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Portugal

Rapapés e salamaleques
A viagem a Portugal, a convite da ViniPortugal e da AICEP, e com o apoio da Camara Portuguesa de Comércio e Indústria do RJ, foi um espetáculo de grandes atenções, carinhos e deferências, harmonizados com o que de melhor a gastronomia e a enologia portuguesas têm a oferecer.

Logo na recepção, em Lisboa, tivemos um inolvidável jantar que posso classificar como um dos melhores de que participei em minha vida, seja pelos vinhos exclusivos e insólitos, seja pela requintada gastronomia e também pela excelência das companhias. Também no Porto, fomos alvo de um outro almoço memorável e requintado. Mas esses dois, de tão especiais, serão assunto de matérias específicas.

E não parou por aí apenas: em diversas outras oportunidades pudemos desfrutar da hospitalidade de nossos irmãos portugueses. Foi uma semana intensa, frenética, cansativa para o corpo, mas um bálsamo para os sentidos e para a mente, que será sempre guardada nos mais agradáveis escaninhos de minhas lembranças.

Salvaguardas, salvaguardas e salvaguardas
Mas na primeira visita a uma vinícola, logo no primeiro dia, os portugueses deixaram claro qual seria o motivo da viagem. Fomos dirigidos a uma sala de reuniões, para, em mesa redonda, os anfitriões fazerem a exposição de seus temores em relação às salvaguardas para o vinho brasileiro. Estava presente, inclusive, Ana Isabel Alves, da Associação dos Comerciantes e Industriais de Bebidas Espirituosas e Vinhos, que é uma das coordenadoras da reação portuguesa às medidas de proteção ao vinho brasileiro e que participou da audiência pública realizada em Brasília, no mês passado.

Foi-nos transmitido o recado de que Portugal pretende lutar até o fim contra as medidas propostas, inclusive chegando a uma representação junto à OMC, se necessário.

É fácil entender o temor de nossos parceiros comerciais, visto que, para a maioria das empresas vitivinícolas lusitanas, o mercado brasileiro é um importantíssimo destino e, para muitas delas, o principal cliente. Para uma economia em crise, com o consumo interno e as exportações em queda, a perda de nosso mercado seria uma verdadeira catástrofe.

Mas é o temor do desconhecido. Como não sabem o que vai acontecer - e, na opinião dos jornalistas brasileiros presentes, o mais provável é que não aconteça nada - são imaginados os mais tenebrosos cenários.

Situação insustentável
Quando o presidente da ViniPortugal, Jorge Monteiro, comentou que ficaria satisfeito se tudo continuasse como está, sem adoção de salvaguardas, eu ponderei que o que de pior poderia acontecer seria a manutenção da situação atual. O mercado brasileiro apresenta muitas deformações, principalmente no preço dos vinhos, que impedem o desenvolvimento do setor.

Muitos foram os produtores que chamaram a atenção para nosso baixíssimo consumo de vinhos e indicavam o grande potencial de crescimento decorrente disso como a solução de todos os males. Bastaria aumentar o consumo, em poucos litros per capita que fossem, e todos - brasileiros e estrangeiros - ficariam satisfeitos. Para mim, foi uma enorme surpresa, por exemplo, saber que Angola, um país que apenas recentemente alcançou a normalidade política e social, apresenta um consumo de vinhos de 16 litros per capita, enquanto há muitos anos o consumo brasileiro patina em míseros 2 litros. Há algo de podre no Reino da Dinamarca!

E eu fazia questão, em cada oportunidade, de salientar que, enquanto continuarem os preços por aqui praticados - tanto pelos vinhos importados, quanto pelos nacionais - não existe a menor chance de que esse consumo pífio possa crescer. Os portugueses culpam os impostos por essa distorção, mas ignoram que isso é apenas um dos fatores que levam aos altos preços e que não consegue explicar minimamente a absurda situação. Há a ganância que se espalha por toda a cadeia - importadores, lojas, restaurantes, vinícolas - que prefere ganhar muito vendendo pouco. Seguindo dessa forma, insensíveis ao baixo consumo, daqui a 10, 20 anos continuaremos com os mesmos 2 litros per capita, alardeando sempre um enorme potencial de crescimento. Seremos o eterno país do futuro!

A última que morre
Em minha opinião, esse episódio das salvaguardas terminará de forma positiva, com os dois lados aprendendo suas devidas lições. Os produtores nacionais vão se aperceber de que não podem contar impunemente com o apoio do governo para conquistar o mercado. E deverão procurar na união a solução de seus mais prementes problemas.

