles que criticam a indústria nacional, percebi que muitos ainda citam o selo fiscal como retrocesso, ferramenta para aumento de preços, quebra de vinícolas pequenas, etc...

Passado tanto tempo da implementação do Selo, faço as seguintes perguntas:

Quais vinhos aumentaram o preço em virtude do selo fiscal?
Quais vinícolas nacionais quebraram em virtude do selo?
Quais importadoras deixaram o mercado?

Nenhum, nenhuma, nenhuma!!!!!

Apenas, aqueles que se encontravam em situação fiscal comprometedora junto a RECEITA FEDERAL, precisaram se adequar, passando a situação de contribuintes e não mais sendo sonegadores.

Vejo algumas pessoas espalharem o TERROR com muita facilidade, mas O TEMPO É O SENHOR DA RAZÃO.

Numa época onde o câmbio flutua tanto e não temos alterações de tabela nas importadoras, só podemos concluir que as margens deixadas são tão altas que comportam as mudanças de preço do Dolar. Mas muitos CONSUMIDORES CONSCIENTES parecem não ter a menor consciência disto. Ou têm interesses nisto ou gostam de serem enganados.

Vejo restaurantes propondo o BOICOTE AO VINHO NACIONAL. O mais engraçado é que os primeiros a proporem tais atitudes nunca deram espaço ao VINHO NACIONAL. Ora bolas, sempre fizeram boicote ... e agora conseguiram levar mais alguns ... fazer o que...

Viva o vinho bom e, se possível, com preço justo!!!!

Abraços a todos
José Carlos Cunha
Empresário do sector e enófilo
Florianópolis
SC
19/04/2012 Prezados Amigos do Vinho

É chegada a altura de as pessoas ligadas ao sector vinho no Brasil, homenageando a bebida que representam, se sentarem todos à mesa - com vinho claro está - para terem aquela conversa franca que se impõe dada a confusão que se pode gerar com mais um agravamento do preço e da disponibilidade do vinho no Brasil.

1. O vinho no Brasil - seja nacional ou importado - é muito caro, à escala global, sendo que aqui, os maiores interesses sérios a defender são os dos consumidores.

2. A defesa do vinho brasileiro, faz-se mais com apoios públicos para a sua exportação do que com limites à concorrência estrangeira.

3. NUNCA haverá um verdadeiro sector do vinho no Brasil se a produção não se dedicar afincadamente à exportação.

4. É uma verdade incontornável que alguns importadores estão pegando lixo importado a baixo preço, beneficiando dos excessos de stock na Europa. Todo o vinho importado deveria ter uma taxa fixa de importação, à qual acresceria a alíquota de importação o menor possível, protegendo assim o vinho de qualidade em detrimento do vinho/preço.

5.É também uma verdade incontornável que o mundo é cada vez mais global não fazendo sentido o Brasil se transformar numa "Koreia do Norte" do vinho.

6. Todos devemos aceitar que o princípio da protecção do sector nacional é bom, mas isso não pode se transformar numa ditadura aduaneira e tributária.

7. Tal como no bom vinho tudo é UMA QUESTÃO DE EQUILÍBRIO e ninguém melhor que as pessoas do sector se comportarem à altura e se entenderem para que o vinho possa no Brasil se transformar na bebida democrática e acessível que é em todo o mundo civilizado.

Cumprimentos
Julio Cesar
Sommelier
Rio de Janeiro
RJ
25/04/2012 NA PRÁTICA, QUAL O REFLEXO QUE OS SENHORES PERCEBEM HOJE EM "VERDADES E MENTIRAS" SOBRE O VINHO BRASILEIRO? A MINHA PERGUNTA É BASTANTE PERTINENTE, ACREDITO, POIS EU VENDIA EM MÉDIA MENSAL 20% A 22% DE VINHOS BRASILEIROS, E HOJE NÃO PASSAM DE 2% E APENAS CATARINENSES.

DEPOIS DE COMPRADOS PARA REVENDA, RECENTEMENTE PERCEBÍ A PERDA DE ESPAÇO. EU PARTICULARMENTE, ACREDITO QUE AGORA, ALÉM DO PRECONCEITO, A INDÚSTRIA VINÍCOLA BRASILEIRA ACABA DE ANDAR UM POUCO DE COSTAS PELO MENOS 5 ANOS POIS, EM NÚMEROS, ME PREOCUPA NO GERAL PORQUE SÃO DIVISAS E EMPREGOS PERDIDOS.

GOSTARIA DE PERGUNTAR EXPLICITAMENTE SOBRE O "TERROIR" BRASILEIRO... EM RELAÇÃO À SALVAGUARDA.

TODOS OS VINHOS BRASILEIROS SÃO ELABORADOS PELA MÃO DO TERROIR OU PELA MÃO DO ENÓLOGO? HÁ DIFERENÇA DE UM VINHO FINO DE MESA, NÃO DIGO NACIONAL MAS SIM, BRASILEIRO (PALAVRA QUE EU FALAVA COM ORGULHO PELA QUALIDADE DOS PROFISSIONAIS ENÓLOGOS QUE TANTO EVOLUIRAM JUNTO COM OS ENGENHEIROS AGRÔNOMOS) E UM VINHO FINO DE QUALQUER OUTRA PARTE DO MUNDO QUANTO AOS PARALELOS VITIVINÍCOLAS DO MERCADO GLOBAL? OS CONSUMIDORES DE VINHOS SÃO MODISTAS OU GOSTAM DE PRODUTOS? O RESULTADO FINANCEIRO VAI SER BOM PARA OS CONSUMIDORES? VAI SER BOM PARA OS EMPRESÁRIOS?
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