
O badalado restaurante Zuka fica localizado onde? Claro que na Dias Ferreira, no Leblon, rua que parece concentrar a metade das opções cariocas para se comer bem e encontrar filas nas portas. Há algumas semanas completou a marca não tão comum de 10 anos de idade. Numa cidade em que a maioria das casas abrem e fecham em menos de um ano, já é um feito para comemorar.
E a televisiva Ludmilla Soeiro, estrela maior do Super Chef de Ana Maria Braga, está por lá desde o comecinho e já tem até uma plaquinha de patrimônio colada na testa. Ludmilla começou como cozinheira, auxiliando Felipe Bronze, mas com a saída deste, em menos de um ano assumiu o cargo maior. Desde então comanda a enorme grelha que se exibe em frente ao balcão, muito embora, atualmente, com um barrigão de 8 meses, mal consiga alcançar as picanhas e os bacalhaus que douram por lá. No entanto, ainda teve agilidade para reformar o cardápio da casa antes de sair de licença-maternidade.
Ludmilla gentilmente me convidou para conhecer suas novas criações, numa noite cheia de alegrias gastronômicas.
Hoje em dia, é bem difícil traçar o limite entre o que é restaurante daquilo que se chama de gastrobar. Mas o Zuka, tenho certeza, é um restaurante com jeitão de gastrobar. Ou vice-versa... Os pratos são de cozinha metropolitana, modernosos, bem transados e feitos para serem compartilhados.
O couvert continua o mesmo, pois é tão delicioso e criativo que os clientes fariam uma revolução se ele fosse trocado: um shot de Caldo de vitelo ao Jerez e Patê de aves com aroeira e flor de sal, chutney de manga e torradas de pão árabe, a R$15 por pessoa. Imperdível! E é interessante notar que o Zuka está tentanto resgatar o que é nosso e chama de aroeira aquilo que os outros restaurantes, influenciados pelos franceses, chamam erroneamente de pimenta-rosa. A aroeira é nossa e ninguém tasca...
Também delicioso, é o Tempura de camarões na cerveja preta com uvas verdes e cebola roxa (R$36). Mas cuidado, pois são 3 camarões gigantes e o número ímpar parece sacanagem com os casais, que têm de disputar a tapas e beijos quem fica com o terceiro. Porém os ânimos se acalmam quando chega o Tourchon de foie gras com compota de figo ao Porto (R$58), servido com mini-tapiocas. Minha acompanhante e eu dividimos irmãmente: eu fiquei com o foie gras, ela ficou com a compota...
O Bife de chorizo, chantilly trufado com aroeira e batatas rústicas ao alecrim (R$72) era excelente, mas o chantilly, mesmo trufado, não foi a companhia ideal para a carne: seu caráter adocicado, mesmo sem ter açúcar, não combinou. No entanto, a alegria retorna com o espetacular Tagliatelle de cordeiro (R$81), nem tão tagliato assim, que foi batizado em homenagem ao personagem do próximo parágrafo.
A carta de vinhos do Zuka também foi alvo de mudanças. Elaborada por Paulo Nicolay, tem a mesma impressão digital de suas outras cartas: concisa, focada, mas com opções variadas.
Entretanto, a grande novidade em termos de vinhos são os flights, assim mesmo em inglês. Por cerca de 30 dias, a casa oferece vinhos que não são normalmente conhecidos pelos consumidores, em um pacote de 2 taças, a preços promocionais. É uma excelente oportunidade para que frequentadores possam experimentar opções, digamos, exóticas que normalmente seriam ignoradas na carta de vinhos. Mês passado, foram vinhos eslovenos e a aceitação foi tão boa que um deles já entrou para a carta.
Atualmente, a promoção apresenta 2 vinhos libaneses da vinícola Massaya, ao preço de 35 reais as 2 taças. São dois cortes ao estilo do Rhône, com Cinsault, Syrah e Mourvèdre. É uma oportunidade interessante para se conhecer esses rótulos tão pouco vezeiros em nossas taças.
Oscar Daudt
30/08/2012 |