Mas os importadores, que hoje em dia circulam com tão grande desenvoltura, reservando mercados para seus vinhos em detrimento da produção nacional, aprenderão que, se esticarem muito, a corda pode arrebentar.

Tenho esperança de que tudo irá terminar de forma bastante positiva!

Oscar Daudt
24/07/2012
Bacalhôa
A Bacalhôa foi a tal da visita dedicada a discutir as salvaguardas. Depois da reunião, fizemos um rápido passeio pela bela Quinta da Bacalhôa e... pronto! Pela primeira vez em toda a minha vida de enófilo estive em uma vinícola sem que me tenha sido oferecido um só gole de vinho!

Como era a primeira visita da viagem, ficou-nos o temor de que as demais também pudessem ser essa espécie de Lei Seca. Felizmente, para nossa alegria, não foram e a partir da Bacalhôa todas as demais etapas foram sempre com extrema cortesia, atenções... e vinhos.
A Quinta da Bacalhôa
José Maria da Fonseca
Fundada no longínquo ano de 1834, a José Maria da Fonseca, que leva o nome de seu fundador, é uma empresa familiar com grande tradição de inovação: foi a primeira vinícola portuguesa a engarrafar seus vinhos. O vinho Periquita, criado em 1850, é o mais emblemático da empresa e certamente uma das marcas mais conhecidas e comercializadas no Brasil.

Fomos recebidos para um requintado almoço nas caves da empresa, com a presença do enólogo Domingos Soares Franco, de António Soares Franco, presidente, e de seu filho António Maria, vice-presidente. António contou-nos de sua preocupação com o desenrolar dos acontecimentos no mercado brasileiro, relatando uma experiência que já havia ocorrido no século passado. Nos anos 1930, a companhia tinha uma enorme dependência do Brasil, principal destino de seus vinhos quando, em função da crise econômica mundial, Getúlio Vargas praticamente decretou o fim das importações, o que se mostrou um desastre para a empresa. A duras penas, a JMF conseguiu se reerguer, mas teme que a história se repita, o que revela mais uma vez o temor do desconhecido.

Ao final, os convidados foram brindados com o presente de uma garrafa de Periquita Reserva 2009.
A fachada A "frasqueira": mais de 80 safras históricas guardadas a sete chaves Os Soares Franco: Domingos, António e António Maria
Periquita Rosé 2011 Hexagon 2007 Alambre Moscatel de Setúbal 20 Years
Cooperativa Agrícola Santo Isidro de Pegões
Visitar a Cooperativa Agrícola Santo Isidro de Pegões é quase como voltar a um passado que Portugal certamente gostaria de esquecer. Explico: a cooperativa tem suas origens no maior projeto de colonização interna do governo Salazar, objeto de grande propaganda do ditador. Foram construídas centenas de casas, providenciada a infraestrutura urbana e doadas terras para a plantação de vinhas. Em 1958, foi fundada a cooperativa, com forte incentivo estatal, para a produção dos primeiros vinhos.

E nas paredes da vinícola, o que se vê é essa história contada em fotos esterilizadas de camponeses bem vestidos, colegiais uniformizados, garotos marchando ao estilo militar. Uma apologia que se esqueceu de descer das paredes.

Mas em termos vinícolas, a cooperativa é administrada pelo respeitado enólogo Jaime Quendera, que nos apresentou o novo espumante da casa, Santo Isidro de Pegões Bruto, elaborado com leveduras encapsuladas, que o enólogo não cansou de elogiar. Nem todos os seus pares, no entanto, compartilham de sua opinião, conforme pude conferir depois. Bastante agradável foi o Adega de Pegões Touriga Nacional 2010, com seus toques florais e de frutas maduras.

No Brasil, os vinhos da cooperativa estão distribuídos por três importadoras: Hortifruti, Hannover e Vila de Arouca.
Espumante Santo Isidro de Pegões Bruto Adega de Pegões Colheita Selecionada Adega de Pegões Touriga Nacional 2010
Casa Ermelinda Freitas
Saímos da Cooperativa de Pegões, em direção à Ermelinda de Freitas, acompanhados pelo enólogo Jaime Quendera, que trocou o chapéu para ser também o enólogo da casa de Palmela. A Casa Ermelinda de Freitas tem a inédita característica de ser comandada há 4 gerações por mulheres. A atual proprietária, Leonor, já prepara sua filha, Joana, para a sucessão. Foi ela quem nos recebeu em nossa visita.

