
A ligação da dinastia Antinori com o vinho é registrada desde 1184, quando documentos mostram que Rinuccio di Antinoro era produtor de vinhos no Castello di Combiati. Desses tempos tão longínquos até os dias de hoje, a vinícola permaneceu em mãos da família, sendo atualmente propriedade do Marquês Piero Antinori. Em 1991, em parceria com Miguel Torres, Robert Drouhin, Robert Mondavi, Dominic Symington e outros mais, o Marquês foi um dos fundadores da associação Primum Familiae Vini, destinada a preservar as tradições das vinícolas familiares do mundo.
Apesar de familiar, a Antinori é uma das maiores e mais respeitadas empresas vinícolas da Itália, com propriedades que se espalham pelas principais denominações da Toscana, com a assinatura em alguns dos mais cobiçados vinhos italianos: Guado al Tasso, Tignanello e Solaia.
Na vizinha Úmbria, seus tentáculos atingem o belíssimo Castello della Sala (foto ao lado), com a produção focada em vinhos brancos, de cujas adegas sai aquele que muitos consideram como o melhor branco italiano: o especialíssimo Cervaro della Sala, um corte de Chardonnay temperado com uma pontinha de Grechetto.
Ainda na Itália, a Antinori adquiriu a tradicional Prunotto, no Piemonte, e aventurou-se pela Puglia, onde a Tormaresca trabalha com as variedades locais - Negroamaro, Aglianico, Primitivo e Fiano - lado a lado com as clássicas uvas internacionais, como bem o Marquês gosta de fazer.
Mas seus interesses vinícolas também se encontram mundo afora, com propriedades e parcerias nos Estados Unidos, Chile, Hungria, Romênia e até mesmo na histórica Malta, ilha do Mediterrâneo que é um dos menores países europeus.
Atualmente, a sede da vinícola está localizada bem no centro de Florença, no elegante Palazzo Antinori, uma construção do século XV que fica situada na Praça... Antinori, é claro, a curta distância do imponente Duomo de Florença. No térreo está localizada a Cantinetta Antinori, um dos lugares mais charmosos da cidade para se beber um vinho. Nos andares superiores, o palacete serve como residência da família.
Mas no almoço oferecido pela importadora Winebrands, no Quadrifoglio, o diretor de exportações, Filippo Pulisci, contou-nos que até o início de 2013, a Antinori estará com endereço novo. Um impressionante projeto está em fase final de construção em Bargino, a meio caminho entre Florença e Siena. A obra é toda subterrânea e não há teto, não há paredes, não há estradas. À distância, é praticamente invisível e tudo o que se vislumbra são duas linhas horizontais em meio aos vinhedos. Vale a pena conferir, abaixo, algumas imagens da magnífica construção.
A nova sede contará com toda a infraestrutura para o recebimento de turistas, inclusive um restaurante. Com certeza, irá se tornar um magneto para os enófilos que viajarem até a Toscana.
Minha alegria foi quase completa. Acompanhando as duas belas entradas do almoço, compareceram às taças o Guado al Tasso Vermentino 2010 e o Bramito del Cervo 2010. O primeiro é elaborado na DOC Bolgheri, 100% Vermentino, com boa acidez, um baita corpo e marcante mineralidade; o segundo, 100% Chardonnay, é elaborado na Úmbria, no Castello della Sala, fresco e elegante. A alegria só não foi total porque faltou o branco-maior da Antinori, o magnífico Cervaro della Sala, mas aí também já era pedir demais...
No tintos, dois belíssimos exemplos da tradição italiana: o potente La Braccesca 2008, um Vino Nobile di Montepulciano, aromático, fresco, cujo cartão de visita é ser envelhecido em carvalho húngaro por longos 14 meses. E mais imponente ainda, o Pian delle Vigne 2006 é um Brunello di Montalcino harmônico, suculento, aveludado e longo, muito longo... Um showzaço!
Oscar Daudt
12/09/2012 |