
A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, em seu contínuo trabalho de conquista do mercado brasileiro, organizou duas provas de vinhos, na semana passada, uma em São Paulo, outra no Rio de Janeiro. Não sei como foi na capital paulista, mas aqui nas praias cariocas, no Hotel Othon, o sucesso foi grande, refletindo-se em um salão lotado e uma multidão em volta dos estandes, o que dificultava o acesso aos vinhos.
Paralelamente à mostra, duas degustações foram organizadas: Alentejo, terra de oportunidades e Alentejo, vinhos de topo. Para fugir dos engarrafamentos do salão, em boa hora participei dessa última, comandada por Rui Falcão e Alexandre Lalas. O Rui é sempre garantia de uma interessante e informativa apresentação e os contrapontos de Lalas a tornavam ainda mais dinâmica. E assim que desfilaram pelas taças 9 dos mais importantes vinhos daquela região.
Havia um, e apenas um, vinho branco em toda a prova, mas depois dele, outros brancos para quê? O Pêra-Manca Branco 2009 é o melhor representante das terras ensolaradas do Alentejo e quanto mais eu bebo, mais gosto: complexo, frutado e com vibrante acidez.
Dos tintos, muitos destaques. Numa terra de cortes, chamava a atenção o Paulo Laureano Selectio 2009, o único varietal da mostra e que surpreendentemente era elaborado com a desconhecida Tinta Grossa. Em entrevista ao EnoEventos, há alguns anos, Paulo Laureano explicou: "Tinta Grossa é uma uva que só se encontra no Alentejo e apenas na zona da Vidigueira, mas não se sabe muito sobre a sua origem. Enologicamente mostra aromas concentrados e intensos de frutos do bosque e alguma especiaria na área das pimentas. Os taninos revelam o carácter suave e subtil do Alentejo, mas não deixam de ser bem estruturados. Outra interessante característica é a sua capacidade para manter bons níveis de acidez, mesmo no quente clima alentejano." Belíssima oportunidade de conhecer mais uma das centenas de castas portuguesas.
Dentre os demais, muitas figurinhas carimbadas. De novidade - pelo menos para mim - havia:
Marias da Malhadinha 2007: espetacular corte AAA, ou seja, muito Alicante Bouschet com um pouco de Aragonês e Alfrocheiro; frutado, com toques balsâmicos e muita maciez; caro demais, a safra 2004 custa 580 reais!;
Herdade do Peso Ícone 2007: o novo empreendimento da gigante Sogrape, no Alentejo, que criou este vinho para ser a nova referência em tintos da região; é uma tarefa árdua, é claro, mas o vinho impressiona por sua exuberância e complexidade, sua suculência e seus condimentos; e por seu preço, 398 reais;
Zambujeiro 2005: elegante exemplar, com alguma evolução e muita estrutura; caríssimo, 385 reais!
Oscar Daudt
01/10/2012 |