A linha de vinhos é de tirar o fôlego e mais parece uma enciclopédia de castas: há varietais de Sauvignon Blanc, Touriga Franca, Touriga Nacional, Merlot, Aragonês, Trincadeira, Cabernet Sauvignon, Alicante Bouschet e Syrah! E isso é apenas uma das incontáveis linhas da casa. Há mais espumantes, moscatéis de Setubal e muitos outros rótulos (Leo d'Honor, Quinta da Mimosa, Dona Ermelinda, Terras do Pó e por aí vai). Difícil imaginar como tudo isso é elaborado e comercializado.

A Casa despontou para a fama quando, em 2008, seu vinho Syrah 2005 foi aclamado, em prova às cegas, como o melhor tinto do mundo no concurso Vinalies Internationales, em Paris, concorrendo com mais de 3.000 amostras de 36 países. Foi o doce sabor do sucesso! E o empreendedorismo de Leonor não pára: em menos de uma década, ela já inaugurou 3 novas unidades de produção.

Não perguntei e nem consegui descobrir quem importa seus vinhos para o Brasil.
Joana de Freitas, da 5ª geração de mulheres a comandar a casa O respeitado Jaime Quendera é o enólogo Espumante Reserva
Dona Ermelinda DO Palmela 2011 Touriga Franca 2009 Moscatel de Setúbal
Fundação Eugénio de Almeida
Eu ainda não conhecia a mítica Adega da Cartuxa e visitá-la despertou-me uma emoção quase reverencial. Localizada nos arredores da bela cidade de Évora, na Quinta de Valbom, é um prédio do século XVI, da Companhia de Jesus, que já contava com um lagar de vinhos em 1776. Até 2006, o histórico prédio servia como centro de vinificação da FEA - Fundação Eugénio de Almeida, mas a partir desse ano a planta industrial foi transferida para a unidade de Monte de Pinheiros e a antiga Casa de Repouso dos jesuítas foi adaptada para ser um centro de enoturismo. E que belo centro!

É por lá que funcionam uma sala de degustações, uma loja, uma sala para áudio-visuais e, principalmente, onde são estagiados em barricas de carvalho os vinhos mais importantes da FEA, ao som de cantos gregorianos. É de arrepiar!

Fomos recebidos pelo enólogo Pedro Batista, que comandou uma degustação de vinhos e de azeites, que culminou com a apresentação do novo espumante da casa, o delicado Cartuxa Rosé Bruto 2010. Pedro ainda nos levou a conhecer a nova unidade industrial e, como se não bastasse, ao final fomos presenteados com nada menos do que uma garrafa de Pêra-Manca Tinto 2007! Ficamos todos rindo à toa.

No Brasil, os vinhos da FEA são importados pela Adega Alentejana.
A mítica Adega da Cartuxa O enólogo Pedro Batista Nas caves da Cartuxa, os vinhos repousam ao som de cantos gregorianos
Os vinhos são elaborados na unidade de Monte de Pinheiros Cartuxa Espumante Rosé Bruto 2010 Cartuxa Branco Colheita 2009
Cartuxa EA Cartuxa Tinto Colheita 2009 Degustação de azeites
Herdade do Esporão
Na Herdade do Esporão, localizada em Reguengos de Monsaraz, no Alentejo, fomos recebidos para um almoço no restaurante da vinícola. A cozinha, comandada pelo jovem chef Miguel Vaz é excepcional e o sucesso se reflete no surpreendente movimento que testemunhamos por lá em plena terça-feira. E não só as mesas estavam lotadas, como também chamava a atenção o incessante vai-e-vem na loja, onde o sotaque oficial parecia ser o brasileiro.

Mas confesso que foi uma grande surpresa saber que a Herdade, que elabora alguns dos mais prestigiados rótulos portugueses que chegam a nosso mercado, é também uma das maiores vinícolas de Portugal, com uma produção anual de 15 milhões de garrafas. Aliás, surpresa também foi saber que a pequena Reguengos de Monsaraz produz nada menos do que 14% dos vinhos engarrafados naquela país. Também pudera, pois além do Esporão, o município conta com outras importantes vinícolas, tais como a CARMIN (Cooperativa Agrícola Reguengos de Monsaraz), a José de Souza e a Adega da Ervideira.

O enólogo Luiz Patrão comandou o almoço-degustação, durante o qual nos foram apresentados não apenas os rótulos da Herdade, como também alguns da Quinta dos Murças, propriedade localizada em Covelinhas, no Douro, adquirida pelo grupo Esporão em 2008.
Luiz Patrão, o enólogo Espumante Bruto 2010 Vinha da Defesa Rosé 2011
Reserva Branco 2011 Quinta dos Murças Reserva 2008 Quinta dos Murças Porto Old Tawny 10 Years
Maria Amélia Vaz da Silva, da CVR Alentejana Um inesquecível bacalhau Miguel Vaz, o chef da cozinha da Herdade
Adega de Borba
Numa tarde escaldante, com a temperatura atingindo 44ºC no Alentejo, sem que corresse uma só brisa, fomos visitar a poderosa Adega Cooperativa de Borba, fundada em 1955 e que hoje reúne cerca de 300 produtores. Recebidos pelo enólogo - meu xará - Óscar Gato, visitamos as instalações da vinícola, que se encontram em meio a um ambicioso projeto de expansão, para melhor administrar a produção que atualmente atinge cerca de 13 milhões de garrafas por ano.

Felizmente, a sala de degustações tinha um bom ar condicionado e pudemos provar os vinhos com grande conforto. E acompanhados com um delicioso queijo cremoso. Claro que, naquele calor, foi muito bem recebido um Adega de Borba Branco 2011, um refrescante corte de Roupeiro, Antão Vaz e Arinto; melhor ainda, um Montes Claros Reserva Branco 2011, corte de Roupeiro, Antão Vaz, Arinto e Verdelho, com passagem em madeira, que fornece certa complexidade sem perder o frescor e a fruta.

Quando chegaram os tintos, o ar já havia cumprido seu papel e, plenamente refeitos pudemos desfrutar de um delicioso Adega de Borba Reserva 2008, com seu famoso rótulo de cortiça, o mais emblemático dos vinhos da casa. Harmonioso corte de Aragonez, Trincadeira, Castelão e Alicante Bouschet, é bastante macio e marcante, como se engarrafasse o sol do Alentejo. E foi com esse exato vinho que, para felicidade geral, fomos presenteados à saída.

No Brasil, esses vinhos são importados pela Adega Alentejana.
Óscar Gato, o enólogo, e o famoso rótulo de cortiça A marca Galitos é o cavalo de batalha da Cooperativa Uma especialíssima degustação
Paulo Laureano
Ao longo de toda a viagem, os compromissos agendados preenchiam o dia, desde a primeira hora, até tarde da noite, sem nenhum espaço para descanso ou turismo. No Alentejo, não foi diferente e, após visitarmos 3 vinícolas, fomos jantar, a convite de Paulo Laureano, no excelente restaurante BL Lounge, um típico alentejano revisitado por um casal jovem e entusiasmado.

Quando o jantar acabou, já era muito tarde e alguns dos convidados, que não conheciam a bela Évora, tinham perdido a oportunidade de visitar a cidade. Apiedado da situação, Paulo, gentilmente, levou-nos por um passeio a pé pelos principais pontos da cidade, incluindo o Templo de Diana e a Praça do Giraldo. Fomos dormir exaustos, mas felizes...

No Brasil, os vinhos de Paulo Laureano são importados pela Adega Alentejana.
Paulo Laureano Reserve Tinto 2009 Passeio noturno por Évora
Casa Ferreirinha
A Casa Ferreirinha tem origem em um dos mais importantes símbolos do empreendedorismo português: Dona Antonia Ferreira, mulher de fibra e decisão que levou sua empresa a níveis de crescimento inimagináveis, tornando-se a mulher mais rica de Portugal, em seu tempo, sem nunca esquecer suas responsabilidades sociais. Valores que, é bom dizer, até hoje invejamos.

Atualmente a histórica casa faz parte do gigantesco grupo SOGRAPE, mas continua apostando na excelência de suas marcas, dentre elas o símbolo-mor da vinicultura lusitana: o mítico Barca Velha, sonho de consumo de 10 entre 10 enófilos.

Visitamos as centenárias e preciosas caves em Vila Nova de Gaia, com direito a uma especialíssima degustação de 7 rótulos da empresa. Do janelão da sala de provas descortinava-se uma vista indescritível da cidade do Porto, o que por vezes até desviava a atenção da qualidade dos vinhos. Foi uma belíssima tarde que contou com a presença simpática de George Sandeman, da família que foi proprietária da famosa marca igual a seu sobrenome e que hoje é membro do conselho diretor da SOGRAPE.

No Brasil, os vinhos do grupo são importados pela Zahil. Aliás, vale a pena avisar ao topo da pirâmide que, em agosto, a importadora anuncia o lançamento da tão esperada edição 2004 do ícone Barca Velha.
A histórica adega em Vila Nova de Gaia A casa comemorou os 200 anos de D. Antonia Um marco pombalino da primeira demarcação de uma região vinícola no mundo
Antiga propaganda Um rabelo em exposição Preciosidades na adega da casa
Da sala de provas, uma estonteante vista do Porto Garrafas históricas Uma inesquecível degustação
Adriano Ramos Pinto
A Adriano Ramos Pinto é uma das casas de Vinho do Porto com as mais estreitas relações com o Brasil. Desde sua fundação, em 1880, foi a principal fornecedora de vinhos para nosso país e, em especial, para o Rio de Janeiro. Como forma de agradecer a esse importante mercado, a casa doou ao Rio, em 1906, a belíssima Fonte Adriano Ramos Pinto, originalmente instalada no bairro da Glória e atualmente localizada à entrada do Túnel Novo, em frente ao Rio Sul. Com peças publicitárias sensuais, muito à frente dos costumes da época, a casa apostava na polêmica para a promoção de seus vinhos.

Atualmente, a casa pertence ao grupo francês Louis Roederer, incluindo seus vinhos em uma carteira sofisticada que conta também com os champagnes Deutz, os Domaines Ott, na Provence, o Château de Pez, em Bordeaux e muitas outras casas de requinte.

No Douro, a Ramos Pinto mantem uma casa de hóspedes, na Quinta do Bom Retiro, em meio aos vinhedos e com direito a uma espetacular vista do rio. E foi lá que nos hospedamos, recebidos com uma especial degustação de vinhos do Porto e um jantar charmoso na varanda da quinta. Um golaço!

Como se não bastassem as mordomias, ainda fomos presenteados com um livro que conta a história da fonte e ainda uma garrafa de RP 20 Quinta do Bom Retiro Porto Tawny. Obrigado!
A Quinta do Bom Retiro Jorge Rosas, enólogo da Quinta Ramos Pinto Porto Vintage 1995
Quinta do Bom Retiro Porto Tawny RP 20 Quinta do Bom Retiro Porto Tawny RP 30 Manuel de Novaes Cabral, presidente do IVDP
Augusto, o sommelier português que assume em breve o posto na loja Sineriz, de Rivera, para atender os brasileiros Sofia Salvador, da ViniPortugal Paulo Russel-Pinto, do IVDP
Real Companhia Velha
É impressionante saber que a Real Companhia Velha foi fundada em 1756, com o Alvará do rei D. José I. A história da companhia se confunde com a própria história dos Vinhos do Porto, tendo sido a responsável pela demarcação da região com seus marcos pombalinos.

Fizemos uma visita à Quinta das Carvalhas, a maior área da região do Douro que se estende pelos dois lados do rio. Cuidada com excessos de carinho pelo agrônomo Álvaro Lopes, é um vinhedo belíssimo, com muitos jardins a enfeitá-lo. E foi em meio a muitas flores e uma fonte, no alto do morro, que degustamos o vinho Evel Branco Douro 2011 sob um sol implacável e nos extasiamos com a inigualável paisagem. Foi um momento especial da viagem!

Aqui no Brasil, os vinhos da RCV são importados pela Barrinhas.
A Quinta das Carvalhas Degustação no alto do morro Álvaro Lopes, o entusiasmado agrônomo da Quinta das Carvalhas
Ao alto, a Casa Redonda, também conhecida como Casa de James Bond Series Rufete 2010 Royal Oporto Tawny 20 Years
CVR Vinhos Verdes
Os vinhos do almoço Manuel Augusto Dias Pinheiro, presidente da CVRVV, Aurélio Carvalho, da Comissão Executiva da CVRVV, e Óscar Meireles, da Quinta da Lixa Ana Coutinho e Edite Campos, enóloga e gerente de exportações da Adega Cooperativa de Ponte de Lima
A bela sede da Comissão é um palacete que pertenceu a um milionário brasileiro Da CVRVV, descortina-se uma deslumbrante vista de Vila Nova de Gaia A degustação do "Top 30 Vinhos Verdes"
PROVAM
Localizada no coração da sub-região de Monção e Melgaço, na região dos Vinhos Verdes, a PROVAM desfruta de uma bela vista da Espanha, logo ali do outro lado do rio Minho. A empresa é uma sociedade de 10 produtores que, em 1992, decidiram unir seus esforços para montar uma estrutura que lhes permitisse elaborar vinhos de melhor qualidade. E a empreitada deu certo e hoje elabora 500.000 garrafas ao ano, exclusivamente das castas Alvarinho e Trajadura.

Fomos recebidos pela simpatia do enólogo José Domingues, que nos proporcionou uma das melhores degustações da viagem: uma vertical de 6 safras de Portal do Fidalgo Alvarinho, 3 safras de Vinha Antiga Alvarinho (com estágio em barrica) e 3 safras do espumante Côto de Mamoelas. Côto de quê? Que nome mais inapropriado para um espumante que deseja passar a imagem de alegria e sofisticação. O próprio enólogo demonstrava ter vergonha e parecia falar para dentro quando o pronunciava.

Mas o vinho em si era uma delícia e a safra 2007, a primeira da vertical, evoluída e elegante, com aromas de leveduras fez logo a minha cabeça. Assim como também a evoluída safra 2003 do Portal de Fidalgo era um espetáculo.

Aqui no Brasil, seus vinhos são importados pela Casa Flora e vendidos pela página winestore.com.br.
José Domingues, enólogo Vertical de Portal do Fidalgo: 2003, 2005, 2007, 2009 e 2010 Vertical de Vinha Grande: 2007, 2009 e 2010
Vertical do espumante Côto de Mamuelas: 2007, 2008 e 2009 Espumante Castas de Monção 2009 Todos os vinhos da inesquecível degustação
Quinta de Gomariz
De história bastante recente, a Quinta de Gomariz engarrafou seu primeiro vinho apenas em 2005. Localizada na região dos Vinhos Verdes, sub-região de Ave, a vinícola possui 17ha de vinhedos. Partindo de uma política de experimentação intensa, são mais de 30 as variedades plantadas, porém as castas mais importantes e atualmente em produção são a Alvarinho, Loureiro, Avesso, Trajadura e Azal, nos brancos, e Padeiro, Espadeiro e Vinhão, para os rosés e os tintos.

Em uma degustação realizada nos jardins, pudemos experimentar vários exemplares da linha de brancos, em que posso destacar o Alvarinho Colheita Selecionada que, em função das estritas normas do Conselho Regulador, não pode se chamar Vinho Verde: Alvarinho apenas na sub-região de Monção e Melgaço. Fora dali, o vinho amarga uma desclassificação para Vinho Regional Minho.

Dois rosés foram experimentados, uma elaborado com a casta Padeiro e outro com a Espadeiro, ambos vinhos simples e fáceis. Agora, difícil mesmo é enfrentar os Vinhos Verdes Tintos: rústicos, com taninos agressivos, com cor concentrada que mais lembra caneta-tinteiro. E o Vinhão que nos foi dado à prova não fugia desse padrão. Só mesmo os minhotos para gostar deles!

No Brasil, esses vinhos são importados pela Decanter.
O enólogo António Sousa A casta Espadeiro adapta-se melhor à condução em ramada Loureiro Colheita Selecionada
Alvarinho Colheita Selecionada Espadeiro Colheita Selecionada Rosé Reserva Branco 2007
Aveleda
A bela Quinta da Aveleda é a vinícola mais importante da região dos Vinhos Verdes. Localizada na sub-região de Sousa, em Penafiel, tem uma produção anual de 14 milhões de garrafas, sendo que dessas, apenas a marca Casal Garcia é produzida numa quantidade de 8 milhões! Foi interessante saber que o significado dessa marca líder não é exatamente um homem e uma mulher chamados Garcia, conforme eu pensava, mas sim uma sucessão de casas na localidade da Garcia. Vivendo e aprendendo!

Outra surpresa - e desta vez das boas - foi saber que a enologia da casa conta com a consultoria de Denis Dubourdieu, um dos enólogos mais respeitados do mundo e considerado como o "mago dos vinhos brancos" e que dá os seus "pitacos" em todos os vinhos da casa, até mesmo no adocicado Casal Garcia Branco, figurinha carimbada nas prateleiras de todos os supermercados brasileiros.

Após uma degustação na invejável sala de provas, foi-nos oferecido um estival almoço na varanda da casa, com direito a uma privilegiada vista para os vinhedos. E ainda encontramos tempo para passear - meio às pressas - nos belíssimos jardins da Quinta. É um programa imperdível, mas que deve ser aproveitado com bem mais tempo do que aquele que pudemos dedicar.

No Brasil, os vinhos da Aveleda são importados pela Interfood e vendidos pela página da Todovino. Mas não se entusiasmem muito pois, como uma fábula a demonstrar o absurdo dos preços brasileiros, enquanto o Casal Garcia Branco custa menos de 3 euros (R$7,50) em Portugal, a Todovino o vende a inacreditáveis R$34,90, quase 5 vezes mais. É um bom exemplo para demonstrar aos portugueses porque as coisas não podem e não devem continuar como estão... Não há imposto que explique esse desatino!
Casal Garcia Branco Quinta da Aveleda 2011 Follies Alvarinho 2011
Casal Garcia Rosé Casal Garcia Sparkling White Meio Seco Um excelente almoço na varanda da Quinta
O jantar de despedida
O belo restaurante Shis fica localizado na foz do Douro, de frente para o mar
O jantar contou com a presença do presidente da ViniPortugal, Jorge Monteiro (à direita) Quinta do Barco Loureiro 2011
Ázeo Branco Douro 2010 Nostalgia Alvarinho IVDP Porto 20 Anos
Os viajantes
Aline Gomes, da Documennta Daniel Al Assal, do Valor Econômico Joaquim Mendonça Moreira, da AICEP, acompanhou-nos por toda a viagem
Oscar Daudt, do EnoEventos
(foto de Paulo Russel-Pinto)
Reinaldo Paes Barreto, do Jornal do Brasil Sergio Lirio, da Carta Capital
Comentários
Reinaldo Paes Barreto
Enófilo
Rio de Janeiro
RJ
24/07/2012 Oscar, graças a Deus você não é candidato à Redação do JB! (Se fosse, eu estaria na porta de um(a) headhunter pedindo emprego). Um repórter completo!

Tudo nessa matéria: fotos, texto e comentários, retratam com precisão e talento organoléptico esse extraordinário périplo (epa!) que fizemos, cruzando o Portugal vinícola do Tejo ao Atlântico. Parabéns: texto enxuto como um Antão Vaz -- e generoso como um vintage da Ramos Pinto.

Bem haja!

Meu caro companheiro de viagem, muito obrigado! E a matéria fica para a gente poder sempre lembrar a semana espetacular e divertida que passamos em Portugal. Que venha a próxima!
Anselmo Federico
Engenheiro-enófilo
Rio de Janeiro
RJ
24/07/2012 A precisão e o talento de sempre. Bom retorno e nos veremos em breve.

Precisamos nos encontrar. Voltei com muitos vinhos de lá e não tenho mais onde guardá-los. É preciso dar uma baixa no meu estoque! Abraços, Oscar
Aline Gomes
Documennta Comunicação
Rio de Janeiro
RJ
24/07/2012 Oscar, ou como diriam nossos queridos portugueses, Óscar,

Como sempre você ganha todos os prêmios de cobertura de eventos. Um show seu relato de cada parada nossa. Adorei. As fotos também incríveis.

A engenharia que me desculpe, mas você tem sangue de jornalista. Foi ótimo viajar com vc.

Bjs, Aline

Eu também gostei demais. Tivemos uma excelente integração! Até a próxima! Oscar
Rafael Moita
Representante
João Pessoa
PB
24/07/2012 Parabéns por aquilo tudo que aqui foi descrito, muito bom, vou divulgar.

Saudações
Rafael Moita

Obrigado, Rafael. Um abraço, Oscar
Carla Salomão
AZAVINI - azeites e vinhos
Rio de Janeiro
RJ
24/07/2012 Grandes emoções sempre nos trazem os comeres e beberes em Portugal, muito bem retratados aqui, Oscar. Bela viagem!

Represento a Adega de Pegões no Brasil e acrescento que, além dos 3 importadores que voce citou, temos outros 3: Supernosso (MG), Casa Malbec (NE) e Tio Sam (BA). Com eles, trazemos a linha quase completa dos vinhos da Pegões - faltam apenas os espumantes.

Tim-tim!!

Carla, obrigado pelas informações. O Jaime é uma figura admirável e um profissional de primeira! Abraços, Oscar.
Manuel Cabral
IVDP
Porto
Portugal
25/07/2012 Mas que boa e tão circunstanciada reportagem, meu caro Oscar! Obrigado pelo seu relato e presença entre nós.

Aceite um abraço muito cordial.

Prezado Manuel, aproveito mais uma vez para agradecer a calorosa recepção de que fomos alvo, não só por parte do IVDP, como de todas as demais comissões e produtores. Um abraço, Oscar
Fernando Dias Lima
Enófilo amador, mas esforçado!
Rio de Janeiro
RJ
25/07/2012 Caro Oscar,

Parabéns pela excelente matéria. Sou grande fã e consumidor dos vinhos portugueses e suas observações me motivaram a tecer os comentários a seguir, pois compartilho da mesma indignação quanto aos preços praticados por aqui.

Que a tributação no Brasil é altíssima, não há discussão. Agora, concordo plenamente com você que a distorção que encontramos aqui não deve ser atribuída somente a este fator. Estive em Portugal no ano passado (07/2011), passei mais de 20 dias e explorei bem o Alentejo, o Douro e o Minho. Trouxemos 17 vinhos na mala, todos custaram em média 4x menos que o preço aqui praticado (alguns chegando até a 5x menos). Será que somente a tributação excessiva é a grande vilã?

Vou descrever um exemplo que para mim foi emblemático, provando que há alguma coisa errada por aqui: na época, comprei o Pêra-Manca branco 2008 na vinícola (FEA) por 20 euros. Nas lojas de vinho (garrafeiras, como chamam nossos amigos portugueses), o mesmo vinho custava cerca de 25 euros; e em um jantar em Évora, durante a mesma viagem, pagamos em um restaurante bom, turístico, 28 euros por este mesmo vinho.

Por que no Brasil a variação de preço entre o produtor, loja e restaurante não segue os mesmos percentuais? Lá também todos visam o lucro, então qual o segredo?
Abraços.

Fernando, muito obrigado pela colaboração. Assim como você, eu também, quando viajo, volto cheio de vinhos. E todos os apreciadores que conheço, fazem o mesmo. E isso é um grande sintoma de como nossos preços estão fora de órbita. Como seria bom o dia em que pudéssemos voltar de viagem sem carregar caixas e caixas de vinho... Abraços, Oscar.
Joaquim Mendonça Moreira
AICEP
Lisboa
Portugal
26/07/2012 Caro Oscar.

Que cobertura completa e tão bem documentada fotograficamente. Nem consigo imaginar como seria se tivesse feito todas as perguntas que desejava...

Grande abraço.

Prezado Joaquim, ainda bem que lá estava você para segurar minha incontrolável sanha perguntativa.

A viagem foi o máximo e grande parte dos créditos vão para você e sua infinita paciência. Um abraço, Oscar
Vitor Mendes
Quinta de Gomariz - Export Manager
Santo Tirso
Portugal
27/07/2012 Caro Oscar!

Magnífica reportagem, e um resumo fiel do panorama vinícola português. Foi um prazer te-lo connosco, e apenas fiquei frustrado por não o tornar fã do Vinhão... :-) Claro que estou apenas brincando!

A verdadeira potencialidade da região é mesmo a capacidade de produzir belíssimos brancos, e também é por aí o nosso caminho na Quinta de Gomariz.

Obrigado uma vez mais, e espero vê-lo em breve, em qualquer dos lados do Atlântico.

Abraço forte!
Vítor

Grande abraço, Vitor, e muito obrigado pela carinhosa recepção na Quinta de Gomariz. Oscar
Maria Amélia Vaz da Silva
Marketing Assistant na CVR Alentejana
Évora
Portugal
27/07/2012 Oscar, foi muito bom revê-lo! E a reportagem é super completa como sempre.

Obrigado pela visita e pelas perguntas sempre a tempo!

Bjs,
Maria Amélia

Querida Maria Amélia, foi muito especial nossa visita a esse Alentejo escaldante e de vinhos tão maravilhosos. Aguardo você aqui em setembro, para retribuir as gentilezas. Beijo, Oscar
Bruno Almeida
CVRVV
Braga
Portugal
28/07/2012 Caro Oscar,

Que grande prazer tive em acompanhar este bem disposto e simpático grupo na verdejante região dos Vinhos Verdes. Percebi que apreciou muito a prova vertical de Alvarinhos na Provam. Confesso que esta casta também não deixa de me surpreender! Que vinhos!

Voltaremos com toda a certeza a cruzar-nos um dia destes com um copo de Verde na mão!

É isso aí, Bruno! Muito obrigado pela acolhida aí no Minho. Abraços, Oscar
José Domingues
Enólogo
Monção
Portugal
07/08/2012 Antes de mais obrigado pela visita.

Tive um enorme prazer e privilégio em o conhecer e partilhar os momentos de degustação. Muito bom ambiente mas muito profissionalismo. Fico contente por ter apreciado a vertical dos Alvarinhos Portal do Fidalgo, onde temos que que incluir a safra 2011 apresentada e harmonizada no jantar assim como o Varanda do Conde 2011 (corte de Alvarinho com Trajadura). Este com um outro perfil mas que espero que tenha apreciado. Este já está rondando no mercado brasileiro.

Fica desde cá um forte abraço, um muito obrigado e o desejo de até breve.

Sempre ou dispor,
José Domingues

Caro José, obrigado pela especialíssima degustação e também pelo passeio noturno pela bela Monção! Abraços, Oscar
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]